Começa temporada de baleias jubarte no Espírito Santo

Está aberta a temporada de observação de baleias jubarte no Espírito Santo. O primeiro animal foi avistado, nesta quinta-feira (27), a 10 milhas da costa de Vitória, dando um show de saltos para os pesquisadores. As imagens foram registradas por um drone do Jubarte Lab, braço de pesquisa científica do projeto Amigos da Jubarte.

Oficialmente, a temporada só começa em junho e se estende até novembro. Mas há alguns anos já é possível encontrar baleias na costa capixaba fora desse período. Por esse motivo, os pesquisadores estão sempre no mar monitorando a presença dos cetáceos.

Segundo Thiago Ferrari, coordenador do projeto Amigos da Jubarte e da Jubarte Lab, a grande novidade deste ano é a utilização de drones no processo de monitoramento. Apesar da tecnologia já ter sido colocada em prática em 2020, por conta da pandemia, foi pouco explorada.

“Com os drones captamos imagens em 4k (alta resolução) que são utilizadas posteriormente em um laboratório de biologia. Cruzamos as informações coletadas com outras metodologias de pesquisa, como o monitoramento acústico, feito a partir de um hidromicrofone mergulhado a 20 metros de profundidade, além da própria observação dos pesquisadores. A partir daí, é possível identificar, por exemplo, a quantidade, distribuição e padrões comportamentais tanto das baleias quanto dos golfinhos”, explicou Ferrari.

Saltos e mais saltos

A baleia avistada pela equipe de Thiago foi monitorada pelo drone. Como o equipamento pode se afastar a até 5km de distância do barco onde ficam os pesquisadores, o cetáceo tem mais liberdade e se comporta da maneira habitual. Nas imagens coletadas, a baleia parecia de fato bem à vontade. Em aproximadamente 30 minutos, foram registrados cerca de 50 saltos.

Baleia avistada em anos anteriores no Espírito Santo. Fotos: Leonardo Merçon/Amigos da Jubarte

Mas o que significa isso? De acordo com Ferrari, não há uma resposta específica. O que existem são hipóteses que poderiam explicar o comportamento da baleia.

“Elas costumam ter muitas cracas e parasitas na pele e o salto poderia ajudá-las a se livrar disso. Essa é uma hipótese de limpeza, mas existem outras que citam mecanismos de comunicação, treinamento, defesa e até mesmo descontração. As baleias são seres muito inteligentes e poderiam sim estar se divertindo”, afirma o pesquisador.

De onde vem e para onde vão

As baleias jubarte vivem nas águas geladas da Antártida onde passam boa parte do ano se alimentando de krills, pequenos crustáceos que se assemelham a camarões. Todos os anos, elas viajam cerca de 4 mil quilômetros em direção a Abrolhos, no Sul da Bahia, onde se reproduzem, alimentam e treinam seus filhotes. O Espírito Santo, portanto, é como se fosse um berçário para os cetáceos.

Filhote recém-nascido de baleia é flagrado no litoral do Espírito Santo. Foto: Léo Merçon/Amigos da Jubarte

“No final da década de 80, o número de baleias jubarte era de aproximadamente 800 indivíduos. Com a proibição da caça, esse número saltou para 25 mil, população que migra sempre para a costa brasileira, em águas menos profundas, para cumprir seu ciclo de acasalamento. Por aqui, inclusive, é onde os filhotes ganham o peso necessário antes de retornarem para casa. É fundamental que isso ocorra, pois sem uma camada adequada de gordura, eles podem morrer nas águas geladas da Antártida”, frisa Ferrari.

Observação turística

Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, os passeios turísticos de observação das baleias foram suspensos. Segundo Thiago, na primeira quinzena de junho os pesquisadores irão se reunir para discutir se já é viável retomar a programação. Os interessados devem acessar o site Quero Ver Baleia, onde serão divulgadas todas as informações do serviço.