Dia a dia
Efeitos de tsunami ou ciclone? ES pode ter ondas de até 3,5 metros
Um terremoto na Rússia causou um tsunami no Japão. Cidades de outros países emitiram alertas

Especialista analisa reflexos do tsunami no litoral capixaba. Foto: Divulgação (Agência Brasil)
O terremoto de magnitude 8,8 na escala Richter, ocorrido na costa de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, provocou tsunami na Rússia e no Japão e deixou em alerta diversas cidades do mundo, principalmente da América Latina. Coincidentemente, nesta quarta-feira (30), de acordo com a previsão do Climatempo, as ondas podem chegar a até 3,5 metros no litoral do Espírito Santo.
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No entanto, Luiza Leonardi Bricalli, doutora em Geologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que a ressaca no mar — como a que atingiu o Rio de Janeiro na última terça-feira (29) — não tem qualquer relação com o tsunami ocorrido no exterior.
“O Espírito Santo está a cerca de 15 mil km (linha reta: distância geodésica) do local do tremor, separado pelo Oceano Pacífico e pelo continente sul-americano. A energia das ondas sísmicas e de um eventual tsunami dissipa-se ao longo de grandes distâncias”, explicou a especialista.
Segundo a professora, esse tipo de terremoto, apesar de extremamente potente, ocorreu em uma região do chamado Círculo de Fogo do Pacífico — uma área geologicamente muito ativa, porém distante da margem atlântica sul-americana.
“O Brasil, por estar localizado no interior da placa tectônica Sul-Americana (zona intraplaca) e afastado dos limites de placas tectônicas (como a do Pacífico), não está sujeito a terremotos de grande magnitude nem à formação de tsunamis locais.”
E prosseguiu: “Além disso, ondas sísmicas oceânicas (tsunamis) geradas no Pacífico dificilmente atravessam completamente o oceano e chegam com energia significativa à costa atlântica. Portanto, não há risco de formação de grandes ondas ou qualquer tipo de alerta para o Espírito Santo ou o litoral brasileiro neste momento. O evento não representa uma ameaça direta à nossa costa”.
Segundo a especialista, a ressaca no mar — tanto no Rio de Janeiro quanto no Espírito Santo, este último em menor intensidade — é resultado de sistemas meteorológicos, como ciclones extratropicais no Atlântico Sul.
“Esses fenômenos geram ventos intensos que formam grandes ondas, que, ao atingirem a costa com força, provocam ressacas, com avanço do mar, erosão de praias, destruição de calçadões e risco à navegação e aos banhistas. Um tsunami é um fenômeno raro e muito mais destrutivo, com origem sísmica. Quando chega à costa, pode durar horas, avançando com enorme energia e força, diferente das ondas que simplesmente quebram na praia”, pontuou.
Apesar de afastar a possibilidade de o litoral capixaba sofrer efeitos do tsunami, a professora lembra que, mesmo não sendo comuns, existem sim terremotos no Espírito Santo. Ao todo, já ocorreram 45 abalos sísmicos no estado, catalogados pelo LANESI-Ufes.
“No entanto, com magnitudes baixas, muitas vezes nem são sentidos pela população. O Brasil e, por consequência, o estado do Espírito Santo estão longe de um limite de placa tectônica (onde ocorrem terremotos de alta magnitude) e, por isso, os abalos sísmicos aqui são de baixa magnitude, não gerando danos à população”.
