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Trilhões de dólares em escritórios querem ser úteis como antes

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Por Erik Lorezon Coutinho

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Você sabia que os imóveis são, de longe, a maior classe de ativos do mundo? Eles superam os US$ 200 trilhões em valor patrimonial (2017, Savills World Research). Globalmente somado, isso significa mais do que todas as ações em bolsa e débitos securitizados.

Desses trilhões, a maior parte é residencial. E mesmo com a pandemia, essa classe de ativos vai muito bem, obrigado.
Mas, por outro lado, vamos dar uma olhada no que a pandemia fez com a categoria mais volátil de imóveis, que são as lajes corporativas — os escritórios.

Desde o início da crise da COVID-19, muitas variáveis entraram em jogo, o que por acabou por alterar a utilidade dos escritórios. Num mundo utilitarista, o que não é útil não tem valor, certo? No tocante a isso, as métricas do mercado financeiro são as mais rápidas em captarem essa perda de “utilidade”, vide o valor das cotas de fundos imobiliários de escritórios. Alguns chegaram a perder 40% do valor – ou mais – desde janeiro de 2020.

Outras métricas demoram mais para refletir essa perda de valor. A taxa de vacância é uma delas, visto que só aumenta à medida que o saldo de contratos de aluguel vai caindo. Além disso, contratos não se desfazem tão rapidamente quanto a venda de cotas de um fundo imobiliário. Mesmo com meses seguidos de escritórios vazios, a taxa de vacância nos grandes centros ainda aumentava poucos pontos percentuais. Porém, com um ano de pandemia, São Paulo capital, por exemplo, já acumulou um aumento de vacância de 6.37% para os escritórios A+ e A (2021, Consultoria SiiLA).

Diante desse cenário, a dúvida que ainda paira sobre a nossa mente é saber se vamos voltar a usar os escritórios como antes da pandemia. Evidentemente, isso vai depender da combinação de várias tendências sobrepostas, e cada uma puxando para um lado.

A volta do crescimento global é tendência positiva. O avanço da vacinação também. A tendência do regime híbrido de trabalho (parte da semana em home office, e outra parte no escritório), por sua vez, gera ociosidade de espaços, uma vez que as pessoas não vão todos os dias aos escritórios. Existe também a questão da modalidade home office já ter sido identificada como fonte de estresse e má qualidade de vida para muitos. Mesmo assim, 65% dos “home workers” não querem voltar ao escritório (2021, World Economic Forum), e é nesse ponto que as empresas começam a se perguntar se é mais barato pagar um aluguel, ou se não seria melhor investir em aprendizado a fim de melhorar o regime de trabalho home office.

Vamos ver como a força inigualável desse setor vai atuar nesse novo cenário, o qual tem demandado menos escritórios, ameaçado assim o valor trilionário do seu patrimônio. Sem dúvida, esses trilhões vão fazer muita força para voltarem a ser o que eram antes da pandemia.

Sobre o autor

Erik Lorezon Coutinho. Foto: Divulgação

Erik Lorezon Coutinho Fundador do NaCapital Escritórios. Já foi executivo de novos negócios na Lorenge Incorporadora e consultor de tecnologia para grandes empresas na Europa como Sony, Vodafone, Hewlett Packard e British Telecom. Tem formação em marketing, engenharia e gestão empresarial.


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