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Dia a dia

Saneamento básico é motor de transformação para as cidades

Luana Pretto é uma das palestrantes do Café de Negócios realizado pela Associação dos Empresários da Serra (Ases) nesta quarta-feira (9)

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Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil. Foto: Divulgação

Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil. Foto: Divulgação

Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, compartilha sua visão sobre como o saneamento básico, aliado a práticas sustentáveis, pode impulsionar o desenvolvimento social e econômico nas cidades brasileiras. Ela é uma das palestrantes do Café de Negócios realizado pela Associação dos Empresários da Serra (Ases) nesta quarta-feira (9), no Steffen Eventos. O tema em pauta é ESG na prática: O impacto que move negócios e abre novos mercados. Ao lado de Luana estará Guilherme Barbosa, especialista em economia e mitigação das mudanças climáticas.

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Luana, como você enxerga o impacto direto do saneamento básico na qualidade de vida da população?
A partir do momento em que a gente leva saneamento básico na vida das pessoas, elas passam a ter um número menor de doenças associadas à falta de saneamento básico. As doenças de veiculação hídrica e, consequentemente, nós temos essa diminuição de doenças, fazendo com que as crianças tenham um melhor desenvolvimento físico, intelectual, neurológico, permitindo que essas crianças consigam ter uma melhor escolaridade média, uma melhor nota no ENEM e, consequentemente, uma renda média futura melhor. Então, além das crianças, os adultos, quando eles têm acesso ao saneamento, também ficam menos doentes e conseguem ter uma maior produtividade no seu trabalho e, consequentemente, uma melhor renda. Por isso que nós falamos tanto da importância do acesso ao saneamento para o desenvolvimento econômico e social do país.

E como ele pode ser um motor de transformação econômica para as cidades?
Quando a gente fala de qualidade de vida. Então a diminuição de doenças está associada à qualidade de vida. E quando a gente fala de doenças, nós estamos falando de dengue, de esquistossomose, de leptospirose, da própria diarreia. Essas doenças prejudicam a saúde e qualidade de vida da população de uma maneira geral. E, quando vem o saneamento básico, a gente tem a diminuição das doenças e, consequentemente, maior produtividade, maior desenvolvimento e melhor qualidade de vida.

Serra, no Espírito Santo, tem se destacado por sua alta cobertura de esgoto. O que esse case pode ensinar para outras cidades brasileiras?
O acesso ao saneamento pode ser um motor de transformação econômica para cidades. Porque as pessoas, elas naturalmente vão ficar mais saudáveis, a gente tem uma maior produtividade, consequentemente, uma renda média maior. O meio ambiente também está mais despoluindo, os rios e mares vão estar mais limpos, atraindo mais pessoas ao turismo. Então isso é um bom indicativo de ganho de renda e de desenvolvimento econômico social. O município da Serra teve uma evolução bastante grande, alcançando praticamente a universalização em relação à coleta e tratamento de esgoto. E nós avaliamos, como o Instituto Trata Brasil, os benefícios econômicos e sociais dessa universalização. Percebemos que houve um ganho líquido de mais de um bilhão de reais com a universalização do saneamento em Serra. Esse ganho líquido tem uma redução de custo com saúde que gerou mais de 156 milhões de reais, um ganho de produtividade de trabalho 159 milhões de reais, 12 milhões de reais em valorização imobiliária, porque imóveis que estão em locais com uma natureza preservada tendem a valer mais. Além de um ganho com turismo de 45 milhões de reais. Então, um investimento em saneamento trouxe um retorno de ganho líquido para a sociedade de mais de um bilhão de reais. Isto é um baita case de que investir em saneamento traz retorno para a sociedade.

Quais são os maiores desafios para a universalização do saneamento básico no Brasil?
Os maiores desafios em relação à universalização do saneamento no Brasil estão relacionados principalmente à falta de investimentos em saneamento básico e à falta de conscientização da população em relação à importância do acesso ao saneamento, o entendimento de que a saúde do seu filho, do seu neto vai estar associada à chegada do saneamento básico. Então, esse ainda é um grande desafio.

Como a tecnologia pode contribuir para acelerar a implementação de soluções de saneamento?
As tecnologias podem fazer com que a assertividade no investimento em saneamento básico seja melhor. E esses investimentos trazem um melhor resultado, utilizando a ciência de dados e conhecimento e tecnologia que façam que a universalização aconteça de maneira célere e com maior eficiência.

O modelo de emissário submarino está em debate em cidades como a Serra. Como essa tecnologia pode ser aplicada de forma eficaz no Brasil?
O modelo de emissário submarino já é uma realidade em vários locais do Brasil e fora do Brasil também. E é uma solução que tem dado muito certo, porque os rios, muitas vezes, eles estão no meio das cidades, onde a gente tem uma alta densidade populacional ao longo desses rios, e muitas vezes eles não têm mais a capacidade de autodepuração, de receber o efluente tratado das estações. Então, por conta dessa alta densidade, por conta do estado, muitas vezes, da classe dos rios, tem-se buscado o uso de emissários submarinos para que possa haver uma maior autodepuração em um volume maior de água, que é a água do mar. Então, é uma tecnologia que tem dado muito certo. Não há a contaminação dos mares porque tudo isso é calculado, o volume de água que recebe esse efluente, a quantidade de efluente que é disposta, a distância que esse emissário precisa estar da costa, as marés, tudo isso é calculado para que não haja nenhum tipo de impacto ambiental e para que possa haver uma correta autodepuração desse efluente na natureza.

Como você vê a participação do setor privado no avanço do saneamento no país?
A participação do setor privado tem se dado principalmente após a aprovação do marco legal de saneamento básico e é uma maneira de alavancar os investimentos em saneamento básico. Eu costumo falar que o investimento vai se traduzir em obras, que vai se traduzir em um maior percentual da população com acesso ao serviço de saneamento básico. Então, essas parcerias públicas e privadas têm sido essenciais. Para que o Brasil possa priorizar o tema saneamento básico, possa investir e possa ter uma perspectiva de universalização até 2033, que é o que preconiza o marco legal de saneamento básico.

No caso da Serra, o que você acredita ser o principal fator de sucesso da parceria público-privada?
O principal fator de sucesso na Serra tem sido o planejamento estratégico bem feito, o engajamento com a comunidade local. Então, a PPP permitiu que o investimento fosse direcionado onde ele era mais necessário, sem perder qualidade e eficiência. O investimento se traduziu em obras, que se traduziu em um maior percentual da população com acesso ao serviço e, consequentemente, o meio ambiente mais despoluído, pessoas mais saudáveis e com melhor qualidade de vida.