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Cerveja preta é tudo igual?

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Com a chegada do inverno e das temperaturas mais amenas, muita gente troca a refrescância das cervejas claras e leves pelos vinhos nessa época do ano. Mas se você gosta de cerveja e quer experimentar novos sabores, saiba que as cervejas escuras são ótimas companhias para os meses mais frios.

Por muito tempo no Brasil a cerveja preta foi associada às malzbiers, estilo alemão com baixo teor alcoólico e caráter mais doce. As cervejas escuras também eram consideradas cervejas fortes no imaginário popular, muitas vezes pela falta de representes fiéis dos estilos clássicos. Mas com o crescimento das cervejas artesanais, elas estão recuperando cada vez mais seu espaço.

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Quem tem o hábito de frequentar cervejarias artesanais já deve ter visto (ou até provado) uma stout, estilo de cerveja escura bem comum nas choperias da Grande Vitória. Outra cerveja escura bastante conhecida é a irlandesa Guinness, que entra na categoria de Dry Stout. Há uma grande variedade de estilos de cervejas escuras, que passam pelas lagers e ales. Umas são mais leves e outras podem ter teor alcoólico que chega próximo ao do vinho, como as Russian Imperial Stouts (RIS).

O sommelier de cervejas Daniel Cupertino explica que a cor da cerveja não possui relação com o seu teor alcóolico e essa percepção de “ser mais forte” é na maioria das vezes baseada na comparação das cervejas de massa escuras (estas muitas vezes compostas de corante caramelo e não o tradicional malte torrado) com as claras “tipo pilsen”, que não representam os seus estilos clássicos.

Aromas e sabores

Em geral, cervejas escuras podem apresentar aromas e sabores que remetem ao tostado, café, chocolate, cacau, frutas secas, amêndoas e diversas outras percepções sensoriais.

“Para quem pretende tomar a sua primeira ‘cerveja escura’, recomendo começar a sua degustação com uma cerveja lager, menos alcoólica como a Dunkel da Cervejaria Eisenbahn (BR) ou a Schwarzbier da Cervejaria Bamberg (BR). Ambas são lagers escuras, de corpo leve e de alta drinkability, contrariado o pré-conceito de que cervejas escuras são fortes e enjoativas”, sugere.

Para continuar explorando o mundo das cervejas escuras, ele indica a britânica Fullers London Porter (Inglaterra), uma típica ale inglesa com apenas 5% de teor alcóolico e muita drinkability com aromas e sabores de chocolate e caramelo. “Passando pela escola belga, poderíamos degustar uma La Trappe Dubbel (Holanda), que possui uma coloração um pouco mais clara que as anteriores, uma ale vermelho rubi com 7% de teor alcóolico, mais complexas que as anteriores com notas maltadas e adocicadas lembrando nozes, caramelo, frutas passas e chocolate”, recomenda.

Para finalizar, Cupertino sugere uma boa opção para o clima frio, a doppelbock Paulaner Salvator (Alemanha). “Uma lager alcóolica (7.9% ABV) com aromas de melaço, frutas escuras, açúcar mascavo e uma infinidade de aromas e sabores. dica é deixar essa cerveja ir esquentando no copo e perceber ela mudando conforme vai ganhando calor. Os aromas evoluem e se modificam? A cerveja fica mais “picante”? Consegue perceber o teor alcóolico com maior evidência?”, instiga.

Vamos conhecer alguns estilos?

Porter

Porter da Founders é versão americana do clássico inglês. Foto: Letícia Orlandi

Porter da Founders é versão americana do clássico inglês. Foto: Letícia Orlandi

O estilo surgiu na Inglaterra e tem como característica malte torrado que remete a chocolate.

Stout

Oatmeal Stout. Foto: Leticia Orlandi

Oatmeal Stout. Foto: Leticia Orlandi

Divide sua história com a porter, também com caráter escuro e torrado, que lembra café. Tem vários subestilos. A Dry Stout, representada pela Guinness, é a versão irlandesa da stout inglesa com mais cremosidade. O uso da cevada torrada faz a cerveja lembrar café. Já nas oatmeal stouts, a cremosidade vem da adição de aveia que também apresenta traços de amêndoas.

RIS (Russian Imperial Stout)

Russian Imperial Stout da Cervejaria Trarko tem 17% de ABV. Foto: Leticia Orlandi

Russian Imperial Stout da Cervejaria Trarko tem 17% de ABV. Foto: Leticia Orlandi

Imperials são sempre versões mais intensas de um estilo e no caso das RIS, o teor alcoólico pode chegar a 12%, semelhante ao do vinho. Muitas cervejarias adicionam ingredientes que deixam a degustação ainda mais saborosa, como coco, menta, baunilha, nozes e até pipoca doce!

Schwarzbier

Schwarzbier é estilo clássico alemão. Foto: Leticia Orlandi

Schwarzbier é estilo clássico alemão. Foto: Leticia Orlandi

Cerveja alemã do estilo lager que tem aroma e sabor torrado. Em alemão, “Schwarz” é preto, por isso em algumas regiões do país pode ser considerada qualquer cerveja escura.

Munich Dunkel

Cerveja criada na cidade de Munique e feita tradicionalmente com malte Munich, que apresenta sabores de casca de pão intensos com notas de chocolate, caramelo e nozes. Não tem o torrado e amargor de uma cerveja como a schwarzbier.

Black IPA

Black IPA é opção lupulada e escura da Hood Cervejaria. Foto: Leticia Orlandi

Black IPA é opção lupulada e escura da Hood Cervejaria. Foto: Leticia Orlandi

O estilo é relativamente novo e apresenta uma cerveja mais aroma e sabor de lúpulo a exemplo de uma American IPA. Tem cor escura, mas diferente das stouts não devem apresentar caráter torrado ou queimado.

Mais lúpulo, por favor

Leticia Orlandi é jornalista e entusiasta de cervejas artesanais. Escreve sobre histórias e sabores por trás de cada copo.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.