Dia a dia
Provas revelam agressões do atacante Antony contra ex-namorada
Os documentos revelam ameaças, intimidações e agressões físicas supostamente cometidas pelo jogador contra a ex-namorada Gabriela Cavallin

O atacante Antony está sob investigação da Polícia Civil de São Paulo por alegações de violência doméstica. Foto: Divulgação/Instagram
O atacante Antony, 23, que joga pelo Manchester United e foi destaque na última convocação da seleção brasileira, está sob investigação da Polícia Civil de São Paulo por alegações de violência doméstica. A vítima é sua ex-namorada, a DJ e influencer Gabriela Cavallin, também de 23 anos. As informações são do portal UOL de Notícias.
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O portal UOL obteve acesso exclusivo a evidências que incluem fotos, vídeos, conversas e depoimentos de testemunhas que fazem parte do inquérito policial. Os documentos revelam ameaças, intimidações e agressões físicas supostamente cometidas pelo jogador. Em um dos vídeos, uma lesão grave na mão de Gabriela expõe os ossos dos dedos, supostamente resultado da última agressão cometida por Antony.
Na última sexta-feira, Cavallin registrou uma segunda denúncia, agora com a polícia de Manchester, Inglaterra, onde o atacante atualmente reside e trabalha.
Quando procurado para comentar as alegações, Antony optou pelo silêncio. Sua assessoria informou que o caso está sob segredo de Justiça e será resolvido pelos canais legais apropriados. Em um comunicado, o empresário do atleta, Júnior Pedroso, disse: “Ela aparece na mídia em momentos calculados para prejudicar Antony. Os fatos estão sendo tratados no processo investigatório”.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o treinador Fernando Diniz, questionados sobre a convocação de Antony para as eliminatórias da Copa de 2026, não emitiram comentários. Segundo apuração, a seleção brasileira não tinha conhecimento do caso e a decisão de convocar o jogador foi baseada em reportagens publicadas em junho.
Vale ressaltar que outro jogador brasileiro na Inglaterra, Lucas Paquetá, foi excluído da seleção devido a uma investigação sobre envolvimento em apostas esportivas. Enquanto isso, Antony continua atuando normalmente no Manchester United, sem qualquer medida preventiva adotada pelo clube.
Amor rápido, crises de ciúmes e uma gravidez trágica
Era junho de 2021, e Antony, então jogador do Ajax, da Holanda, encontrava-se em terras brasileiras. Gabriela Cavallin, DJ e influencer, o conheceu durante um churrasco. “Um amigo nosso em comum me chamou para ir em um churrasco na casa dele. Conheci [o Antony] lá. A gente conversou a noite inteira e teve a conexão. Na hora de ir embora, dei um beijo nele. Ele pegou meu celular, me seguiu no Instagram e a gente manteve contato desde então”, relata Gabriela em entrevista exclusiva ao UOL. O relacionamento evoluiu rapidamente, com Gabriela mudando-se para a Holanda menos de um ano depois para viver com o jogador.
A história tomou um rumo sombrio em março de 2022, quando Gabriela engravidou. Ela alega que foi fisicamente agredida pela primeira vez em 1º de junho de 2022, durante uma viagem ao Brasil. Segundo Gabriela, a agressão ocorreu após uma crise de ciúmes de Antony, que não gostou de vê-la em uma postagem em uma casa noturna.
“Ele falou que, se eu não ficasse com ele, eu não ficaria com ninguém. Que eu estava grávida de um filho dele. Ou eu ficaria com ele ou morreria eu, ele e nosso filho. Eu falava pra ele que estava grávida, que ele estava me assustando, fazendo meu coração acelerar. Tremia de medo”, afirma Gabriela.
Chocada e com medo, Gabriela procurou atendimento médico no dia seguinte. Uma postagem no Instagram do dia 2 de junho mostra a influencer recebendo soro intravenoso. As mensagens trocadas entre o casal indicam um cenário preocupante. “Ninguém vai me achar, você fez isso comigo. Eu disse coisas que não deveria, e você não me perdoou. Cuide da neném”, escreveu Antony no dia seguinte à suposta agressão.
