Dia a dia
Líderes comunitários atuam nos bairros contra o coronavírus na Grande Vitória
Associações de moradores têm distribuído cestas básicas, máscaras e feito campanhas de conscientização nos bairros

Associação de Moradores de Jesus de Nazareth recolhendo doações para os moradores. Foto: Arquivo Pessoal
Mais do que meros representantes, os líderes comunitários tornaram-se peça chave na luta contra a pandemia do novo coronavírus em bairros da Grande Vitória. Preocupados com o impacto financeiro no comércio local, o risco de contaminação nas residências e a falta de assistência do governo estadual, eles também têm atuado para proteger as comunidades na linha de frente.
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Desde que os casos chegaram ao bairro Jesus de Nazareth, em Vitória, o vice-presidente da Associação de Moradores, José Antônio Gomes, criou um grupo no Whatsapp para falar com os moradores sobre o isolamento social. Até o momento, segundo ele, conseguiu doações de cestas básicas, máscaras, voluntários para desinfectar as escadarias do morro e até convencer comerciantes a fecharem mais cedo. São conquistas pequenas, mas que, aos poucos, mudaram a dinâmica da comunidade.

Voluntários desinfectando as escadarias do bairro Jesus de Nazareth, em parceria com a Associação de Moradores. Foto: Arquivo Pessoal
“Nós tentamos mobilizar os nossos moradores especialmente pelas redes sociais. O tempo todo nos comunicamos, para informar sobre os perigos de ficar tanto tempo fora de casa e sempre reforçando que eles não estão sozinhos”, afirma José Antônio.
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O líder comunitário relata, no entanto, que o movimento nas ruas vem aumentando nas últimas semanas. Ele se diz preocupado e estuda, inclusive, entrar em contato com os órgãos responsáveis de fiscalização, para receber o apoio dos guardas municipais nesse combate. “Usaremos tudo o que estiver ao nosso alcance. Isso, porém, não está definido, é apenas uma medida emergencial”, explica.
Mas, enquanto isso ainda não é necessário, o próximo passo é passar pelo bairro com uma caixa de som, e pedir para que as pessoas fiquem em casa. “Já que o carro de som da prefeitura não vem até aqui em cima, a gente mesmo vai criar um”, pontua.
No bairro Boa Vista, também na capital, todos os pedidos de cestas básicas são feitos diretamente na Associação de Moradores, que tem a microempreendedora Ane Buss como uma das voluntárias.
“Caso uma liderança de outro bairro esteja precisando, também nos mobilizamos para ajudar. Tentamos sempre nos manter em contato, pois podemos fazer a diferença uns pelos outros. Ninguém sabe o dia de amanhã, é bom ter quem nos apoie ao redor”, diz.
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Já em Vila Velha, o presidente da Associação de Moradores da Praia da Costa, Eduardo Merhi, manteve a sede do instituto funcionando – em horário reduzido – para receber os inúmeros pedidos de quem mais precisa. Além disso, também decidiu usar uma rádio do bairro, a 98,5 FM, para lançar campanhas, incentivar o comércio local e lançar informes aos moradores.
“Ninguém estava preparado para essa situação, é algo muito novo. Então estamos indo devagar, aprendendo com o tempo o que podemos fazer para ajudar”, ressalta Merhi, que está ajudando no combate embora pertença ao grupo de risco da covid-19, com 75 anos.
