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Bomba-relógio: como a crise em planos de saúde já afeta usuários

De acordo com os hospitais privados, as operadoras de planos de saúde devem mais de R$ 2,3 bilhões

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Saúde. Foto: FreePik

Hospitais privados dizem que as operadoras de plano de saúde devem mais de R$ 2,3 bilhões em todo o país. Foto: Freepik

A crise enfrentada pelas operadoras de plano de saúde em todo o país já começa a dar sinais de que o sistema pode entrar em colapso a qualquer momento. Com uma dívida estimada em mais de R$ 2,3 bilhões aos hospitais privados, o serviço já começa a afetar diretamente os usuários que pagam as mensalidades em dia.

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Entre as medidas que afetam diretamente o consumidor estão reajustes que podem chegar até 30%, queda na qualidade dos serviços e demora para liberação de procedimentos de alto custo.

Essa é a avaliação do economista Doutor em Ciências Contábeis e Administração e professor da Fucape, Felipe Storch Damasceno.

“Estão vindos aumentos altos para tentar equacionar o problema dos planos. Os prejuízos também induzem redução da qualidade do serviço, com aumentos dos prazos de autorizações e procedimentos negados”, explicou.

Segundo o Storch, o sistema todo está em crise e pode ser considerado uma bomba-relógio. “As operadoras estão no vermelho. Estão postergando e pedindo descontos nos pagamentos para hospitais e laboratórios, que por sua vez estão com dificuldade em honrar os compromissos com seus fornecedores”.

Storch é economista e professor da Fucape. Foto: Divulgação

Para o especialistas, há relatos de fornecedores de próteses que precisam esperar 18 meses para receber pelos procedimentos.

“Hospitais que tinham prazo de 70 dias e estão precisando esperar 120 dias, o contingenciamento de pagamentos para revisão (chamado de glosa) que girava em torno de 3,5% dos pagamentos está em 9%, chegando a R$1,29 bilhão”, destacou.

Além dos usuários de planos, a crise promete afetar também o Sistema Único de Saúde (SUS), que já está sobrecarregado. “O número de beneficiários dos planos está caindo, o que pressiona o SUS e aumenta as filas para atendimento no sistema primário”, contou Storch.

Embora a situação seja alarmante, o economista revela que existe sim uma luz no fim do túnel. “A solução passa por se rediscutir o sistema como um todo. Flexibilizar os planos e coberturas, incentivar o atendimento preventivo, reduzir carga tributária e aumentar competição. Para isso, é necessário maior segurança jurídica e regras claras”.

E o consumidor, de que forma pode se precaver e evitar ficar sem atendimento na hora que precisar de socorro? “Reclamar sempre e pressionar o Governo para fazer um novo marco regulatório que dê sustentabilidade ao setor”, aconselha o professor.

Entenda o que provocou a crise nas operadoras de plano de saúde de acordo com o economista Doutor em Ciências Contábeis e Administração e professor da Fucape, Felipe Storch Damasceno.

Inflação médica. O aumento de custo dos procedimentos pelo período inflacionário dos últimos anos pressiona os resultados das operadoras.

– Flexibilização do rol da Agência Nacional de Saúde (ANS). Foram incluídos uma série de novos procedimentos que devem ser pagos pelos planos e não estavam precificados no custo anteriormente.

– Aumento da demanda por procedimentos. Esse ponto pode ser dividido em 2. Primeiro a represagem de procedimentos eletivos durante a pandemia e segundo uma mudança de hábitos pós-pandemia que levou as pessoas a buscaram de forma mais frequente o sistema de saúde.

– Os tratamentos pós-pandemia são longos e custosos. São tratamentos de sequelas físicas e psicológicas que não estavam previstas anteriormente e entraram na conta depois da pandemia.

O que diz os hospitais privados:

Antônio Britto, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados, comentou que as operadoras vêm adotando novas práticas que geram graves consequências para os hospitais. “O trâmite todo vem ficando cada dia mais burocrático e com mais entraves que dificultam, inclusive, a cobrança pelo pagamento dos serviços prestados. O paciente chega no hospital, é atendido, recebe todos os cuidados necessários e aí os prestadores não conseguem rever esse valor investido no atendimento”, diz o executivo.

Ainda de acordo com Britto, a situação não atinge os quase 4 mil hospitais privados e filantrópicos brasileiros, bem como os milhares de demais prestadores de serviços, como clínicas e laboratórios de diagnósticos.

“Reconhecemos as dificuldades das operadoras mas é indispensável que todos entendam: nós estamos enfrentando uma crise estrutural e a solução do problema só virá a partir do momento que o setor trabalhar de forma conjunta, no entendimento de que uma saúde suplementar saudável só é possível com a sustentabilidade de todos os players”, finalizou.

O que diz as operadoras de planos de saúde: 

A Associação Brasileira de Planos de Saúde reforça a importância dos planos de saúde no país e o esforço das operadoras para atender às necessidades dos beneficiários diante dos prejuízos operacionais. Importante frisar que as operadoras registraram em 2022 prejuízo operacional de R$ 10,7 bilhões. Trata-se do pior resultado desde o início da série histórica, em 2001.

De janeiro a junho de 2023, a conta já está negativada em R$ 4,3 bilhões, e a perspectiva é que, até o fim deste ano, o valor continur crescendo. Isso ocorre, em muita parte, pelos impactos significativos decorrentes de diversas fraudes, incluindo empréstimos e falsificação de carteirinhas, uso indevido para procedimentos estéticos, reembolsos de consultas duplicados e fraudulentos, além de materiais superfaturados.

Por este motivo, foi estabelecida uma análise mais ampla dos serviços já prestados por parte das operadoras de saúde. Porém, todos os atendimentos que aconteceram, estão provisionados. A Abramge segue trabalhando junto às operadoras para ampliar a infraestrutura de atendimento, melhorar sistemas e organizar redes.


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