Dia a dia
Como é feita a previsão do tempo? Entenda os bastidores
Tecnologia, cálculos complexos e análise humana ajudam a prever a atmosfera com precisão de até sete dias

Orla de Vitória. Foto: Danielli Saquetto
Antes de aparecer no seu celular dizendo se amanhã vai chover ou fazer sol, a previsão do tempo passa por uma verdadeira maratona científica. Por trás de um alerta de frente fria ou um aviso de calorão, existe uma rede global de computadores, dados de satélite, estações meteorológicas e, principalmente, a análise minuciosa de meteorologistas.
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De acordo com a Climatempo, que forneceu as informações desta reportagem, o processo de previsão começa com a coleta de dados em tempo real. Sensores espalhados por terra, mar e ar, além de imagens de satélite e radar, são integrados para formar uma fotografia atualizada da atmosfera. Esses dados alimentam os chamados modelos numéricos de previsão do tempo.
Modelos simulam o comportamento da atmosfera
Esses modelos são programas computacionais capazes de simular a física da atmosfera e suas interações com o solo, oceanos e vegetação. Centros meteorológicos internacionais como o GFS (dos Estados Unidos), o ECMWF (da Europa) e o ICON (da Alemanha) rodam esses modelos várias vezes ao dia.
Além do chamado modelo determinístico — que oferece uma simulação principal —, os sistemas também produzem diversas simulações paralelas, conhecidas como “membros”. Cada uma delas parte de pequenas variações nas condições iniciais para prever diferentes possíveis cenários. Esse conjunto é chamado de modelo de previsão por conjuntos, ou ensemble, e ajuda a identificar situações críticas com mais antecedência.
Meteorologistas interpretam os cenários divergentes
Com tantos modelos e resultados variados, entra em cena o papel do meteorologista previsor. Segundo a Climatempo, esse profissional precisa analisar os diferentes cenários, identificar padrões e construir uma previsão coerente, especialmente quando os modelos divergem entre si.
Além disso, o meteorologista considera características regionais que os modelos nem sempre captam bem — como relevo, proximidade com o mar ou efeitos locais de urbanização. A previsão final leva em conta um equilíbrio entre ciência computacional e interpretação humana.
Precisão varia conforme o tempo e a região
A previsão do tempo costuma ser mais confiável para até sete dias, mas isso depende de vários fatores. Em regiões com clima mais instável, por exemplo, a margem de erro pode aumentar a partir do quinto dia. Em compensação, há situações em que a atmosfera está mais estável, o que permite projeções precisas até 15 dias.
Por isso, os modelos são atualizados entre duas e quatro vezes ao dia, e o trabalho do meteorologista exige acompanhamento constante. Cada atualização pode mudar o cenário, exigindo uma nova análise.
Previsão é tendência, não garantia
Apesar da tecnologia de ponta, a Climatempo reforça que a previsão do tempo não é uma certeza absoluta, e sim uma estimativa com alto grau de confiança. A atmosfera é um sistema instável e dinâmico, onde pequenas mudanças podem causar grandes efeitos.
É por isso que a previsão deve ser lida como uma tendência confiável, e não como um dado imutável. Cabe ao meteorologista interpretar os sinais e comunicar de forma clara o que é mais provável de acontecer — e com qual grau de incerteza.
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