Dia a dia
De amores à fantasias: conheça cinco lendas capixabas
Narrativas fictícias combinam fatos reais com imaginação humana para contar história de locais históricos do Espírito Santo

História d’O frade e a freira faz parte das lendas capixabas. Foto: Andre Carreira/Reprodução
Por trás da história do Espírito Santo existem várias lendas que a maioria dos capixabas conhecem. Histórias com paixões e conflitos são passadas de geração em geração e dão destaque a pontos turísticos do estado que encanta todos que passam pelo local.
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As lendas são narrativas de caráter fictício que combinam fatos reais e históricos com irreais de mera imaginação humana. Por isso, é tão comum que existam lendas dos mais diversos tipos, envolvendo todos os tipos de pessoa.
Mesmo que muitas já sejam famosas, o portal ES360 separou algumas lendas marcantes do folclore capixaba para destacar uma parte importante da construção histórica e cultural do Espírito Santo.
Lagarto da Pedra Azul
Todo mundo que passou por Pedra Azul já observou um dos principais monumentos naturais do Espírito Santo. A lenda que gira por trás dessa pedra diz que um grande lagarto azul vivia na região com medo de que o povo da montanha tomasse o seu lugar.
Por isso, acabou se envolvendo em conflitos e dois garotos aventureiros conseguiram petrificar o animal. O lagarto fica na pedra para proteger a região, sendo considerado um irmão do povo da montanha que sabe que ele pode voltar à vida a qualquer momento.
O frade e a freira
No sul do Espírito Santo, em Itapemirim, fica localizado o Monte d’O Frade e a Freira, um famoso ponto do estado. De acordo com a lenda, os dois haviam dedicado a vida ao servir de Deus, porém se apaixonaram e não puderam se entregar ao romance.

Em 1860, Dom Pedro II em visita ao Espírito Santo, desenhou um esboço da rocha. Foto: Reprodução
Ciente disso, Deus teria se compadecido com o sentimento amoroso do casal e o transformou em pedra para que pudessem passar a eternidade admirando um ao outro, criando um alto monte equivalente ao amor dos dois.
Atualmente o Parque Municipal Frade e a Freira tornou-se Monumento Natural Frade e Freira.
Serpente do cemitério de Águia Branca
O município de Águia Branca, segundo a lenda, abriga uma serpente que circula o cemitério da cidade. De acordo com o que é contado, uma cruel filha costumava agredir sua mãe e, após a morte da mãe, a filha transformou-se em uma serpente, condenada a rastejar pelos corredores do túmulo.
Isso teria acontecido porque, enquanto a mãe era espancada, ela amaldiçoava a filha dizendo “No dia que você morrer, vai virar uma serpente horrorosa”. Quando a jovem foi sepultada, moradores contavam que escutavam ruídos e uivos vindos do cemitério próximo ao túmulo da mãe.
Conforme a lenda, a serpente teria surgido no túmulo que guardava os restos mortais da jovem que maltratava a mãe. No entanto, apesar dos esforços dos funcionários do cemitério em consertar as rachaduras no túmulo, estas sempre reapareciam, tornando-se um enigma para todos.
Conta-se que, durante a noite, as correntes transformavam-se na monstruosa serpente com características de um dragão. Essa é a razão pela qual ninguém ousa ir ao cemitério durante a noite. Na região, entre as crianças, é senso comum a crença de que aqueles que desrespeitam intensamente seus pais também podem se transformar em serpentes.
Mãe do Ouro
Existia uma menina muito bonita loira de olhos azuis. Quem tinha a sorte de encontrá-la, precisava cortar o dedo e deixar que três gotas de sangue caíssem sobre sua cabeça para que ela transformasse em ouro em pó.
Dizem que um senhor chamado Manoel e outros três companheiros de Muquiçaba foram cortar lenha para cozinhar. Eles marcaram um ponto de encontro para a volta e cada um seguiu um caminho. Na volta, Manoel teria encontrado com a garota loira de olhos azuis que parecia perdida.
O senhor então indicou o caminho para sair, no entanto a garota adentrou ainda mais a floresta. Ele a seguiu porém a garota desapareceu, fazendo Manoel se perder no caminho. Após horas, ele conseguiu encontrar os companheiros e os contou o que havia acontecido.
Os rapazes ficaram indignado e disseram “Seu minguta capelido, você encontrou a Mãe do Ouro, se tivesse dado um pequeno corte no dedo e pingado três gotas de sangue nela, ela se transformaria em ouro em pó, nunca mais vamos ficar ricos, esta oportunidade só acontece uma vez na vida”.
O Pássaro Fogo
De acordo com a lenda, o local que hoje ficam as cidades de Cariacica e Serra eram habitadas por duas tribos rivais, Temiminos e Botocudos. O chefe dos Botocudos teve uma filha, Jaciara, que se apaixonou por um guerreiro da tribo rival, Guaraci.

Mestre Álvaro. Foto: Reprodução
Vivendo em tribos inimigas, o casal foi impedido de viver a história de amor. Dos céus, uma ave que via o sofrimento do casal, resolveu ajuda-los, levando Jaciara para encontrar seu amado. Entretanto, eles foram descobertos.
O chefe da tribo ordenou que um xamã fizesse um feitiço para que os dois não se encontrassem novamente e o velho curandeiro implorou ajuda aos deuses, que foram severos e prenderam os jovens em prisões de pedra.
Com isso, a princesa foi transformada no Monte Mochuara (Moxuara) e o guerreiro no Monte Mestre Álvaro, sendo condenados a estarem a ficar de frente para o outro sem se tocar ou falar pela eternidade.
A lenda ainda diz que uma vez por ano, no dia 24 de junho, os jovens podem voltar a forma humana para trocar juras de amor com ajuda do pássaro de fogo, que serve como mensageiro do casal.
