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Dia a dia

Casal morreu após tomar óleo de abóbora com solvente

Produto vendido pela internet continha dietilenoglicol em quantidade 130 vezes maior do que o permitido

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Casal Rosineide Dorneles Mendes Oliveira e Willis Penna de Oliveira. Foto: Reprodução/Redes sociais

A Polícia Civil concluiu que o casal Rosineide Dorneles Mendes Oliveira, 51, e Willis Penna de Oliveira, 52, morreu por intoxicação provocada pelo consumo de um produto chamado “óleo de semente de abóbora”, que continha solvente em quantidade 130 vezes maior do que o permitido. A mulher morreu em 15 de fevereiro e o marido no dia 16 de março deste ano.

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O produto era vendido pela internet e prometia controlar taxas de hormônios e o colesterol, e melhorar o condicionamento do aparelho cardiovascular. A perícia da Polícia Civil constatou que o frasco continha um produto altamente tóxico, chamado dietilenoglicol, usado como solvente em diversos processos industriais. A concentração máxima permitida é de 0,10%, mas a embalagem continha uma concentração de 13% do solvente.

O dietilenoglicol é a mesma substância encontrada em lotes da cerveja da marca Backer, de Belo Horizonte, que provocou a morte de 10 pessoas.

O responsável pela empresa que vende o produto, localizada em São Bernardo do Campo, foi preso em flagrante pela Polícia Civil de São Paulo e indiciado por duplo homicídio culposo.

Produto vendido como óleo de semente de abóbora. Foto: Reprodução/ Redes sociais

Produto vendido como óleo de semente de abóbora. Foto: Reprodução/ Redes sociais

O delegado Rodrigo Rosa, titular do 12º Distrito Policial, acredita que o responsável tenha se confundido ao rotular o produto, porque ele também vendia cosméticos. “Ele atuava com vários negócios no mesmo local, que era muito sujo e bagunçado. Tinha até funilaria. Ele confessou que adquiria óleo de semente de abóbora, adicionava anilina, aromatizante, envazava e imprimia rótulos numa impressora improvisada para vender na internet. Ele disse achou que não faria mal para ninguém e que precisava de dinheiro”, completou.

A Polícia Civil começou a investigar o caso quando o filho do casal procurou uma delegacia e informou que os pais haviam sido internados após consumir o “óleo de semente de abóbora” e apresentar insuficiência renal e danos no sistema nervoso central.

Local onde era produzido o óleo de semente de abóbora. Foto: Divulgação/PC

Local onde era produzido o óleo de semente de abóbora. Foto: Divulgação/PC

O que é o dietilenoglicol?

O dietilenoglicol (DEG) é uma substância de cor clara, viscosa, não tem cheiro e tem um gosto adocicado. A fórmula química é C4H10O3. Ela é anticongelante e de uso bastante comum na indústria.

A ingestão pode provocar intoxicação com sintomas como insuficiência renal e problemas neurológicos.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a substância é um solvente orgânico altamente tóxico que causa insuficiência renal e hepática, podendo inclusive levar a morte quando ingerido.

A intoxicação por DEG pode ocorrer quando ele é usado de forma inapropriada em preparações químicas, substituindo outros produtos não tóxicos para o ser humano. Desde 1937, foram registradas dezenas de casos de intoxicação em diferentes países.