Dia a dia
Boi mascote de hospital veterinário morre e acadêmicos lamentam
Picolino nasceu dentro da universidade e, ao longo dos seus nove anos, teve contato com mais de 650 estudantes de 18 turmas diferentes
A comunidade acadêmica da Medicina Veterinária da Universidade de Vila Velha (UVV) está em luto. O grupo perdeu, na manhã desta quarta-feira (14), um membro importante da sua equipe, o boi Picolino. O animal, de nove anos, nasceu dentro do hospital veterinário e foi criado entre os alunos e os professores. Nesse período, ele “ajudou a formar” mais de 650 estudantes.
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Bárbara Loureiro, diretora do Hospital Veterinário da UVV, conta que o boi lutava contra uma doença viral que provocava tumores em seu corpo. E, apesar da dor da despedida, destacou a importância de Picolino ter convivido tanto tempo entre os alunos. “É importante que eles tenham esses animais em suas rotinas. E Picolino, em especial, foi muito utilizado nas aulas como modelo de parâmetros e avaliações clínicas. Apesar do seu tamanho e peso (que beirava uma tonelada), era um boi de estimação que acreditava ser um cachorro”.
E esse comportamento tem explicação. Ao nascer, o boi perdeu a mãe. A residente Julia Piccoli, hoje professora de anestesiologia do curso de Medicina Veterinária da universidade, passou a cuidar diariamente do jovem bezerro, mais tarde batizado com uma variação do seu sobrenome. “Ele tinha apenas 15kg e precisava de cuidados intensivos. Dávamos de mamar para ele e ficávamos juntos durante a madrugada. Conforme ele foi crescendo, passeava pelo hospital interagindo com os outros animais. Pode parecer bobo, mas ele participou ativamente das nossas vidas e tem total influência na formação de todos os alunos que o conheceram”.
É como se Picolino tivesse escolhido essa vida entre cães, gatos e seres humanos. De acordo com Bárbara Loureiro, o boi chegou a ser levado à fazenda da universidade, em Guarapari, por duas ocasiões para viver no campo. Mas em nenhuma delas ele se acostumou. “Picolino odiava a fazenda, quebrava tudo por lá. Por isso, passou a viver aqui em uma baia própria. Todos que chegavam ao hospital o viam e brincavam com ele”.
Nas redes sociais, estudantes também lamentaram sua morte. “Você nos ensinou muito, não só sobre a veterinária, mas também sobre o amor incondicional. A Medicina Veterinária não será a mesma sem você!”, disse Lhorenn Peres Jabôr.
Após uma vida de serviços prestados e saudades deixada entre tantos, Picolino será devidamente homenageado. De acordo com a direção do hospital, o boi foi enterrado nos fundos da capela da fazenda da universidade onde será para sempre lembrado pelos antigos e novos estudantes do curso de Medicina Veterinária.