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Como a Maranata vive sem pedir dinheiro nos cultos

Como a Igreja Cristã Maranata se mantém? Três pastores explicam nesta reportagem, destacando o voluntariado e o dízimo voluntário dos membros

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Templo da Igreja Cristã Maranata. Crédito: Divulgação

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Com a força de dois pilares, o voluntariado e a contribuição espontânea dos dizimistas, a Igreja Cristã Maranata (ICM) consegue se manter financeiramente sem pedir dinheiro aos fiéis durante os cultos. Por princípio doutrinário, a Maranata se recusa expressamente a constranger seus servos a contribuir financeiramente durante os momentos espirituais que devem ser reservados ao contato do crente com Deus e sua Palavra.

É o que explicam, nesta reportagem, os pastores Luiz Eugênio do Rosário Santos, Josias Junior, Gilson Pereira de Sousa e Antonio Carlos Rodrigues de Oliveira.

Secretário executivo da Maranata, o Pastor Luiz Eugênio explica: “A Igreja Cristã Maranata não tem nenhuma crítica a fazer sobre outras igrejas que pedem dinheiro no culto. A questão de não pedir dinheiro é voltada aos nossos princípios de fé, de expressão da nossa fé, que tem nos sustentado durante estes 55 anos. E nada tem nos faltado.”

Pastor Luiz Eugênio. Crédito: Divulgação

O Pastor Josias também esclarece: “A Igreja Cristã Maranata tem por princípio não pedir contribuição financeira durante o momento do culto. Por que isso? Porque nós entendemos que o culto é um momento espiritual, é um momento de ligação do homem com Deus. É o alimento espiritual. O nosso culto não traz no seu bojo nenhum momento, por exemplo, de grandes pregadores, de corais, de grandes apresentações. Nós não fazemos isso. O culto não é uma demanda da instituição, mas uma demanda do crente. O crente precisa do culto. E, ao ir ao culto, ele quer ter uma experiência espiritual”.

Ele acrescenta que, muito ocasionalmente, a ICM pode até aceitar a doação voluntária de algum bem material por iniciativa espontânea de algum membro que queria contribuir com alguma causa. Mesmo assim, explica o pastor, isso é feito de maneira extremamente rigorosa e criteriosa:

“Eventualmente aceitamos uma doação. Mas não pedimos. E, mesmo quando a iniciativa é daquele que quer doar, nós avaliamos se realmente será algo bom para ele que está doando. Temos vários casos de doação que foi oferecida, como um caso que aconteceu conosco que virou uma referência. Um cidadão, membro ativo da Igreja, quis doar uma propriedade, e a pessoa que estava fazendo essa interação com ele lhe perguntou: ‘Você tem filhos?’ Ele respondeu que tinha uma filha. ‘Então isso não é seu. É da sua filha, por herança. Está aceito, do ponto de vista do nosso sentimento. Mas você vai manter esse imóvel no seu patrimônio’. E esse imóvel veio a ser a fonte de renda da filha, depois que o cidadão faleceu”, relata o pastor.

O voluntariado dos pastores e dos membros

Pastor Josias Junior. Crédito: Divulgação

O leitor a este ponto pode estar a se perguntar: se a Maranata não pede dinheiro, como ela se mantém financeiramente?

A primeira parte da resposta está no primeiro dos dois pilares citados no início deste texto: a força do voluntariado, cujo exemplo parte dos próprios pastores, contagiando os fiéis e se espalhando entre eles. Na Maranata, os mais de 4 mil pastores em atividade no país desempenham suas funções religiosas como voluntários.

“O grande responsável é o voluntariado”, responde o Pastor Josias. “A Igreja tem uma cultura do voluntariado, desde o seu início, a partir do desejo de participação e da nossa maneira de adorar a Deus. Nós temos para mais de 4 mil pastores no Brasil. Todos são voluntários. Nenhum recebe salário. No momento do culto, estamos ali para servir a Deus. E nosso objetivo ali é nos tornarmos apenas um vaso nas mãos de Deus.”

