xColunas
Covid-19: pesos e medidas diferentes para bares e shoppings
Dois setores fortemente impactados pelas regras de distanciamento social estabelecidas pelo governo do estado vivem situações diametralmente opostas nesse momento. Os shoppings vão além dos protocolos recomendados pelo governo para conter a proliferação do coronavírus e mesmo assim têm seu funcionamento limitado a ponto de estrangular financeiramente os lojistas, enquanto os donos de bares, também estrangulados financeiramente, resolveram abrir sem nenhum tipo de protocolo e contam com a conivência da fiscalização para manter suas portas abertas sem nenhum tipo de controle sobre o número de clientes, horário de funcionamento, cuidados básicos de higiene etc.
Me engana que eu gosto
Comecemos pelos bares. O governo se engana ou quer se enganar. A Secretaria da Saúde conta com a fiscalização municipal ou com a “conscientização dos proprietários desses locais”, como têm dito integrantes da Sesa, para a manutenção do fechamento dos bares. É uma ilusão, porque não há fiscalização e a pressão financeira derrotou a conscientização.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Escolha fácil
Contando com a falta de fiscalização, assumida publicamente por alguns prefeitos, os donos dos bares simplesmente ergueram as suas portas. Adotam uma lógica simples: entre o risco, pequeno, de ser multado e a possibilidade, enorme, de quebrar, é melhor abrir e contar com a conivência da administração pública. O proprietário de uma conhecida rede de bares da Grande Vitória viu, por várias vezes, fiscais passando em frente a um de seus pontos, aberto à noite. Passaram, olharam, foram embora. E ele continuará aberto neste final de semana.
O pecado mora ao lado
Sejamos realistas: esta situação não tem mais retorno. Os bares não vão fechar, e quem ainda não abriu vai levantar suas portas porque está vendo seus concorrentes funcionando sem nenhum tipo de restrição.
De volta para o futuro
Com a realidade posta e sem possibilidade de retorno ao cenário anterior, de bares fechados, só resta ao governo tentar reassumir o controle da situação estabelecendo protocolos mínimos a serem obedecidos pelos proprietários, funcionários e clientes desses locais. Esses protocolos podem ir além dos novos hábitos de higiene e distanciamento, já conhecidos por todos. Em outros países, foram adotadas regras como o cadastramento dos frequentadores para eles serem avisados por autoridades sanitárias caso algum deles seja infectado pelo vírus.
É isso ou aquilo
De qualquer forma, não há opção: ou o governo encara a realidade vista nas ruas, ou continuará se enganando e permitindo o funcionamento desses locais sem nenhum tipo de orientação ou protocolo.
Punido por seguir a lei
Do outro lado desse quadro estão os shoppings. Os protocolos estabelecidos pelo governo foram superados pelos cuidados adotados na maioria deles. A direção dos centros de compras e os lojistas aprimoraram as regras oficiais. O controle é bem maior se for comparado, por exemplo, com o comércio de rua. E, no entanto, por seguir rigidamente as regras, o setor ainda sofre com as maiores restrições impostas pelo governo.
Incoerência
Os bares funcionam sem fiscalização, mas as praças de alimentação dos shoppings têm de continuar com seus horários limitados. O comércio de rua em nenhum momento respeitou o rodízio estabelecido pelo governo e não houve punição oficial. Mas as lojas dos shoppings têm de seguir o horário determinado pelo governo. As praias estão, desde sempre, liberadas. Esportes coletivos e aglomerações são constantes e ocorrem há meses sem nenhum tipo de restrição por parte das prefeituras. E os shoppings são obrigados a não funcionar nos finais de semana. O governo é extremamente tolerante com alguns setores e inexplicavelmente rígido com outros. Há algo errado aí.
Quem sabe, a mudança
Os números da pandemia na Grande Vitória estão em queda consolidada. A média móvel está em 30 casos diários em cada cidade da região metropolitana. Por conta disso, entre outros motivos, o governo prometeu para os próximos dias o anúncio de um novo mapa de risco, com novo tipo de classificação dos estágios da pandemia nos municípios. Fica a expectativa em relação a esses novos critérios. Talvez com eles o governo corrija os rumos da situação atual. Isso é impeditivo. Porque ela, hoje, une descontrole, de um lado, e incoerência, do outro. E não há a mínima possibilidade dessa equação dar bom resultado…
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
