Dia a dia
Morte suspeita por doença do carrapato em Cachoeiro
Os exames do paciente foram enviados ao Laboratório Central (Lacen) para confirmar as causas do óbito e o resultado ainda não foi divulgado

Carrapatos. Foto: Pixabay
A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim confirmou, nesta quarta-feira (28), uma morte suspeita de ter sido provocada por febre maculosa – transmitida pela picada do carrapato infectado com riquétsia -. Os exames do paciente foram enviados ao Laboratório Central (Lacen) para confirmar as causas do óbito e o resultado ainda não foi divulgado.
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De acordo com a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirim, o paciente deu entrada na unidade, na tarde da última segunda-feira, em estado grave. Embora tenha recebido todos os cuidados da equipe médica, não resistiu e veio à óbito na madrugada de terça-feira.
Ainda no Sul do Espírito Santo, o Hospital Evangélico Litoral Sul, em Itapemirim, confirmou dois casos de febre maculosa. O casal da região está internado em estado crítico na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Outros três pacientes estão internados com suspeita da mesma doença e o estado geral deles é estável.
A direção da unidade esclareceu que a Vigilância Sanitária Estadual e Municipal foram acionadas, assim como o Laboratório Central do Estado (Lacen).
Modo de transmissão
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), nos humanos, a febre maculosa brasileira (FMB) é adquirida pela picada do carrapato infectado com riquétsia, e a transmissão geralmente ocorre quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas.
Nos carrapatos, a perpetuação das riquétsias é possibilitada por meio da transmissão vertical (transovariana), da transmissão estádio-estádio (transestadial) ou da transmissão através da cópula, além da possibilidade de alimentação simultânea de carrapatos infectados com não infectados em animais com suficiente riquetsemia. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses.
Manifestações clínicas
Por ser uma doença sistêmica, a febre maculosa pode apresentar-se com um quadro clínico variável, indo desde uma forma atípica a um quadro clássico com exantema. De início geralmente abrupto, os sintomas podem ser inespecíficos (febre alta; cefaleia; mialgia intensa; mal-estar generalizado; náuseas; vômitos e dor abdominal).
Por se tratar de uma doença pertencente ao grupo das febris-hemorrágicas, é de suma importância, o histórico epidemiológico, pois de posse dessas informações, o tratamento deverá ser iniciado imediatamente, evitando assim, os prováveis óbitos.
Em geral, entre o terceiro e o sexto dia da doença surge o exantema máculo-papular, de evolução centrípeta com predomínio nos membros superiores e inferiores, iniciando-se em região palmar e plantar.
A Secretaria de Estado da Saúde frisa que, embora seja o sinal clínico mais importante, o exantema pode estar ausente, o que pode dificultar e/ou retardar o diagnóstico e o tratamento, determinando uma maior letalidade.
Nos casos graves, o exantema vai se transformando em petequial e, depois, em hemorrágico, constituído principalmente por equimoses ou sufusões.
No paciente não tratado, as equimoses tendem à confluência, podendo evoluir para necrose, principalmente em extremidades(mãos, pés, lóbulo de orelha e nariz) .
Nos casos graves, é comum a presença de:
Edema de membros inferiores, hepatoesplenomegalia, diarréia, dor abdominal, oligúria, insuficiência renal aguda, náusea, vômito, tosse, edema pulmonar, pneumonia intersticial, derrame pleural, déficit neurológico, meningite e/ou meningoencefalite com líquor claro, petéquias e sangramento muco-cutâneo, digestivo e pulmonar.
Se não tratado, o paciente pode evoluir para um estágio de torpor e confusão mental, com frequentes alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo. Icterícia e convulsões podem ocorrer em fase mais avançada da doença. Nesta forma, a letalidade, quando não ocorre o tratamento, pode chegar a 80%.
