Dia a dia
“Padroeira da liberdade”: relembre momentos da carreira de Rita Lee
Aos 75 anos, a artista deixou sua marca na música brasileira com sua versatilidade e inúmeras contribuições para a cultura brasileira

Rita Lee no lançamento de sua autobiografia, em 2016. Foto: Gabriela Biló/Reprodução
Na noite desta segunda-feira (08), o Brasil perdeu uma de suas maiores referências musicais: Rita Lee. Considerada a rainha do rock brasileiro, a cantora nunca teve medo de polêmicas e, por isso, teve uma carreira com tantos momentos marcantes.
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Sempre expondo sua forte opinião, seu jeito irreverente conquistou o país e mostrou toda sua ousadia e originalidade. A artista construiu uma carreira que começou no rock, mas que passou por diversos gêneros ao longo de mais de cinco décadas.
Além de cantora e compositora, Rita Lee é reconhecida por gerações pelo seu pioneirismo em levar a guitarra aos palcos. Ela também se tornou uma das mulheres mais influentes do pais, lutando por diversas causas.
A cantora fez parte de alguns grupos e ganhou destaque com “Os Mutantes”, se tornando um dos maiores grupos do país na época. Rita Lee passou a cantar com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, fazendo parte do movimento Tropicália.
Na música “Sampa”, um dos hinos dos paulistanos, Caetano Veloso ainda destaca que “Ainda não havia para mim Rita Lee/A tua mais completa tradução/Alguma coisa acontece no meu coração/Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João”, mostrando a importância da cantora para a cidade.
Junto com Os Mutantes, Gilberto Gil e tantos outros cantores icônicos, participou do “Tropicalia ou Panis et Circencis”, álbum marcante do movimento Tropicália. A cantora participou de várias faixas, inclusive da música que dá título ao disco.
Após o movimento Tropicália, Rita Lee passou por um cenário de rock mais pesado, com uma voz de libertação. A música “Balada do Louco” é uma das canções que mais marcaram esse período da vida da cantora. Foi nesse período que ela conheceu Roberto de Carvalho, com quem se casaria anos depois.
Na década de 70, Rita Lee foi detida pela ditadura por porte e uso de maconha, sendo condenada a um ano de prisão domiciliar. Ao ser liberada, no fim da década de 1970, a cantora gravou um disco em que gravou “Doce Vampiro” e várias outras músicas que fizeram sucesso. Foi nessa época que a música “Lança Perfume” foi lançada, sendo um grande hino da música brasileira até hoje.
Em 1985, a cantora, que já era consolidada no mundo musical, marcou presença na 1ª edição do Rock in Rio, subindo ao palco junto com seu marido, Roberto de Carvalho, com quem havia gravado o disco “Rita e Roberto”.
Um dos últimos trabalhos da cantora foi com a regravação de várias músicas dos Beatles, criando seu próprio estilo nas músicas. Sem utilizar a tradução original, Rita Lee criou novas composições que, mesmo não sendo um grande sucesso como o álbum anterior, marcou a geração.
A cantora encerrou a carreira nos palcos em 2012, em um show em Aracaju. Neste show, Rita Lee criticou os policiais e acabou gerando uma grande confusão, fazendo com que ela fosse levada à delegacia para depor após o show.
Em 2016, Rita Lee lançou uma autobiografia em que contou relatos inéditos sobre sua vida. Em um dos capítulos, a cantora relembra o abuso que sofreu aos seis anos por um homem que foi consertar a máquina de costura da mãe, além de relatar com detalhes a expulsão dos Mutantes e sua luta contra o alcoolismo.
Foi nesta autobiografia que a cantora fez a famosa profecia de sua morte. “Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. […] Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharpa e cantando para Deus: “Thank you, Lord, finally sedated” (Obrigado, Senhor, finalmente sedada)”, escreveu.
Com uma vida marcada por momentos históricos e inesquecíveis, Rita Lee faleceu aos 75 anos por conta de um câncer de pulmão que vinha lutando desde 2021. E como ela mesma escreveu, “ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”.
