Flávia da Veiga
Tudo passa. Isso também passará
Está difícil não é mesmo? Também estou achando. Está tudo esquisito. O isolamento, as pessoas, o trabalho. Às vezes bate uma angústia, uma ansiedade, uma sensação de que isso nunca mais acabará.
Eu também me sinto assim. Dia desses me deparei com um conto que me fez refletir que tudo passará, que confesso que me aqueceu o coração. Gostaria de compartilhar com você:
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“Havia um rei e ele disse uma vez a seus sábios da corte:
– Eu tenho um anel com um dos melhores diamantes do mundo e quero esconder uma mensagem embaixo da pedra que pode ser útil em momentos de desespero. Darei este anel aos meus herdeiros e quero que os sirva fielmente. Crie uma mensagem para ser inscrita sob o diamante. Deve ser curto para caber no anel.
Os sábios sabiam escrever tratados, mas não podiam se expressar em uma frase curta. Eles tentaram muito, mas não conseguiram pensar em nada.
O rei queixou-se do fracasso de seu empreendimento com um velho servo fiel que o criou desde a infância e fazia parte da família. E o velho disse-lhe:
– Não sou um sábio, não sou educado, mas conheço essa mensagem. Durante os muitos anos que passei no palácio, conheci muitas pessoas. Certa vez, servi a um místico visitante que seu pai convidou e ele me passou esta mensagem. Apenas não leia, coloque-o embaixo da pedra dentro do anel e leia-o apenas quando não houver saída.
O rei ouviu o velho servo.
Depois de algum tempo, os inimigos atacaram o país e o rei perdeu a guerra. Ele fugiu em seu cavalo e os inimigos o perseguiram. Ele estava sozinho, eles eram muitos. Ele dirigiu até o fim da estrada. Havia um grande penhasco diante dele, se ele caísse lá seria o fim. Ele não podia voltar, pois os inimigos estavam se aproximando. Ele já ouviu o barulho dos cascos dos cavalos. Ele não tinha saída. Ele estava em completo desespero.
Então ele se lembrou do anel. Ele a abriu e, embaixo da pedra, encontrou uma inscrição de três palavras: “Isso também passará”. Depois de ler a mensagem, sentiu que tudo ficou em silêncio. Aparentemente, os perseguidores se perderam e seguiram na direção errada. Cavalos não eram mais ouvidos.
O rei ficou cheio de gratidão ao servo e ao místico desconhecido. Palavras eram poderosas. Ele fechou o anel e pegou a estrada. Mais uma vez, ele reuniu seu exército e reconquistou seu estado.
No dia em que ele voltou ao palácio, eles organizaram uma generosa recepção para ele – um banquete para todo o país. As pessoas amavam seu rei. O rei estava feliz e orgulhoso.
O velho criado aproximou-se dele e disse baixinho:
– Até esse momento passará. Veja a mensagem novamente.
– Agora eu sou o vencedor. As pessoas estão comemorando meu retorno, não estou desesperado.
– Ouça o velho servo. Respondeu ele.
– Ele funciona não apenas nos maus momentos, mas também nos bons.
O rei abriu o anel e leu: “Isso também passará”.
Mais uma vez, ele sentiu o silêncio caindo sobre ele. Embora ele estivesse no meio de uma multidão barulhenta e dançante. Sentimento de orgulho e direito desapareceram. Ele entendeu a mensagem. Ele era um homem sábio.
E então o velho servo disse:
– Você se lembra de tudo o que aconteceu com você? Nada é permanente. Nenhum sentimento permanece. À medida que a noite muda o dia, momentos de alegria e desespero se substituem. Aceite-os como a natureza das coisas, como parte da vida”.
Este é um conto marcante. Sabe porquê? Nós temos uma percepção que Felicidade é relacionada a momentos. Nos limitamos a achar que somente os acontecimentos positivos da nossa vida são responsáveis pela nossa felicidade. Mas nós não temos controle direto pelo que acontece nas nossas vidas, mas conseguimos ter controle sobre como reagimos e lidamos com aquela determinada situação.
E o primeiro passo para esse controle é aceitar a impermanência. E existem chaves para que aconteça essa compreensão. Sabe quais são elas?
A primeira está relacionada a ter a consciência de que tudo passa. Ter em mente que todas as situações são passageiras. As agradáveis e as desagradáveis. Portanto, viva cada momento como único e especial. Por melhor que seja, também passará. Não se prenda nem se apegue.
Já a segunda chave está ligada a aceitar. É a capacidade de encarar aquela situação de frente sem fugir dela, por mais difícil e dolorosa que possa ser. Aceitar não é se entregar. Aceitar é acolher, sentir, refletir e depois seguir adiante.
A terceira vem da reflexão no momento da aceitação. É necessário pensar em como essa situação pode te fazer mais sábio. O que posso aprender com o acontecimento? Como posso evoluir a partir dessa visão?
A chave da Felicidade não é o momento em si, mas sim como aquele momento é interpretado. A nossa consciência pelo que aconteceu, sobre os nossos pensamentos, sobre os nossos sentimentos e nossas emoções. Estes fatores não definem o que nós somos. Não são bons, nem ruins, são neutros, mas a forma como a gente interpreta é o que faz toda a diferença, e é na forma como enxergamos as situações é que está todo o nosso poder. E como sabiamente já dizia Jung: “Eu não sou o que me aconteceu, sou o que escolho me tornar.”
E o meu desejo é que você comece se abrindo para a consciência. Esse é um bom caminho para a felicidade.
E lembre-se: isso também passará.
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