Dia a dia
Pai denuncia filho de 14 anos que participava de grupos neonazistas
O pai resolveu denunciar o próprio filho depois de encontrar uma grande quantidade de conteúdo nazista no aparelho celular do jovem
Um adolescente de 14 anos, morador de Vila Velha, foi denunciado pelo próprio pai à Polícia Civil capixaba com material alusivo ao nazismo. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (26), o delegado Brenno Andrade, chefe da Divisão Patrimonial (DRCCP) e titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), contou que o pai resolveu denunciar o próprio filho depois de encontrar uma grande quantidade de conteúdo nazista no aparelho celular do jovem, além de evidências de que ele participava de grupos de supremacistas brancos e de ideologia neonazista. A denúncia foi recebida em março e a Polícia Civil capixaba então passou a investigar o jovem.
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Em um primeiro momento, a polícia intimou o adolescente, que confessou a participação nos fatos. Ele afirmou que, inicialmente, seu interesse estava focado na parte histórica da Segunda Guerra Mundial, mas passou a se aproximar ideologicamente dessas correntes, influenciado, segundo ele, por um colega de escola negro, que supostamente teria discriminado pessoas brancas. Ao ser questionado sobre o aparelho celular que o pai havia mencionado no Boletim de Ocorrência, o jovem afirmou que a mãe, que é separada do pai, ficou sabendo dos fatos no mesmo período e havia vendido o aparelho como forma de punição. Ao ouvirem o pai, ele confirmou a venda.
Os policias não acreditaram na história e resolveram pedir um mandado de busca e apreensão contra o jovem, que foi cumprido no início do mês de setembro. Durante o cumprimento do mandado, os policiais encontraram um novo aparelho celular em posse do jovem. Mesmo com o novo dispositivo, ele ainda continuava participando de grupos de ideologia neonazista, muitos deles internacionais, com comunicações feitas em inglês. Ao ser confrontado pelas autoridades, o adolescente admitiu que não gostava de judeus e reafirmou sua interação com esses grupos, embora tenha negado qualquer intenção de cometer ataques violentos.
No entanto, a Polícia Civil destacou que a simples participação em tais grupos representa um risco, uma vez que essas comunidades costumam incentivar atos violentos. “Ele alegou que não planejava um ataque, mas o estímulo proporcionado por esses grupos pode ser um gatilho perigoso para jovens em situações vulneráveis”, afirmou o delegado Brenno Andrade.
A mãe do jovem informou às autoridades que, após a denúncia do pai, o adolescente iniciou um tratamento psicológico, mas o acompanhamento foi interrompido após três meses devido a dificuldades financeiras. A polícia recomendou que a mãe busque por alternativas de tratamento gratuito, como os oferecidos por universidades, para garantir um suporte contínuo ao jovem.
O caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar e à Vara da Infância e Juventude, sendo tratado como análogo ao crime de racismo. Apesar das confissões do adolescente, ele permanece em liberdade, já que não houve ameaça concreta de ataque.
A Polícia Civil do Espírito Santo continua investigando a possível participação de outros jovens no estado em grupos de supremacia branca. O adolescente afirmou que há mais pessoas envolvidas, mas não forneceu detalhes adicionais. As autoridades reforçam a necessidade de um acompanhamento rigoroso por parte dos pais, sobretudo em relação ao acesso dos filhos a grupos extremistas na internet, que podem influenciar negativamente o comportamento dos jovens.
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