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Coluna Vitor Vogas

No ES, Guedes promete correção do mínimo acima da inflação

Reclamando de “uma fake news por dia” e de “pica-paus e picaretas”, ministro da Economia também negou que pretenda acabar com descontos de gastos médicos e com educação no Imposto de Renda

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'se alguém me mostrar que estou fazendo algo muito errado, vou embora', disse o ministro da Economia. Foto: Alan Santos/PR

Paulo Guedes é o ministro da Economia. Foto: Alan Santos/PR

Em palestra para estudantes e empresários em Vitória nesta quarta-feira (26), o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu que o governo Bolsonaro vai corrigir salários, pensões e aposentadorias acima da inflação nos próximos anos, se o atual presidente for reeleito.

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Reclamando de precisar desmentir “uma fake news por dia” por conta da ação de “pica-paus e picaretas”, o ministro também negou que pretenda acabar com as deduções do Imposto de Renda relativas a gastos médicos e com educação.

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“É uma mentira por dia! Se durante a pandemia nós corrigimos o salário mínimo, as aposentadorias e pensões pela inflação, por que agora que acabou a pandemia nós não faríamos isso? Nós vamos subir até um pouco acima da inflação. Ponto. Acabou, Então é fake news. Aí não dá pra atacar por ali, eles vão pra outra. Não, ‘vai tirar as isenções do Imposto de Renda’. Era um estudo. Toda arca de Noé tem um pica-pau. E o pica-pau petista fica vazando as coisas”, disse Guedes à plateia.

A fala do ministro se deu durante o painel promovido na Fucape Business School pelo professor e empresário Aridelmo Teixeira (Novo), dono da faculdade. Derrotado no 1º turno da eleição para governador, Aridelmo apoia Manato (PL) no 2º turno e, segundo o próprio candidato, será o seu secretário da Fazenda em caso de vitória sobre Renato Casagrande (PSB) no próximo domingo (30). Manato também participou da mesa, ao lado de Guedes e de Aridelmo.

O ministro da Economia tem feito várias palestras como essa pelo país, a fim de consertar o estrago gerado pelo vazamento de planos e estudos do seu ministério, intensamente explorados pela campanha de Lula. Nesta quarta mesmo, ele também falou sobre o tema a empresários em Minas Gerais.

A Folha de S. Paulo revelou o plano do Ministério da Economia de desindexar o salário mínimo da inflação, ou seja, deixar de corrigir pela inflação o salário mínimo e, consequentemente, benefícios previdenciários vinculados ao valor fixado, como pensões e aposentadorias. Seria uma forma de “quebrar o piso” de gastos da União, para frear o crescimento das despesas que hoje pressionam o orçamento.

Na prática, isso acarretaria a perda do poder de compra do salário, isto é, “perda real” para o trabalhador.

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Já o Estado de S. Paulo publicou um estudo do Ministério da Economia que estimou a receita extra resultante do fim dos descontos de despesas médicas e com educação no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Se concretizada, a ideia atingiria em cheio os bolsos da classe média brasileira.

Segundo a reportagem, a arrecadação extra para o Tesouro Nacional com a medida seria de R$ 30 bilhões, o que poderia permitir, por exemplo, que Bolsonaro cumprisse a sua promessa de manter o Auxílio Brasil em definitivo.

O Estadão informou que o relatório em questão foi feito sem o aval de Paulo Guedes. Ao jornal, o Ministério da Economia disse não reconhecer a validade do documento. De todo modo, a campanha de Lula tem se fartado com o material proporcionado pelo próprio Ministério da Economia, a ponto de Guedes estar sendo considerado um cabo eleitoral involuntário da campanha adversária.

Em 2018, Bolsonaro foi eleito com a promessa, não cumprida no atual governo, de isentar do Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos por mês. Agora buscando a reeleição, o presidente volta a prometer isentar do IRPF quem recebe até R$ 6 mil. Por sua vez, Lula já havia prometido corrigir o salário mínimo sempre acima da inflação. Também já prometera isentar do Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil. A tabela do IRPF está sem correção desde 2015.

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Em sua palestra em Vitória, procurando projetar a imagem mais positiva possível do atual governo, do atual cenário econômico e das perspectivas para o país nos próximos anos, Guedes citou medidas do seu ministério em benefício da população, como o perdão das dívidas de estudantes e outros planos que estariam em andamento, mas que, segundo ele, não são noticiados pela imprensa:

“Isso não vaza. Aí um estudo que a gente já deu pau no estudo dois anos atrás chegou a esse papo de meia dúzia aí das isenções. Nós tiramos e falamos: não, nós queremos tirar os impostos, nós queremos formar uma classe média forte, nós estamos pensando em subir a faixa de isenção do imposto de renda, então nós não vamos tirar isenções. Descartamos isso dois anos atrás. Aí reaparece agora, de alguém que leva para um jornalista também militante, e ele vai: ‘Documento da Economia’. É outra fake news.”

Guedes não se comprometeu a atualizar a tabela do Imposto de Renda como está prometendo Bolsonaro, isentando quem ganha até R$ 6 mil.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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