Empreendedora do ES transforma brinquedos da filha em negócio e fatura R$ 15 mil/mês

Transformar desafios em oportunidades: a jornada de Viviane e seu Brinquechó nos ensina que a superação é possível! Foto: Geraldo Neto

Viviane dos Santos, nascida no Paraná e ex-residente de São Paulo, mudou-se para o Espírito Santo a trabalho. Depois de casar, ter uma filha e enfrentar o desemprego, ela se viu em meio a um divórcio, endividada e criando a filha sozinha. Viviane passou por uma crise de pânico e, por um tempo, sua vida girou em torno da filha e de trabalhos freelancer para garantir o sustento.

“Recomeçar nunca é fácil. A gente idealiza uma vida perfeita, mas nem sempre sai como planejado. Foi desafiador encarar essa fase com uma filha pequena, sem rede de apoio e com muitas feridas para curar. Não foi bonito; cheguei a ter uma crise de pânico, mas graças a Deus, consegui dar a volta por cima”, compartilha, emocionada.

A ideia para o Brinquechó, o primeiro brechó de brinquedos usados do Brasil, surgiu de uma conversa com uma amiga que a incentivou a cuidar de si mesma. Com a casa cheia de brinquedos da filha, Viviane encontrou ali uma oportunidade. A venda começou com os brinquedos que estavam parados, mas logo o modelo de negócio provou ser promissor. “Minha maior motivação foi minha filha. Quando soube que teria uma menina, quis mostrar a ela que é possível recomeçar, transformar a vida e ser feliz e realizada”, conta Viviane.

Nos primeiros meses, o Brinquechó faturou R$ 10 mil e, em pouco tempo, a rede solidária cresceu: os fornecedores ficam com 60% das vendas, garantindo uma parceria vantajosa para todos. O sucesso foi tanto que, nas semanas anteriores ao Dia das Crianças, o faturamento mensal dobrou.

“O que sinto hoje é gratidão. Quando olho para trás, vejo minhas quedas e conquistas, e isso me enche de orgulho. Acredito no meu potencial e sigo em frente, mesmo com medo”, reflete Viviane.

Operando na casa de Viviane em Vitória/ES, o Brinquechó hoje fatura em média R$ 15 mil mensais, valor que chegou a R$ 30 mil em setembro, com a alta demanda do Dia das Crianças. “Brinco que o maior desafio nem é conseguir clientes, mas fornecedores — pais dispostos a desapegar de brinquedos em bom estado”, diz Viviane, que administra um grupo no WhatsApp com mais de 900 participantes e uma lista adicional de 200 clientes frequentes, além dos seguidores nas redes sociais.

“Dividir a casa com a empresa enquanto cuido da minha filha sozinha é um desafio. Faço o meu melhor sem buscar a perfeição, apenas sendo real”, diz Viviane.

O sucesso do Brinquechó reflete uma tendência global. Segundo dados do Sebrae, o Brasil contava com mais de 118 mil brechós ativos em 2023, um aumento de 30,97% em cinco anos. Mundialmente, o mercado de itens usados está em expansão, e o portal ThredUp projeta um crescimento contínuo para o setor, estimado em US$ 350 bilhões nos próximos anos.

Com o orçamento apertado, muitas famílias estão optando por presentes mais acessíveis e sustentáveis. “Neste ano, vendemos o dobro de brinquedos em relação ao mesmo período do ano passado. É emocionante ajudar tantas famílias a encontrar opções econômicas e sustentáveis.”

Oportunidades de crescimento

Com a demanda crescente, especialmente em datas comemorativas, o Brinquechó vende mais de 6 mil brinquedos ao ano e tem planos de expansão. Focado no digital, o negócio utiliza o WhatsApp para se conectar com clientes e fornecedores, e conta com uma presença forte no Instagram. “Nossa meta é crescer de forma sustentável, criando um centro de distribuição e um site para facilitar as vendas. Esperamos que o Brinquechó se torne referência em brinquedos usados no Brasil”, planeja Viviane.

Consumo sustentável em alta

A tendência de consumo consciente ganha força, especialmente entre famílias que buscam qualidade no tempo passado com as crianças e preferem presentes educativos e experiências. “O que mais me emociona é saber que estamos ajudando outras famílias a celebrar de forma mais acessível e sustentável. Nossa missão é levar alegria a tantas crianças e pais, especialmente em tempos difíceis”, conclui Viviane.

A filha, sua maior motivação

“O olhar de orgulho dela por mim me emociona. Ela diz que a mamãe tem o melhor emprego do mundo, e isso é muito especial. Somos os primeiros espelhos dos nossos filhos, e espero ser para ela um exemplo de fé, resiliência e persistência”, finaliza Viviane.

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