A situação se agravou quando Gabriela perdeu o bebê após aproximadamente 16 semanas de gravidez. “Eu passei minha gravidez toda no hospital. Eu ia três, quatro vezes por semana no hospital tomar soro, fazer exame, porque eu sangrava quase todo dia, até o dia que eu perdi o bebê. Foi uma série de acontecimentos, foi complicado”, descreve Gabriela.
Apesar de todos os incidentes e percalços, Gabriela continuou seu relacionamento com Antony e, em agosto de 2022, voltou à Holanda.
Altos e baixos: de Copa do Mundo a novos episódios de agressão
Segundo Gabriela Cavallin, o relacionamento com Antony, jogador do Manchester United e estrela da seleção brasileira, era uma verdadeira montanha-russa emocional. Ela alega que o atleta oscilava entre momentos de ternura e explosões de agressividade, chegando a pedir desculpas após atos violentos.
Documentos do inquérito policial confirmam essa descrição. Em uma única troca de mensagens, Antony teria enviado 13 insultos em menos de um minuto, chamando Gabriela de “ridícula”, “nojenta” e “destruidora de vidas”. Em outros momentos, irritava-se por motivos como Gabriela curtir fotos antigas de Neymar com Gil Cebola, um amigo próximo do jogador, nas redes sociais. Ainda, áudios obtidos pela investigação revelam o jogador pedindo desculpas após episódios de irritação.
O segundo semestre de 2022 trouxe grandes mudanças na carreira de Antony, incluindo uma transferência para o Manchester United e uma convocação para a Copa do Mundo do Qatar. Gabriela o acompanhou na mudança para a Inglaterra, mas optou por não ir à Copa. Ela relata que tentou usar o período do torneio para encerrar o relacionamento, sem sucesso.
O drama se intensificou após a Copa. Em 15 de janeiro, ocorreu um novo episódio de agressão, segundo Gabriela. Ela afirma ter sofrido uma cabeçada que resultou em um corte na cabeça, além de um golpe que deslocou sua prótese de silicone. “Eu não lembro exatamente por causa de quem era a briga, mas era alguém que eu já tinha ficado anos atrás. Ele me deu um soco no peito e meu silicone virou. E aí eu vim para o Brasil operar. Tinha que trocar a prótese. Ele falava ‘não quis te machucar, foi sem querer, não foi um soco, eu só te empurrei, eu só te segurei na parede'”, diz Gabriela.
Ela recebeu atendimento médico de uma profissional inglesa, a Dra. Hina Tehseen, em seu quarto no hotel Hyatt em Manchester. A consulta é uma das peças de evidência no inquérito que investiga as alegações de Gabriela contra Antony.
O jogador, até agora, optou por não comentar publicamente as acusações. Sua assessoria reitera que o caso está sob segredo de Justiça e deve ser resolvido por canais legais adequados.
Avalanche de agressões e fuga para o Brasil
O relato de Gabriela Cavallin sobre sua tumultuada relação com o jogador de futebol Antony atinge um ponto crítico com novos detalhes sombrios. Segundo ela, os meses que se seguiram ao episódio de janeiro foram marcados por um aumento das agressões, culminando em um incidente particularmente grave que a fez temer pela sua vida.
Em uma festa ocorrida no mês seguinte ao episódio de janeiro, uma amiga do casal testemunhou Antony agir de forma possessiva e agressiva em relação a Gabriela, na frente de várias pessoas. Esse depoimento e outros incidentes, como o jogador destruindo o celular de Gabriela, foram incluídos como prova no inquérito policial.
Mas foi o incidente de 8 de maio de 2023 que marcou o ponto de ruptura. Gabriela afirma que Antony tentou agredi-la no rosto com uma taça de vidro. Na tentativa de se defender, ela acabou sofrendo um corte profundo no dedo que expôs os ossos. Um vídeo documentando a lesão foi adicionado às evidências. “Eu sabia que eu tinha que sair, mas não conseguia. Eu gostava muito dele. Tinha muita esperança. Eu era muito apegada ao começo do nosso namoro, com as coisas que ele era para mim no começo. Nesse último dia [8 de maio de 2023], foi muito grave. Eu realmente fiquei com medo de não conseguir sair de dentro da casa”, desabafa Gabriela.
