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Violência: especialistas falam sobre o aumento da criminalidade na GV

Tiroteios, mortes… Um assassinato a cada 8 horas. Especialistas dão opinião sobre o que influencia a escalada da violência

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Número de assassinatos cai 2,84% de janeiro a setembro no Espírito Santo. Foto: Jorge Villalobos/FreeImages

Violência: especialistas falam sobre o aumento da criminalidade na GV. Foto: Jorge Villalobos/FreeImages

O outubro é rosa, com foco na prevenção do câncer de mama, mas o que vem ganhando destaque nos jornais capixaba é a violência. O estado registrou um aumento no número de homicídios ao longo do mês, só na primeira quinzena foram 45 assassinatos, um a cada oito horas. Confrontos entre bandidos e policiais, jovens assassinados em ambulância, feminicídios e muitos tiroteios foram apenas alguns dos casos que aconteceram.

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Práticas que aconteceram neste ano no estado voltaram a aparecer depois de anos, como é o caso de um aumento dos confrontos que geram mortes quase que semanalmente. A população está assustada. O que será que está provocando essa escalada da criminalidade? Quais medidas devem ser adotadas? Veja a opinião de especialistas sobre a atual situação e a insegurança no Espírito Santo.

Rivelino Amaral – advogado criminalista 

“A gente tem uma deficiência muito grande quando diz respeito ao andamento dos processos, isso gera sensação de impunidade e insegurança. Mas deixando claro, que não é culpa dos juízes, promotores e advogados. A lei é que determina uma série de procedimentos que atrasa. Aliado a isso, penso que precisamos investir em aspectos que reduzem a violência, como é o caso de políticas sociais.

Mais investimento na própria segurança também é importante. Precisamos investir em tecnologia. Focar na prevenção e na investigação. Ter equipamentos de qualidade, escuta telefônica… Não só o policiamento de rua. A gente não pode só focar em apagar o fogo. Precisamos agir para esse fogo não queimar. Prender quem comanda e não quem está na ponta. Já somos o terceiro país com a maior população carcerária do mundo. Aqui no Espírito Santo são 37 presídios superlotados. Prendemos cada vez mais, mas não sabemos o que fazer com essas pessoas que saem da cadeia cada vez piores, sem ressocialização que é um fator muito importante”.

Rusley Medeiros – doutorando em Ciências Sociais, mestre em segurança pública e especialista em direito penal


“O Espírito Santo, principalmente a Grande Vitória, está se tornando um novo Rio de Janeiro. Isso se dá pelo avanço dos grupos criminosos, principalmente os ligados ao tráfico de drogas, e das ações de violência que ocorrem em todo o Estado. A Grande Vitória, infelizmente, acaba tendo que lidar com vias interditadas pelo crime, bem como ações à luz do dia, tornando os cidadãos vítimas em potencial. A maioria das mortes são em decorrência do conflito pelo poder do tráfico e, quem fica sem o poder é o Estado e a população de bem.

É necessário que exista investimentos volumosos na segurança pública e em políticas públicas. É necessário que o Estado, de fato, se faça presente no cotidiano das comunidades e bairros. O investimento passa, além de contratação de pessoal, a presença constante das forças de segurança, seja a PM ou a Guarda. Quando as agências de segurança se fazem presente, o crime não tem oportunidade.

Ocorre que, infelizmente, as ações nas regiões mais conflituosas são momentâneas. É preciso que a polícia não precise ir, mas já esteja! É criar essa atuação de presença efetiva das agências de segurança. Não é possível que a polícia saia do espaço, pois, em ela saindo, é o próprio Estado que também sai. Além disso, os investimentos em monitoramento e investigação são primordiais. É preciso que tenhamos uma investigação robusta e um setor de inteligência que, de fato, identifique e prenda os autores e chefes das organizações criminosas no Estado.

Por fim, é preciso resgatar o respeito e a autoridade das agências policiais. Isso se dá com pertencimento e com formação adequada e constante dos agentes. Não é possível mais uma segurança pública fragmentada. As agências federais, como a PF e PRF, bem como as estaduais (PM e PC) e municipais (GM) precisam estar em constante atuação conjunta e diálogo, pois, sem os quais, continuaremos a visualizar o avanço do crime organizado no Espírito Santo e a população cada vez mais à mercê”.

Gracimeri Gaviorno  – delegada e especialista em segurança

“Outubro começou com muito crimes, não só o aumento dos homicídios, mas de práticas que há muito tempo não víamos no Espírito Santo. Estamos vendo uma ousadia muito grande desses criminosos. Nós precisamos de um pouco mais de atenção com relação a essa nova metodologia e estratégia dessas facções criminosas. A população está preocupada e com razão. Nós estamos perdendo o controle e precisamos retornar o controle desses territórios porque a tendencia é ficar cada vez mais difícil. Precisamos fazer menos vídeo e mais ação de combate. Nós não podemos brincar de segurança pública. A inteligência precisa trabalhar, principalmente agora que a Força Nacional de Segurança está no Rio de Janeiro, a tendência é que esses criminosos migrem para outros lugares”.


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