Ele cita uma passagem do Novo Testamento para exemplificar o papel que compete aos pastores na Maranata: “Existe um texto da Bíblia que acho que define muito bem isso, quando Jesus multiplica os pães. Quem multiplicou o pão foi Jesus, mas a Bíblia diz o seguinte: ‘E ele deu aos discípulos, e os discípulos, à multidão’. Então entendemos que aqueles que são responsáveis pela condução do culto, que é voluntária, porque o pastor na Maranata é voluntário, têm por papel receber de graça e dar de graça. Somos meros vasos, o invólucro. Jesus é que enche o vaso.”

Engenheiro civil no mundo profissional, o Pastor Antonio Carlos ressalta que a atuação voluntária dos pastores é um dos fundamentos da Maranata: “Nós entendemos que o dono de tudo, do Céu e da Terra, de tudo que existe, é Deus. Ele é o dono da nossa vida, da nossa saúde, da nossa subsistência. Esse sempre foi o nosso princípio. No início da nossa Igreja, o Senhor, nosso Deus, nos disse que o ministério na nossa Igreja não seria remunerado”.

Pastor Antonio Carlos Oliveira. Crédito: Divulgação

O Pastor Antonio Carlos também cita como exemplo o colega Pastor Gilson, aposentado da empresa Vale, onde trabalhava na área financeira. Os dois hoje estão entre os 19 membros do Conselho Presbiteral da ICM, conselho deliberativo de abrangência nacional.

“Cada pastor aqui é um profissional, como todos são. Eu sou engenheiro. O Gilson tem formação na área financeira. E todos nós somos voluntários em funções na Igreja. Para nós, o ministério não é título, mas uma função. Você tem lá o diácono, tem o pastor, que tem o governo da Igreja. Temos lá senhoras que fazem o seu trabalho, professoras de crianças, temos a área do louvor com instrumentistas e cantores. Cada um tem uma função. E todos são voluntários.”

Naturalmente, devido à magnitude da Igreja Cristã Maranata e dos serviços mantidos pela Igreja, nem todos são voluntários. Existe a necessidade de contratação de funcionários fixos remunerados em diversos setores, como o administrativo, o jurídico e o de comunicação.

“Obviamente que uma instituição como esta, do porte que chegou, e com a necessidade de atenção contínua a diversas demandas, precisa ter funcionários”, corrobora o Pastor Josias, ele mesmo funcionário remunerado da Maranata por seus serviços como jornalista e publicitário. “Não ganho por ser pastor. Ganho por ser funcionário”, separa ele.

O funcionamento dos templos não demanda nenhum funcionário. E, mesmo na megaestrutura do Maanaim de Domingos Martins, a grande maioria dos colaboradores são voluntários, completa o Pastor Josias. “O Maanaim tem seminários a cada dois fins de semana. Isso demanda 400 pessoas para limpeza, hospedagem, alojamento, alimentação. Essas 400 pessoas são todas voluntárias, e tem fila para ser voluntário. A equipe profissional fixa, que está ali no dia a dia do Maanaim, não passa de 20 pessoas. O uso racional, responsável e transparente do recurso é o que nos permite o funcionamento.”

De todo modo, o quadro de funcionários fixos, a manutenção dos templos, a estrutura do Maanaim, da Rádio Maanaim etc…. Tudo isso envolve custos que demandam alguma forma de renda para serem pagos. Como a Maranata paga seus gatos com pessoal e custeio? De onde vem a renda da Igreja? Como entram os recursos para cobrir tais despesas?

“Através dos dízimos”, responde o Pastor Josias, o que nos leva ao último e importantíssimo ponto.

O dízimo: um princípio doutrinário bíblico

O “dízimo”, como o próprio termo sugere, corresponde à contribuição voluntária mensal do fiel para a Igreja com 1/10 (ou 10%) da sua renda mensal.

