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Dia a dia

PF vê indícios de pagamento de gastos de Rose de Freitas com dinheiro da Codesa

Segundo investigação, Rose de Freitas teria tido boletos de imóveis e fatura de cartão de crédito pagos com recursos desviados

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Senadora Rose de Freitas,. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal identificou indícios de que um esquema de desvio de recursos da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) teria bancado despesas pessoais da senadora Rose de Freitas (MDB-ES). Segundo a investigação da PF, entre os gastos da parlamentar que teriam sido pagos com dinheiro de transações financeiras suspeitas estaria a quitação de boletos de imóveis e fatura de cartão de crédito. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (21) pelo jornal O GLOBO. Procurada, a Polícia Federal informou que não se manifesta sobre investigação em andamento, devido ao sigilo legal.

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A Operação Corsários foi deflagrada no dia 12 de maio deste ano para investigar uma suposta organização criminosa que atuava na Codesa, administradora do Porto de Vitória, entre 2015 e 2018, direcionando licitações e desviando recursos públicos de contratos fechados com prestadoras de serviços, um deles para locação de veículos. A senadora Rose de Freitas foi um dos alvos dos mandados de busca cumpridos no âmbito da ofensiva.

Após a quebra do sigilo bancário de alvos da investigação, a PF descobriu transações financeiras suspeitas envolvendo o irmão da senadora, Edward de Freitas, e um primo dela, Ricardo Saiter, que eram funcionários da Codesa. De acordo com o inquérito sigiloso, obtido pelo GLOBO, os policiais encontraram indícios de que empresas com contratos com a Codesa seriam pressionadas a pagar propinas para Edward e Ricardo Saiter, que usariam os recursos arrecadados para quitar despesas da senadora.

Segundo a reportagem de O GLOBO, após analisar e-mails e movimentações financeiras dos suspeitos, a PF descobriu que o gabinete de Rose de Freitas encaminhou para Edward e Ricardo boletos referentes a pelo menos três imóveis: uma conta de R$ 300 mil, referente a uma parcela da aquisição de um imóvel no Rio; um boleto de R$ 38 mil, relacionado a um imóvel em Vila Velha e outro de aluguel de R$ 7.667,05 de um imóvel na Barra da Tijuca, no Rio, onde moraria a filha da senadora.

Os investigadores também encontraram e-mails nos quais a senadora encaminhou outras despesas pessoais para Saiter como um boleto de um cartão de crédito e uma fatura de agência de turismo.

Propina em contrato de locação de veículos

As investigações da ‘Corsários’ tiveram início após denúncia sobre exigência de propinas por servidores da Codesa em contrato de locação de veículos. A Polícia Federal indica que também há indícios de fraudes em contratos firmados com outras empresas entre 2015 e 2018.

As apurações contaram com a colaboração da atual gestão da Codesa. Auditoria realizada pela empresa estima que somente em dois dos contratos sob suspeita, a organização criminosa pode ter desviado cerca de R$ 9 milhões.

“As apurações revelaram a existência de uma verdadeira organização criminosa infiltrada na empresa pública, por meio da indicação de pessoas de confiança do grupo para postos chaves, permitindo dessa forma a interferência nos certames, o superfaturamento e desvio dos valores pagos nos contratos subsequentes”, explicou a PF em nota.

Segundo os investigadores, o grupo sob suspeita teria utilizado um escritório de advocacia para receber os recursos desviados. A banca teria simulado a prestação de serviços advocatícios para lastrear a movimentação dos valores, diz a PF.

Defesa de senadora nega irregularidades

A defesa de Rose de Freitas negou irregularidades e afirmou que as despesas da senadora foram pagas com recursos lícitos e regulares, não havendo qualquer conduta irregular por parte da parlamentar. “Em respeito ao sigilo determinado pelo Ministro Nunes Marques, do STF, no âmbito da citada investigação, entretanto, a defesa não fará comentários específicos sobre os trechos dos documentos vazados, supostamente contidos naquele inquérito”, afirmaram, em nota, os advogados Thiago Fleury e Marcelo Bessa, que defendem a senadora.

Confira na íntegra a nota da senadora Rose de Freitas

Fui surpreendida hoje (12 de maio), às 9h, pelo mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro Nunes Marques, do STF, no apartamento funcional onde resido, em Brasília.

Desconheço, até o momento, as razões do mandado e reafirmo não ter cometido qualquer ato ilícito ao longo dos oito mandatos exercidos na vida pública.

Fui igualmente surpreendida pelas prisões de meu irmão e de meu assessor, realizadas no estado do Espírito Santo.

Confio no reestabelecimento da verdade e na apuração das possíveis motivações que ensejaram tamanha agressão. Identifico claramente uma tentativa de desabonar minha honra e dignidade.

Não cederei a pressões de qualquer natureza, venham de onde vierem.

Providências legais cabíveis estão sendo tomadas para que os fatos sejam devidamente esclarecidos e apurados.

Sempre exerci com coragem, ética e dedicado trabalho os mandatos que honradamente recebi do povo do Espírito Santo.

Todos os demais esclarecimentos serão prestados pelos nossos advogados, que se pronunciarão oportunamente.

Rose de Freitas
Senadora da República