Dia a dia
Cidade argentina vira paraíso do vinho para brasileiros
A cidade no interior da Argentina e bem perto da Chile se assemelha a um parque temático de vinhos, agora com preços mais atraentes
A chegada no coração de Mendoza, localizada a apenas duas horas de voo de Buenos Aires e próxima à fronteira entre a Argentina e o Chile, deixa evidente qual é a paixão que impulsiona a cidade: o vinho, e não apenas qualquer vinho, mas os de alta qualidade. Como se estivessem em um parque temático exclusivamente dedicado aos adultos, até as fontes que enfeitam as praças estão tingidas de tons de vermelho.
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A combinação de solo fértil e um clima seco, com mais de 300 dias de sol por ano, tem proporcionado colheitas excepcionais de uvas, principalmente Malbec e Cabernet Sauvignon. Estas uvas, originárias da França, encontraram no vale emoldurado pelo Cerro Aconcágua, a maior montanha do mundo fora da Ásia, um ambiente verdadeiramente ideal. Enquanto a majestade dos picos nevados encanta, os turistas desembarcam prontos para explorar algumas das quase 200 vinícolas que estão abertas à visitação nos arredores.
Os brasileiros sempre foram adeptos da rota mendocina, como é conhecida na região, mas nunca com um apetite tão voraz (com o perdão do jogo de palavras). A demanda é tão intensa que, de acordo com informações oficiais, pela primeira vez, eles superaram os chilenos e se tornaram os líderes entre todas as nacionalidades que visitam esta parte do mundo. “Vejo ainda muito espaço para crescer no mercado brasileiro”, diz a secretária local de Turismo, Nora Vicario.
Uma das principais razões para o atual influxo de visitantes brasileiros é a atratividade dos preços. Enquanto na Europa ou nos Estados Unidos, a máxima de “quem converte não se diverte” se torna praticamente inevitável diante da desvalorização do real, na Argentina, que está enfrentando uma crise em que o peso está em queda livre, os brasileiros estão se deleitando. Uma viagem de cinco a seis dias, que inclui passagens aéreas, hospedagem em um hotel de quatro estrelas, passeios e refeições acompanhadas de vinhos locais de qualidade, pode custar em torno de R$ 6.000.
Conforme os brasileiros passaram a visitar com mais frequência, surgiu um nicho de agências especializadas para atendê-los. O enoturismo é o destaque, atraindo desde iniciantes que ficam surpresos com os preços acessíveis por taças de qualidade (mesmo que não atinjam o nível dos vinhos franceses e italianos) até uma clientela experiente no assunto.”Obedecendo o peso permitido, dá para trazer umas catorze garrafas na mala, e muito brasileiro faz isso”, afirma o empresário Rafael Jesus, CEO da agência Suntrip Brasileiros em Mendoza.
Em vinícolas muito requisitadas, como a El Enemigo e a Zuccardi, o português é quase como a língua nativa. Na Zuccardi, que foi eleita a melhor vinícola do mundo em duas ocasiões consecutivas no prêmio inglês World’s Best Vineyards (e agora é hors-concours), um menu de quatro etapas, destacando cortes de carne à moda argentina e harmonização com rótulos de reconhecida excelência, tem um custo aproximado de R$ 500.
Nesse compasso, o número de turistas brasileiros já alcançou os níveis pré-pandemia e está previsto um aumento de 20% neste ano, de acordo com o Instituto Nacional de Promoção Turística da Argentina (Improtur). Um impulso significativo veio com a expansão dos voos diretos – durante a iminente alta temporada, haverá voos diários saindo de São Paulo e Rio de Janeiro, sem escalas em Buenos Aires. Atualmente, o clima no encantador vale, que detém a posição de principal produtor de vinhos da América Latina, requer agasalhos robustos: as temperaturas raramente ultrapassam os 15 graus e, à noite, podem cair para gelados 1 ou 2 graus.
Não custa lembrar que nem só de vinhos vive Mendoza. “É um destino que também oferece natureza e aventura, o que atrai os brasileiros”, diz Natalia Pisoni, do Inprotur, justamente encarregada de fomentar a vinda de turistas do país vizinho. Além do ecoturismo, que inclui rafting, cavalgadas e mountain bike, o cenário nevado tem atraído um curioso fluxo de noivos do Brasil aos altares de Mendoza (em seis meses, cinquenta uniões foram celebradas sob o sol de lá).
“Quem vem quer voltar, e muitos, como eu, ficam de vez”, constata o alemão Michael Halstrick, CEO da Bodega Norton e herdeiro do império de cristais austríacos Swarovski, que se casou com uma argentina e está por lá desde os anos de 1990. Histórias assim são contadas a todo instante aos pés dos Andes, sempre embaladas por uma generosa taça de tinto.
*Com informações da Veja Brasil.
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