A prática do dízimo pode ser compreendida como uma “recomendação bíblica”, como explana o Pastor Gilson. Consta em diversas passagens do livro sagrado dos cristãos, como no Novo Testamento e em cartas dos apóstolos.

A doação é absolutamente voluntária. Parte espontaneamente do crente, e os líderes religiosos da Maranata não ficam incentivando, muito menos cobrando os fiéis a assim procederem.

“É o próprio fiel da Igreja que voluntariamente toma a iniciativa de procurar os pastores querendo contribuir com o pagamento do dízimo. Não incentivamos ninguém a dar o dízimo. O crente descobre, porque ele é levado a ler a Bíblia. Ele descobre que o dízimo é uma experiência de fé e ele quer viver essa experiência. Então é o crente que nos procura para dar o dízimo, voluntariamente”, explica o Pastor Josias. “Ninguém vai cobrar isso dele. Ninguém vai ficar fiscalizando. Essa é uma experiência dele”, completa.

O Pastor Gilson também sublinha o voluntarismo da prática: “Não abordamos esse assunto de dinheiro em momento algum na Igreja. Falamos, sim, sobre ‘fidelidade’, sobre ‘ser fiel aos princípios bíblicos’, mas não usamos nem o nome ‘dízimo’ nem o nome ‘dinheiro’. É por isso exatamente que as pessoas às vezes descobrem isso na Bíblia e vêm nos perguntar: ‘Eu queria dar dízimo, como é que eu faço?’”.

Pastor Gilson Pereira. Crédito: Divulgação

É assim, basicamente, que a ICM se sustenta do ponto de vista financeiro. É com essa fonte de renda que seus funcionários são pagos.

Como salienta o Pastor Antonio Carlos, os pastores não apenas são voluntários como estão entre os que mais contribuem com o dízimo:

“O pastor não recebe da Igreja. Ao contrário, os maiores dizimistas da Igreja são os pastores. Os pastores são escolhidos primeiramente por Deus. Mas tem alguns requisitos que fazem parte da orientação da Igreja. Portanto, podemos dizer que praticamente todos os pastores são dizimistas. Então é o contrário: em vez de a Igreja pagar ao pastor, o pastor é ofertante também.”

O Pastor Gilson acrescenta que a ICM não aceita recursos públicos. “Nós não usamos dinheiro de fora. Vivemos dos dízimos de fiéis, pastores, Igreja. Não aceitamos, por exemplo, dinheiro do governo, nem de organizações sociais nem de pessoas de fora da Igreja. A nossa arrecadação vem exclusivamente de pessoas que são membros da Igreja.”

Ele explica que o dízimo tem a ver com a fidelidade a Deus e aos princípios bíblicos. Segundo a concepção mantida pela Maranata, o fiel não deve contribuir com o dízimo esperando algo em troca, isto é, com a expectativa de obter de Deus algum tipo de recompensa. Ao contrário, o dízimo deve ser praticado por quem assim quiser como uma forma de reconhecimento e gratidão por tudo o que Deus já tem operado em sua vida.

“É algo que vou dar não para esperar algo em troca, mas porque já recebi antecipadamente. Essa é uma expressão que mostra o princípio doutrinário bíblico sobre o dízimo que nós adotamos e ensinamos para o nosso povo: quando entregamos o dízimo não estamos entregando na expectativa de que amanhã ou depois Deus vai me abençoar, vai me dar um novo emprego, um novo carro… Não pensamos assim. Pensamos em uma gratidão a Deus por tudo o que Ele já fez por nós”, esclarece o Pastor Gilson, também professor voluntário nos seminários da Maranata e na Escola Bíblica Dominical.

“Pelo fato de nós não cobrarmos e não fiscalizarmos ninguém, nosso povo espontaneamente entrega o dízimo. Não somos hoje uma igreja rica. Existem muitas igrejas no Brasil muito mais ricas que nós. Mas temos tudo de que precisamos para a finalidade para a qual estamos neste mundo como Igreja, que é pregar o Evangelho”, conclui Gilson.


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