Dia a dia
Pessoas em situação de rua são deixadas no ES após falsas promessas
Grupo foi acolhido por equipes sociais após ser transportado de outro estado sem garantia de trabalho; caso é investigado por autoridades

Grupo é levado de Cabo Frio a Linhares com falsas promessas de emprego. Foto: Reprodução
Um grupo de 12 pessoas em situação de rua desembarcou em Linhares, no Norte do Espírito Santo, após aceitar supostas promessas de trabalho em lavouras de café. Os integrantes haviam saído de uma casa de acolhida no Rio de Janeiro e chegaram ao município capixaba nesta terça-feira (9), mas descobriram que as vagas prometidas não existiam.
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A Prefeitura de Linhares informou que as vítimas foram atendidas pelas equipes de abordagem social e acolhidas em duas instituições da cidade. Seis delas foram encaminhadas à Casa de Acolhida São Francisco de Assis e outras seis ao Grupo Resgate, no distrito de Farias. Em ambos os locais, os acolhidos receberam alimentação, atendimento médico e puderam tomar banho.
Câmeras do cerco eletrônico da cidade identificaram o micro-ônibus usado para o transporte. Segundo o município, o veículo deixou Linhares logo após deixar o grupo. A administração municipal já encaminhou o caso à Polícia Civil, que irá investigar as circunstâncias do deslocamento e os possíveis responsáveis.
Assistência e busca por familiares
A Secretaria Municipal de Assistência Social iniciou um trabalho de busca ativa para tentar localizar os familiares das pessoas acolhidas. Um dos atendidos, natural da Bahia, já teve contato com a família restabelecido. “O município está tomando as medidas necessárias para garantir o retorno de todos à sua cidade de origem”, informou a prefeitura em nota.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o prefeito de Linhares, Lucas Scaramussa, repudiou o ocorrido. “Vamos atuar em colaboração com a Polícia para investigar o caso e tomar as ações cabíveis contra os responsáveis”, afirmou.
A prefeitura disponibilizou o telefone (27) 98115-2740 para que familiares possam buscar informações ou colaborar com o processo de reintegração das vítimas.
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Cabo Frio apresenta outra versão
A Casa de Passagem de Cabo Frio, por meio de nota divulgada nesta quarta-feira (10), contestou a versão dos fatos. A instituição afirmou que os envolvidos não são naturais da cidade e que muitos haviam chegado do Espírito Santo durante a alta temporada em busca de oportunidades.
Ainda de acordo com o comunicado, as doze pessoas manifestaram espontaneamente o desejo de retornar ao estado capixaba, onde já haviam trabalhado em colheitas de café em anos anteriores. A prefeitura de Cabo Frio afirmou que providenciou apenas o transporte, sem promessas de emprego, e que todos assinaram documentos autorizando o deslocamento.
“O transporte foi realizado de forma transparente, com ciência expressa dos passageiros de que não havia intermediação de emprego ou qualquer garantia de vaga”, ressaltou a nota.
Ministério Público acompanha o caso
O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informou que está acompanhando os desdobramentos do caso por meio da Promotoria de Justiça de Linhares. A atuação ocorre em duas frentes: o mapeamento das pessoas acolhidas e a apuração das circunstâncias do transporte e possível abandono.
Ainda na quarta-feira, o MPES se reuniu com representantes da Secretaria Municipal de Assistência Social para alinhar as próximas medidas. O objetivo é assegurar os direitos das vítimas e promover responsabilizações, caso haja comprovação de condutas irregulares.
Investigação da Polícia Civil
A Polícia Civil do Espírito Santo afirmou que está analisando a situação e a possível configuração de crime. Até o momento, não foi identificada nenhuma infração que justifique a instauração de inquérito. No entanto, o caso segue sob observação, e novos desdobramentos poderão ocorrer conforme as investigações avancem.
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