Em seu relato Gabriela fala de cenário caótico e perigoso. “Antony trancou a porta de casa e não deixava eu sair, e eu com o dedo aberto, toda machucada. Quebrou as minhas coisas, pegou meu passaporte. A mãe dele e o padrasto dele até prenderam ele dentro da quadra de futebol, ele tinha uma quadra de futebol dentro da sala de casa, envolta por grade, assim, como se fosse um alambrado mesmo. Ele transtornado, tentando sair de dentro da quadra de qualquer forma, jogando bola de futebol em mim, jogando celular em mim. Ele falava que ia me matar, que ia se matar”, ela relembra.
Comunicando-se com amigos e familiares através de mensagens, Gabriela compartilhou imagens dos seus ferimentos e expressou a necessidade urgente de sair do local. Ela também entrou em contato com um agente de viagens, implorando para que as passagens de volta para o Brasil fossem emitidas o mais rápido possível: “Por favor, não dorme sem emitir as passagens. Preciso sair daqui, antes que ele me mata”, escreveu.
Medidas legais no Brasil e na Inglaterra
Após voltar ao Brasil, Gabriela não hesitou em acionar a Justiça para garantir sua segurança, sobretudo quando soube que Antony também viria ao Brasil para as férias. “Ele estava vindo para o Brasil também de férias, e eu fiquei com muito medo de ele vir atrás de mim. Aí resolvi ir na delegacia”, relata. A medida protetiva concedida em junho deste ano a impede de ter qualquer tipo de contato com o jogador.
Além das medidas legais tomadas no Brasil, o caso também chamou a atenção das autoridades na Inglaterra. “Minha advogada já teve contato com o civil do Manchester, da CBF e a gente já obteve respostas muito rápidas do Manchester e da polícia da Inglaterra. A polícia de São Paulo também está agindo rápido e dando toda a atenção em relação ao caso. Estão ajudando a gente lá com tudo que a gente vai levar, todo material do processo”, comenta Gabriela.
Em meio ao caos e às provações legais, Gabriela parece ter encontrado uma espécie de renovação pessoal. Ela comenta sobre o quão diferente se sente agora, livre das correntes do relacionamento tóxico em que se encontrava. “Hoje eu me sinto para cima de novo, eu me sinto uma pessoa boa, eu me sinto uma boa companhia. Antes, não me sentia uma boa companhia para minhas amigas, hoje me sinto de novo. Me sinto uma boa filha, me sinto, sabe? Tenho tempo para mim. Eu me sinto melhor realmente. Me sinto livre.”
O que fazer em caso de violência doméstica
Se você ou alguém que você conhece está passando por uma situação de violência doméstica, é crucial buscar ajuda de autoridades e organizações especializadas o mais rapidamente possível.
- Ligue para o 180 ou outros números de emergência: Em caso de perigo imediato, não hesite em ligar para o número de emergência.
- Busque um local seguro: Se possível, vá para um lugar seguro, seja a casa de um amigo, um parente ou um abrigo para vítimas de violência doméstica.
- Comunique-se com pessoas de confiança: Mantenha um círculo de pessoas em quem você confia informadas sobre sua situação. Pode ser útil para emergências e para fornecer apoio emocional.
- Documente evidências: Se for seguro fazer isso, documente a violência. Isso pode incluir fotos, registros médicos, mensagens de texto ou gravações de áudio. Isso pode ser útil para futuros procedimentos legais.
Medidas legais:
- Boletim de Ocorrência: Faça um boletim de ocorrência o mais rápido possível.
- Consulte um Advogado: Considere consultar um advogado para saber sobre seus direitos e as medidas legais que você pode tomar.
- Medidas Protetivas: Solicite medidas protetivas para evitar que o agressor se aproxime ou tente qualquer tipo de contato com você.
*As informações são do portal UOL de Notícias
