fbpx

Dia a dia

Golpistas usavam promessa de cesta básica para roubar aposentados no ES

Grupo enganava idosos com falsas promessas de benefícios e usava documentos para contratar empréstimos em bancos digitais

Publicado

em

Antônio Orlando Lima dos Santos, de 45 anos, Miriam Oliveira Lovate Silva, de 42, e Ricardo Lopes Castelani, de 44, foram presos suspeitos de aplicar o “golpe da cesta básica” contra aposentados no Espírito Santo

Antônio Orlando Lima dos Santos, de 45 anos, Miriam Oliveira Lovate Silva, de 42, e Ricardo Lopes Castelani, de 44, foram presos suspeitos de aplicar o “golpe da cesta básica” contra aposentados no Espírito Santo. Foto: Reprodução/Sesp

Três suspeitos foram presos pela Polícia Civil do Espírito Santo, acusados de aplicar o chamado “golpe da cesta básica” contra aposentados e pensionistas. Os detidos foram identificados como Antônio Orlando Lima dos Santos, de 45 anos, Miriam Oliveira Lovate Silva, de 42 anos, e Ricardo Lopes Castelani, de 44 anos.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

O esquema começava por telefone. Os criminosos ligavam para as vítimas dizendo que elas tinham sido contempladas com uma cesta básica, medicamentos de uso contínuo ou até mesmo um vale-gás.

Para ganhar confiança, marcavam uma visita e entregavam os supostos benefícios. Em alguns casos, levavam alimentos ou até dinheiro como se fosse um vale-gás. O objetivo era convencer os idosos de que se tratava de uma ação social verdadeira.

A etapa do cadastro

Na sequência, exigiam que as vítimas fizessem um cadastro. Pediam documentos e fotos, inclusive selfies com o documento em mãos. Esse material era usado em sistemas de reconhecimento facial de bancos digitais.

Com os dados em mãos, abriam contas em nome dos idosos, contratavam empréstimos consignados, antecipavam o 13º salário e tentavam abrir novas contas para obter mais crédito. Os descontos recaíam diretamente sobre a aposentadoria ou pensão.

Alvos em situação de vulnerabilidade

As vítimas identificadas até agora são todas pessoas com mais de 60 anos, recebendo entre um e dois salários mínimos. Muitas só descobrem o golpe semanas ou meses depois, quando os descontos começam a aparecer nos extratos do INSS.

O delegado Gabriel Monteiro, chefe do Deic, contou que os criminosos tinham grande poder de convencimento. “Em uma das casas, as vítimas chegaram a preparar um café da manhã para recebê-los”, relatou. Já o delegado Fabiano Alves, da Defa, destacou que o prejuízo é progressivo: “a cada mês que passa, aumenta o valor descontado das aposentadorias”.

Questão de direitos e indenização

O caso reacende o debate sobre a proteção dos direitos de idosos em situação de vulnerabilidade. Especialistas lembram que o Estatuto do Idoso prevê medidas contra abusos financeiros e defendem que os bancos, ao liberar empréstimos sem checagem rigorosa, podem ser responsabilizados.

Para advogados, além da punição criminal, é necessário discutir a reparação financeira. “Descontar 30% ou 40% de quem vive com pouco mais de um salário mínimo é uma violação grave de direitos”, afirmou um especialista em direito do consumidor.

Prisões e próximos passos

Os três suspeitos, vindos do Rio de Janeiro, confessaram participação nos golpes realizados em junho e agosto. Eles também apontaram a existência de um quarto integrante que segue sendo procurado.

A Polícia Civil alerta que novas vítimas podem surgir, já que muitos descontos ainda não apareceram nos benefícios. Até agora, nenhuma instituição financeira procurou os investigadores para colaborar. O caso deve mobilizar órgãos de defesa do consumidor e do idoso para garantir não só a responsabilização dos criminosos, mas também a reparação dos danos sofridos pelas vítimas.

LEIA TAMBÉM: