Dia a dia
Cais das Artes: relatório do CREA-ES vai pedir pressa nas obras
Equipes constataram que os maiores estragos estão nos elementos ligados aos sistemas metalmecânico e de ares-condicionados
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) entrega, nesta quinta-feira (10), o relatório técnico sobre a situação do Cais das Artes, na Enseada do Suá, em Vitória, ao Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), aos Ministérios Públicos Estadual e Federal e às instâncias judiciais. Equipes constataram que os maiores estragos estão nos elementos ligados aos sistemas metalmecânico e de ares-condicionados.
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A vistoria técnica e fiscal nas obras do Cais das Artes foi feita equipe multidisciplinar formada por engenheiros civis, eletricistas e metalmecânicos do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES). Foi constatado o estado de deterioração das estruturas. Nas partes de concreto, identificaram desgastes causados pela ação do tempo em razão do período em que a obra está parada, porém, menos importantes.
“Existe um impasse sério entre governo do Estado e Justiça. Não são problemas apenas estruturais. No entanto, quanto a parte estrutural, constatamos que o prejuízo é enorme. Não temos valores, mas quanto mais tempo parado, maior será o prejuízo. Por isso, vamos encaminhar o relatório à Justiça e pedir celeridade na solução. Boa parte do que foi feito anteriormente vai precisar ser refeito. É necessário avaliar o projeto de recuperação da área e, ao mesmo tempo, verificar se não seria necessário economicamente modificar o primeiro projeto”, apontou o presidente do Crea-ES engenheiro Jorge Silva.
Ainda segundo o presidente do Crea-ES, o estudo mostra a necessidade de uma sinalização no interior da obra para evitar acidentes, uma vez que há materiais enferrujados que estão expostos. Será necessária a revisão total da rede hidráulica e elétrica. O relatório enviado ao órgãos competentes vai detalhar as anomalias encontradas equipes e as sugestões apontadas pelo Crea-ES.
OBRAS PARADAS
Com obras paralisadas desde 2015, um impasse na Justiça e uma possibilidade de ir parar nas mãos da iniciativa privada, o Cais das Artes, continua em uma espiral de indefinições. Com grandes construções em concreto, um amplo vão central à beira da Baía de Vitória, por sua localização, porte e concepção arquitetônica, o projeto assinado pelo renomado e premiado arquiteto capixaba Paulo Mendes da Rocha tem potencial para fazer inveja a projetos de outras grandes cidades do Brasil e do mundo.
O projeto foi anunciado há 13 anos pelo então governador Paulo Hartung. Até 2018, o Governo do Espírito Santo havia investido, ao todo, mais de R$ 129 milhões no complexo que seria o maior espaço cultural do Espírito Santo, que, inicialmente, tinha inauguração prevista para 2012, com obras iniciadas em 2010.
O projeto de Paulo Mendes da Rocha previa um teatro equipado para possibilitar usos múltiplos como concertos de música acústica ou amplificada, óperas, danças ou peças teatrais. Com capacidade de receber 1,3 mil pessoas, com um palco de aproximadamente 600m² e com um vão livre com mais de 25 metros de altura até o teto, que iria permitir a utilização de diversos cenários em uma mesma apresentação.
O museu compreenderia um espaço de 2,3 mil metros quadrados com auditório para 225 pessoas, cinco salas de exposições, biblioteca, cantina, recepção e cafeteria. Já a praça original foi projetada para ter cafeterias, livrarias e espaços para espetáculos e exposições ao ar livre.
Na época, o projeto do museu contemplava grandes salões com diversas alturas livres e diferentes tamanhos. As instalações poderiam utilizar desde pequenos recintos, para obras que requerem ambientes controlados, a salões com altura livre de até 12 metros, para exposições de grande porte. Esses salões seriam amparados por uma série de espaços de serviços, que iriam permitir, ainda, o desenvolvimento de pesquisas, palestras e ações educativas em geral.
O conjunto arquitetônico projetado tem como característica central a valorização do entorno paisagístico e histórico da cidade. A estrutura passaria uma ideia de leveza. O arquiteto decidiu suspender os edifícios do solo, de modo a permitir visuais livres e desimpedidos, desde a praça até paisagem ao redor. O visitante contemplaria por meio de janelas e rampas envidraçadas o Convento da Penha e a Terceira Ponte.
Questionada sobre o projeto atual, a Secretaria de Estado da Cultura disse que o Cais das Artes deveria comportar um teatro de cerca de 1300 lugares e um museu com área expositiva de mais de 2 mil metros quadrados.
