Dia a dia
Pai de autista denuncia falta de professor auxiliar em escola do ES
O pequeno Henrique está no 3º ano da EEEFM Maria Jose Zouain De Miranda, na Serra

Autismo. Foto: FAE Business School
A Lei Federal 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), estabelece que haja um acompanhante especializado em sala de aula para alunos inclusos nesse universo. No entanto, apesar da norma, a prática dessa orientação nem sempre é garantida.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
O contador Murilo Monteiro está na luta para conseguir um profissional auxiliar que dê suporte ao seu filho, Henrique, de 8 anos. O pequeno foi diagnosticado com autismo severo aos 3 anos. O garoto está no 3º ano da EEEFM Maria Jose Zouain De Miranda, na Serra. Em 2021, na mesma escola, o menino contava com a profissional de apoio.
“Sem o auxílio a criança não está desenvolvendo sua capacidade plena de aprendizagem na escola onde estuda, uma vez que os professores regulares não podem lhe dar a atenção de que necessita. A maior prova de sua dificuldade é que, com 8 anos, ele ainda não é alfabetizado. Então a professora deixa ele de lado, desenhando. Isso não é inclusão”, desabafa o pai.
O psicólogo Alexandre Brito frisa que o acompanhante especializado auxilia na mediação da inclusão da criança na rede regular de ensino. “É fundamental a presença desse profissional. É ele quem vai perceber as necessidades específicas e contribuir para que a escola tenha capacidade de lidar tanto de modo social quanto educacional na vida desse aluno”.
Alexandre aponta o profissional como uma referência do aluno na escola. Mas o papel dele vai muito além disso. Esse profissional vai perceber as necessidades específicas dessa criança, assim, pensar junto com a escola em ferramentas, espaços e atividades para contribuir com a evolução pedagógica e social.
Ver o filho pequeno isolado em um canto da sala, usando objetos de forma pouco proveitosa não é nada fácil para os pais. Pouco adianta o pequeno receber terapias na clínica ou em casa, mas passar as várias horas que está na escola sem fazer as atividades que seus coleguinhas fazem.
“Eu e minha esposa somos pais presentes. Nós damos o nosso melhor. Mas para a evolução social e aprendizado, o trabalho deve ser feito de maneira conjunta, para que os esforços dos profissionais da escola se unam ao nosso. É fundamental que a criança participe dessas atividades que são oferecidas na escola”, ressalta Murilo.
A realidade de Henrique pode ser a de muitos outros pais e familiares com crianças especiais. A legislação prevê que “em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular terá direito a acompanhante especializado”.
A Superintendência Regional de Educação de Carapina, que faz a gestão das escolas da região, informa que está em contato com a EEEFM Maria Jose Zouain De Miranda para verificar a situação.
APAE DA SERRA
Além da escola regular, o menino faz acompanhamento três vezes por semana na APAE da Serra. “O trabalho deles é crucial para evolução do meu filho. Lá ele faz atendimento com fonoaudiólogos, tem terapias ocupacionais e tantas outras atividades. Nós somos muito gratos. Desde quando desconfiamos que o Henrique poderia ter autismo, eles foram fundamentais nesse processo”, conta Murilo.
