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“Não havia vaga de UTI na GV para Kevinn”, afirma advogado das médicas

Jovacy Peter Filho afirma que as profissionais buscaram vagas enquanto o jovem esperava na ambulância

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Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha. Foto: Divulgação/Sesa

Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves, em Vila Velha. Foto: Divulgação/Sesa

Contrariando o que disse o secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes, o advogado das médicas que estavam da plantão na noite em que Kevinn chegou ao hospital, Jovacy Peter Filho, afirma que não havia leito de UTI disponível para o jovem e que a vaga reservada era de enfermaria, onde não possuía respirador para tratar da condição em que estava o adolescente.

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Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, morreu após quatro horas de espera por atendimento na madrugada de sábado (30), na porta do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba). Ele sofreu três paradas cardíacas durante o período em que esteve na ambulância, entre 00h e 4h30 da manhã.

De acordo com o advogado, em entrevista à BandNews FM Espírito Santo, enquanto o jovem esperava dentro da ambulância, as médicas atendiam outros oito casos graves e procuravam vagas de leitos em hospitais da Grande Vitória, no entanto, receberam resposta negativa da Secretaria Estadual de Saúde.

Médicas não foram à ambulância

Jovacy explica que o cenário do plantão era de duas médicas, uma enfermeira e duas técnicas de enfermagem com oito pacientes em estado grave. Kevinn chegou a ser levado para o corredor do hospital, onde as médicas o observaram, mas a vaga disponível de enfermaria não possuía respirador, o que não ajudaria na condição do jovem. Ele foi levado de volta à ambulância, quando a equipe de paramédicos continuou com o atendimento e a respiração mecânica.

“Elas não precisavam prestar solidariedade e sim serviço, não foram até a ambulância porque o serviço não permitiu”, explica o advogado.

Kevinn precisava de UTI, mas a vaga reservada era de enfermaria 

Segundo o advogado das médicas, a vaga destinada compatível com o estado de saúde de Kevinn era de enfermaria. No entanto, quando chegou ao Himaba, a condição de saúde do rapaz era bem mais grave. Ainda não existe explicações se o adolescente saiu de Cachoeiro de Itapemirim em estado grave de saúde ou se o quadro se agravou após chegar ao hospital.

“As duas não eram plantonistas de enfermaria e sim do setor de emergência, não tinha respirador para ele disponível naquele momento. O respirador que tinha era da unidade móvel. Não podia assumir o risco de tirar Kevinn do respirador para passar para o outro local”, conta Jovacy.

O que diz a Secretaria Estadual de Saúde

Nésio Fernandes, secretário estadual de saúde, afirmou em entrevista à rádio BandNews FM Espírito Santo que haviam vagas disponíveis para Kevinn e que houve uma recusa expressa de atendimento ao adolescente por parte das médicas plantonistas.

“Qualquer paciente grave em hospital porta aberta precisa ser acolhido e atendido. A unidade deve acolher o paciente, estabilizar e lá definir qual o recurso vai solicitar, se é remoção para outra unidade ou leito. Deveria ter sido atendido se tivesse chegado de carro particular ou ambulância”, disse.

Ele acrescentou que já estava definido pela regulação que o paciente deveria ser encaminhado para o Himaba, que era o local onde havia profissionais e recursos para atendê-lo, visto que não poderia mais continuar numa UPA, local que estava internado em Cachoeiro de Itapemirim.

Andamento das investigações

As médicas envolvidas no caso já foram identificadas e estão afastadas do trabalho. A Polícia Civil aguarda depoimento das duas. Por nota, a Polícia Civil coletou o depoimento da enfermeira chefe que estava de plantão no dia do fato e da médica que compunha a equipe da ambulância em que o menino estava, além do diretor do hospital. Também foram recolhidos documentos e imagens de videomonitoramento.

Confira a entrevista completa do advogado das médicas do Himaba, Jovacy Peter Filho, nesta terça-feira (03):