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O “fan service” está destruindo as boas histórias?
A expressão “fan service” tem origem no universo dos animes e dos mangás e consiste na introdução de elementos supérfluos com o simples objetivo de entreter o público.
Existe, inclusive, uma categoria inteira de animes de fan service. No entanto, o termo foi sendo gradativamente incorporado por outros domínios fictícios, agregando mais e mais amplitude ao seu significado.
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Diálogos, casais extremamente forçados, personagens que mudam drasticamente de personalidade, enfim. Esses são alguns exemplos de fan services mais recorrentes no microcosmo das séries. A intenção de quem os coloca no meio da história é manter o público fiel e extrair dele reações positivas para conservar e até elevar o hype do programa. Entretanto, até que ponto essas escolhas são inteligentes?
É um ciclo: a audiência cria um vínculo afetivo com a obra e passa a promovê-la exigindo, em troca, que suas demandas sejam atendidas. Ao serem atendidas as vontades, quando novas pessoas levantadas pelos fãs se rendem e tentam assistir ao programa, encontram algo desinteressante a qualquer um que se encontre fora da bolha da adoração. Em um piscar de olhos, a autonomia e o controle criativo saem de cena, a essência se perde e a arte original se transforma em uma fanfic de si mesma.
A ficção é sim feita para os fãs. Isso é fato. É necessário, porém, saber separar o que é um objeto de contemplação e o que as minhas mãos podem de fato moldar. Quando nós nos submetemos a ser fãs de alguma coisa, estamos assinando um pacto de confiança com o autor, já que foi ele quem nos apresentou a essa obra. E se é essa a obra que queremos, é esse o autor a quem ela pertence.
No Dudecast da semana, discutimos como o fan service pode ajudar, ressuscitar ou destruir de vez seu entretenimento favorito.
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