fbpx

Dia a dia

Festa em Vitória no Dia Municipal do Manguezal

Comemorado nesta sexta, o mangue faz parte da culinária capixaba e da história da capital. E apesar de resistir, ainda enfrenta desafios

Publicado

em

Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão

Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão: a beleza na água e no ar. Foto: Chico Guedes

Em busca do progresso, Vitória encontrou o mar e o mangue. Avançou sobre os dois, mas não deixou seu jeito de ilha perder o gosto pela biodiversidade dessas paisagens. A prova está na tradição gastronômica, a torta capixaba de mariscos, e a praia regada a caranguejo. Frutos do manguezal, um ecossistema costeiro que representa 12,5% do território da capital.

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Nos últimos cinco anos, a área de mangue em Vitória aumentou um quilômetro, desde a criação do Dia Municipal do Manguezal, comemorado nesta sexta-feira. E se antes o manguezal precisou enfrentar o progresso, hoje o esgoto e a seca são os principais desafios na preservação desse ecossistema típico das regiões tropicais litorâneas, formado entre ambientes marinhos e terrestres.

A análise faz parte de estudos realizados por pesquisadores da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). Segundo o professor de Oceanografia Ângelo Bernardino, um dos principais problemas para essa região de estuário da baía de Vitória é o esgoto. Seu acúmulo leva riscos para a biota, constituída por peixes e mariscos, e deixa a população no entorno vulnerável.

“Trabalhos recentes também apontam que longos períodos de seca são uma ameaça. A pouca entrada de água doce e consequente aumento da salgada causa estresse salino nas árvores, o que prejudica as espécies. E quando há perda de árvores, perde-se o suporte para a vida e habitat das espécies, como caranguejos”, detalha o professor.

Pesquisadora de manguezais também da Ufes, a professora Cláudia do Vale explica que lixo e óleos de embarcações e navios também prejudicam o ecossistema. “Na baía de Vitória temos três portos geradores de óleo. Com as marés, eles acabam se depositando nos bolsões de manguezais”, explica.

Pescadores no Manguezal do Lameirão

Mangue é fonte de renda para pescadores que fornecem os principais produtos da culinária capixaba. Foto: Chico Guedes

Importante berço para várias espécies marinhas, o manguezal também é um bolsão de alimento para a população carente e fonte de renda para pescadores e catadores de caranguejo, lembra a professora.

Outra característica dos manguezais é a capacidade de regeneração. Ao desocupar uma área estuarina, realocar a população e retirar sedimentos, a área que já tinha sido manguezal volta a se estabelecer muito rapidamente. Isso foi observado por Cláudia em estudos realizados em São Mateus. “Em menos de dois anos já se forma um bosque jovem e, em cinco anos, já é um adulto”, explica.

Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão

A cidade insiste em avançar. Mas o mangue resiste. Foto: Chico Guedes

Dia Municipal do Manguezal

Espaço na cidade

Vitória possui uma área territorial de, aproximadamente, 96,54 km2 , sendo que, desse total, cerca de 12 km2 são de áreas de manguezal. A capital do estado possui um dos maiores e mais belos manguezais urbanos do mundo.

Ações

Crianças que estudam na rede municipal de Vitória participam hoje no Tancredão de uma série de ações para despertar a consciência ambiental. Uma das atividades é um mapa interativo, em que a criança identifica onde mora e a proximidade com o mangue. Também entende a importância da biodiversidade para cultura, gastronomia e geração de renda.