Dia a dia
Morte de médica em hotel no ES: suspeitos vão continuar presos
Justiça nega a liberdade do ex-prefeito de Catugi e do motorista dele

Juliana Pimenta Ruas El-Aouar foi encontrada morta em um hotel da cidade de Colatina
A Justiça do Espírito Santo negou a liberdade provisória do ex-prefeito de Catugi-MG Fuvio Luziano Serafim e o motorista Robson Gonçalves dos Santos. Os dois são suspeitos participar da morte da médica Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, no último fim de semana em um hotel de Colatina. Os dois estão presos no Centro de Detenção Provisória do município.
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Em audiência de custódia realizada na manhã desta segunda-feira (4), o juiz João Carlos Lopes Monteiro Lobato Fraga ouviu o suspeito do crime por meio de videoconferência e converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva.
Em decisão, o juiz afirma que consta nos autos de prisão afirma que uma viatura foi acionada com informações da ocorrência de um homicídio em um hotel da cidade e que durante a madrugada recebeu reclamações de outros hóspedes acerca de barulho vindo do quarto da vítima.
“Logo pela manhã, o Sr. Fuvio, marido da vítima, compareceu à recepção, bastante alterado, pedindo para fechar a conta pois sua esposa estava passando mal, tendo desmaiado. Nesse momento, foi feito contato como SAMU, que constatou o óbito da Sra. Juliana”, diz um trecho da decisão.
A defesa do ex-prefeito tentava um relaxamento da prisão, mas o juiz entendeu haver prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria havendo, portanto, justa causa para a decretação da prisão preventiva.
“Trata-se de crime de homicídio (feminicídio), perpetrado de maneira fria e desprezível, imputado ao marido da vítima e ao outro custudiado. Conforme laudo apresentado pelo SML, a vítima sofreu diversas (graves) lesões, sendo as causas da morte, hipoxemia, asfixia mecânica, broncoaspiração e traumatismo cranioencefálico. No local dos fatos foram apreendidos diversos fármacos, dentre eles: morfina, clonazepan, dormonid, jardiance, seringas, agulhas e ainda na janela abaixo do quarto, parte de um vidro do medicamento kentamina. Encontrado ainda “pó branco” que foi encaminhado para análise.
Juliana foi encontrada morta em um quarto de hotel em Colatina. O motorista do casal, Robson Gonçalves dos Santos, também foi preso. As circunstâncias do crime estão sob investigação e envolvem relatos conflitantes entre Fuvio e Robson. Enquanto Fuvio alega que sua esposa desmaiou após passar mal, Robson afirma ter sido chamado ao quarto para ajudar a vítima que havia caído no banheiro. Entenda o caso.
Quem era Juliana Pimenta Ruas El-Aouar?
Juliana Pimenta Ruas El-Aouar, de 39 anos, era uma médica psiquiatra que atuava na cidade de Teófilo Otoni, Minas Gerais. Ela era casada há cinco anos com Fuvio Luziano Serafim, ex-prefeito da cidade mineira de Catuji.
O que aconteceu no hotel em Colatina?
Na manhã do último sábado (2), o corpo de Juliana foi encontrado em um quarto de hotel em Colatina, Espírito Santo. Segundo relatos do gerente do hotel à Polícia Militar, outros hóspedes haviam reclamado de barulho e bagunça no quarto em que o casal estava hospedado. Na manhã seguinte, Fuvio apareceu na recepção do hotel bastante alterado, alegando que Juliana estava passando mal e teria desmaiado.
Qual é a versão do marido sobre os acontecimentos?
Fuvio Luziano Serafim alegou à polícia que ele e Juliana haviam ido a uma churrascaria após um procedimento cirúrgico que ela tinha realizado na última sexta-feira. Ele disse que ambos estavam felizes e foram dormir às 20h. Segundo Fuvio, ele acordou por volta das 8h do sábado e encontrou Juliana desmaiada na cama, possivelmente já morta.
E a versão do motorista?
Robson Gonçalves dos Santos, motorista do casal, de 52 anos, deu um relato diferente. Segundo ele, foi chamado ao quarto pelo marido da vítima para ajudar, pois Juliana havia caído no banheiro e precisava de auxílio.
Quais são as causas da morte apontadas no atestado de óbito?
O atestado de óbito aponta as seguintes causas da morte de Juliana: hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue), asfixia mecânica, broncoaspiração, traumatismo cranioencefálico.
Quem foi preso e por quê?
Fuvio Luziano Serafim e Robson Gonçalves dos Santos foram presos em flagrante. Fuvio foi autuado por homicídio qualificado por motivo torpe, sem que a vítima tivesse chance de defesa e pelo fato de ela ser mulher. Robson foi autuado em flagrante pelas mesmas razões.
O que acontece agora?
Ambos os suspeitos foram encaminhados para o sistema prisional do Espírito Santo. Uma audiência de custódia está prevista para a manhã desta segunda-feira (4). O caso continua sob investigação pela Polícia Civil.
Sobre o casal
Fuvio foi prefeito da cidade de Catuji, Minas Gerais, por dois mandatos. Ele também é administrador de uma empresa de laticínios. Juliana era filha de Samir El-Aouar, que foi prefeito e vereador de Teófilo Otoni e também é médico. Este foi o segundo casamento de Fuvio; sua primeira esposa morreu em 2016 devido a um acidente de trânsito.
O caso chocou a comunidade e trouxe novamente à tona discussões sobre violência de gênero e feminicídio. A investigação prossegue para esclarecer todas as circunstâncias que levaram à morte de Juliana.
