‘O senhor é um criminoso contumaz’, diz hacker da Vaza Jato a Moro

Walter Delgatti durante depoimento na CPMI dos Atos de 8 de Janeiro de 2023. Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O hacker Walter Delgatti Neto entrou em discussão com o senador Sergio Moro (União-PR) ao longo do depoimento na CPMI dos Atos Golpistas. Enquanto respondia às perguntas dos parlamentares, Delgatti Neto disse que Moro é um “criminoso contumaz”.

Na sessão desta quinta-feira (17), o clima entre o senador e o hacker foi de confronto. Delgatti Neto disse que havia lido as conversas de Moro em aplicativos de mensagem. “Li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, cometeu diversas irregularidades e crimes”, ressaltou.

Em resposta, Moro solicitou que ao vice-presidente da CPMI, o senador Cid Gomes (PDT-CE), que aplicasse uma advertência a Delgatti, alegando que o depoente não tinha autorização para caluniar um senador na CPMI.

“Bandido aqui, desculpe senhor Walter, que foi preso é o senhor. O senhor foi condenado. O senhor é inocente como o presidente Lula, então?”, indagou o senador. Delgatti Neto retrucou dizendo que o senador não havia sido preso “porque recorreu à prerrogativa de foro por função”.

A condenação em questão foi a do crime de estelionato, relacionadas a fraudes cometidas pelo hacker em Araraquara, São Paulo. O ex-juiz há havia indagado anteriormente quantas pessoas teriam sido prejudicadas pelas ações do hacker. “Eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive, equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula e integrantes do PT”, respondeu.

Posteriormente, Moro ainda mencionou que Delgatti Neto teria invadido as mensagens de mais de 170 pessoas, o que ainda foi confirmado pelo depoente. “Inclusive, cheguei às conversas do senhor com o então procurador Dallagnol e essas conversas foram chanceladas pelo STF e são utilizadas até hoje para anular condenações de pessoas inocentes”, afirmou Delgatti.

Walter Delgatti Neto ficou conhecido por ter participado como hacker do episódio da “Vaza Jato”, que aconteceu em 2019. Ele teria invadido dispositivos de figuras públicas envolvidas no escândalo e tornou pública mensagens atribuídas à Moro e outros membros da força-tarefa da Lava Jato.