Dinheiro
Consumidores sentem impacto do aumento de preços dos produtos nos supermercados
A Associação Capixaba de Supermercados aponta que a alta no preço do feijão, arroz, macarrão, óleo, frutas e verduras e carne, entre outros, é um comportamento do mercado

Supermercado. Foto: Pixabay
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O aumento no preço de alguns produtos fez com que famílias sentissem o impacto no bolso ao ir ao supermercado. Alguns itens comuns da cesta básica, como feijão, arroz, macarrão, açúcar, óleo, frutas e verduras, além da carne, tiveram aumento nos últimos meses. A Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) aponta que a alta no preço desses e de outros produtos é um comportamento do mercado, e está relacionado a uma série de fatores, entre eles, crescimento das exportações, produção abaixo do consumo, entressafra, dificuldade de transporte e alta do dólar.
Para o economista Mário Vasconcellos, a alta nos preços teve impacto também devido à pandemia do novo coronavírus e a alta do dólar. “Temos que levar em consideração que com essa grande restrição das pessoas saírem de casa, principalmente as do grupo de risco, eles fizeram grandes estoques de alimentos não perecíveis. A alta do dólar também vai comprometer alguns produtos que utilizam insumos importados, por exemplo, o trigo. O Brasil não produz tudo que precisa para obter o trigo e importa em torno de 70%. O dólar elevado impacta no preço desse produto e vai repercutir no pão, no macarrão e tantos outros”, explica.
O presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), João Falqueto, ressalta que os supermercados são apenas repassadores de preço, embutindo os seus custos na hora de comercializar as mercadorias. “Os estabelecimentos não têm qualquer responsabilidade sobre os processos de produção. Inclusive, a nossa orientação é para que os supermercadistas não aumentem a margem de lucro praticada antes da pandemia do novo coronavírus, repassando apenas os aumentos praticados pela indústria”, detalha.
Ainda segundo o presidente da Acaps, a alta do leite, por exemplo, deve-se à entressafra, que vai de abril a setembro, somada aos efeitos da seca no sul do País, que reduziram a oferta do produto. O momento atual também deve ser levado em consideração, já que, com o isolamento social, as famílias têm ficado mais em casa, resultando em um consumo maior da bebida, considerada alimento de primeira necessidade.
O arroz também virou um vilão da cesta básica e tem sido vendido por até R$ 25 o pacote de 5 kg. Para Falqueto, o aumento está relacionado a fatores como a produção reduzida, a dificuldade de transporte, a exportação para outros países e a alta do câmbio. A maior procura externa tem afetado diretamente a oferta doméstica do produto, que registrou valorização em dólar acima de 30%.
Além disso, segundo estudos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a safra de arroz 2019/2020 será a segunda menor da história, acima apenas da safra anterior, ocasionada pela migração de produtores para culturas mais rentáveis, como a soja. Para se ter uma ideia, nos últimos dez anos, a produção de arroz no Brasil caiu, em média ,1,8% ao ano. Para 2020, a previsão é de que o volume produzido seja de 10,5 milhões de toneladas.
De acordo com Falqueto, o óleo de soja, além de ser uma commodity, é um produto utilizado para fabricação de ração animal, que tem exportação forte. O grão foi, inclusive, um dos destaques das exportações brasileiras no primeiro semestre, impulsionado pela alta do dólar. Os produtores priorizam escoar a soja para um mercado que gere maior rentabilidade. Como resultado, há a diminuição da oferta e o produto chega com maior preço ao consumidor.
Limite de produto por clientes
Alguns consumidores estão sendo pegos de surpresa na hora das compras com limite de produtos por clientes. Um ouvinte da rádio Band News FM relatou que ao passar as compras no caixa de um supermercado da Grande Vitória foi informado que poderia levar apenas seis embalagens de óleo.
A Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) ressalta que os estabelecimentos têm autonomia para limitar a quantidade do produto a ser vendida por cliente, se necessário, e que a ação está respaldada pelo Código de Defesa do Consumidor. “Há uma justa causa que autoriza o limite quantitativo por cliente, exatamente para que um maior número de pessoas possa ter acesso ao produto”, explica o superintendente da Acaps, Hélio Schneider.
A recomendação da Acaps é para que os estabelecimentos utilizem placas ou cartazes indicando o limite de unidades do produto que cada cliente poderá levar para casa.
Dicas para economizar nas compras
O economista Mário Vasconcellos diz que para economizar nas compras o ideal é fazer uma lista dos alimentos que são essenciais na mesa de alimentação. Também deve buscar os melhores preços nos supermercados nas redondezas e optar pelas marcas mais baratas.
Ouça a entrevista completa com o economista Mário Vasconcellos
