Dia a dia
Navio abandonado há 9 anos será retirado de porto no ES
Embarcação Iron Trader, com histórico de prisão por munição ilegal e abandono, será levada para Santa Catarina nesta quinta (16)

Navio Iron Trader. Foto: Divulgação
Após quase dez anos atracado no berço 902 do Cais de Capuaba, em Vila Velha, o navio Iron Trader, de bandeira panamenha e origem turca, será finalmente retirado do litoral capixaba. A manobra está prevista para começar nesta quinta-feira (17), conforme as condições climáticas e marítimas permitirem. O destino da embarcação será o Complexo Portuário de Itajaí, em Santa Catarina, com viagem estimada em sete dias, sob escolta de rebocadores.
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A retirada marca o fim de um longo processo que envolveu questões legais, ambientais e operacionais. O navio chegou ao Porto de Vitória em novembro de 2014 e foi abandonado no mês seguinte. Antes disso, havia sido retido por 37 dias na Namíbia, acusado de transportar ilegalmente caixas de munição. A bordo, estavam nove tripulantes, incluindo georgianos, turcos, um sírio e um azerbaijano. O comandante, o imediato e o chefe de máquinas chegaram a ser presos na Nigéria, após a descoberta de 19 caixas de munição dentro de um contêiner com destino ao Uruguai.
Irregularidades e abandono
A situação do Iron Trader chamou atenção das autoridades brasileiras. A embarcação apresentava diversas irregularidades, incluindo certificados vencidos, equipamentos defeituosos, excesso de lixo e esgoto sanitário, além de falta de combustível, alimentos e água potável. Essas condições levaram à detenção formal do navio no Brasil e à abertura de processo no Tribunal Marítimo por abandono e risco à tripulação.
Em 2020, o navio foi leiloado para pagamento de dívidas trabalhistas com os tripulantes. O valor arrecadado foi de R$ 400 mil, e o arremate foi feito pela empresa Sudeste Soluções Ambientais Eireli, com sede na Serra, que deverá destiná-lo à sucata. Até a venda, a embarcação estava sob responsabilidade da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo).
Operação de retirada
A retirada do navio ocorre após esforço coordenado da Vports, que passou a atuar diretamente após acordo com a empresa compradora. Segundo o diretor de Infraestrutura e Operações da Vports, Alsimar Damasceno, foram necessárias três etapas: contratação de uma empresa especializada para avaliar a embarcação, realização das adequações estruturais e elaboração de um plano de reboque, aprovado pela Marinha do Brasil.
Conforme explicou o coordenador de Tráfego de Embarcações da Vports, Agostinho Sobral, quatro rebocadores participarão da manobra inicial no canal do porto. Depois, dois deles seguirão com a embarcação até o litoral catarinense — um à frente puxando e o outro na retaguarda, oferecendo suporte. A embarcação seguirá vazia, sem carga, tripulantes ou combustível, sob comando de um tow master, profissional especializado em condução de reboques.
A operação contará ainda com seguro marítimo e serviço de monitoramento meteoceonográfico em tempo real. A velocidade da travessia será reduzida, com média de quatro nós, o equivalente a menos de oito quilômetros por hora.
Novo uso para o berço 902
Com a liberação do berço 902, a expectativa da Vports é promover obras de revitalização no local. O objetivo é ampliar a capacidade de escoamento de cargas e impulsionar o desenvolvimento do porto e da economia capixaba.
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