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Ataque em escola de Vitória foi inspirado no massacre de São Paulo

Segundo o MPES, o jovem “utilizou a internet como ambiente propício para o amadurecimento da idealização criminosa”

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Ex-aluno de 18 anos foi detido após invadir a EMEF Éber Louzada Zippinotti. Foto: Reprodução/WhatsApp

Ex-aluno de 18 anos foi detido após invadir a EMEF Éber Louzada Zippinotti. Foto: Reprodução/WhatsApp

O jovem de 18 anos, autor do ataque à Escola Municipal de Ensino Fundamental Eber Louzada Zippinotti, em Jardim da Penha, Vitória, planejou o ataque inspirado no massacre em uma escola de Suzano, em São Paulo. O crime foi em março de 2019 e deixou sete mortos sendo cinco alunos e duas funcionárias do colégio. Em seguida, um dos assassinos atirou no comparsa e, então, se suicidou.

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Henrique Lira Trad era ex-aluno do colégio. A investigação aponta que, antes do ataque, ainda em 2019, o jovem participou de conversas na “Deep Web” – uma camada da internet que não é visível nos buscadores tradicionais – com colegas onde cogitava promover um atentado na escola. Com o tempo, o rapaz passou a se dedicar à preparação do que seria um massacre à EMEF Éber Louzada Zippinotti.

Em denúncia oferecida à Justiça no último dia 23, pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), consta que o jovem “utilizou a internet como ambiente propício para o amadurecimento da idealização criminosa”. A perícia mostra que foi onde ele se “aprofundou em temas como: armas, racismo, nazismo, atentados, morte, e até mesmo na chacina na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano”. Mantinha ainda contato com colegas de uma comunidade chamada, em inglês, de “True Crime Community”, que reúne uma espécie de fã clube de criminosos em série.

A investigação mostrou ainda que, no dia do crime, Henrique passou horas jogando “Morimyia Middle School Shooting” – jogo de suspense policial onde uma garota aponta armas e atira na escola -. Foi às 13h45, do dia 19 de agosto, que o jovem solicitou um motorista de aplicativo e foi até Jardim da Penha. Ele saltou e se preparou para o ataque à escola. Ele armou-se com três bestas, uma faca grande, seis facas ninja, 57 dardos e flechas, três garrafas de coquetel molotov e uma outra com líquido inflamável, isqueiro, fósforo, luvas, máscara personalizada, e cadeado para “trancar a escola e evitar o socorro às potenciais vítimas”.

Na instituição, o jovem tentou entrar, dizendo ao porteiro que iria participar de uma reunião, mas foi impedido. Para ter acesso às dependências da escola, pulou o muro pela lateral e foi até a sala dos professores. Mirou a arma para a coordenadora, no entanto, “falhou”. A vítima e outro professor conseguiram fechar a porta. Em seguida, ele se dirigiu a entrada principal e trancou com o cadeado, para evitar que as pessoas saíssem e que o socorro pudessem entrar. Depois foi até o segundo andar, onde estavam as crianças.

No segundo andar, atirou em um prestador de serviço da escola, mas acertou a parede. No corredor, se deparou com uma criança de 10 anos, e apontou a besta para a testa do menino. A vítima conseguiu chutar a arma e acabou sofrendo lesões no rosto. Entrou na sala do 5º ano e atirou na perna de uma professora. Apontou a arma para uma outra criança, mas, novamente, a besta falhou.

No momento em que armava novamente a besta, o professor de educação física conseguiu imobilizar o jovem até a chegada da Polícia Militar. Aos policiais, disse que o objetivo era “matar quantas pessoas fosse possível e forçar um confronto com a Polícia, esperando que deste confronto ele fosse alvejado e morto”.

Ainda segundo a denúncia do MPES, o crime foi praticado por motivo torpe – considerado como imoral -. Segundo depoimento do jovem, o ataque foi motivado por ele ter sofrido bullying na EMEF Éber Louzada Zippinotti. Desde então, isso desencadeou um desejo de vingança, em que ele nutriu também uma admiração a ataques terroristas e massacres. Fazendo com que ele atentasse contra a vida de pessoas que nada tinham em relação com os fatos.

O Ministério Público do Espírito Santo solicitou a manutenção da prisão preventiva do suspeito, bem como que seja encaminhada cópia do documento à Justiça Federal, competente para processamento e julgamento dos crimes previstos na Lei Antiterrorismo.