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Coluna Vitor Vogas

As promessas de Manato, Guerino e Casagrande para a Segurança Pública

Veja os compromissos assumidos por esses três candidatos a governador diante de representantes do empresariado capixaba

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Da esquerda para a direita: Renato Casagrande, Guerino Zanon e Carlos Manato

Foi algo curioso e imprevisto, que dá a exata dimensão da importância do tema segurança pública na eleição ao Governo do Espírito Santo. Na última segunda-feira (29), os quatro candidatos mais bem posicionados na última pesquisa Ipec/Rede Gazeta foram sabatinados no “Diálogo com o Setor Produtivo”, promovido por federações e entidades empresariais do Espírito Santo. Separadamente, Audifax Barcelos (Rede), Carlos Manato (PL), Guerino Zanon (PSD) e Renato Casagrande (PSB) responderam às mesmas cinco perguntas, previamente preparadas.

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Nenhuma delas versava sobre segurança pública.

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Mas os candidatos fizeram questão de abordar o tema diante dos representantes do empresariado capixaba. (Tem a ver, é claro: um estado com menores índices de criminalidade melhora a ambiência para realização de negócios, logo atrai mais empresas e investimentos, o que, por via de consequência, gera desenvolvimento econômico.)

Abaixo, resumimos o que disseram sobre segurança pública Casagrande, Manato e Guerino – cujas sabatinas foram assistidas pelo colunista. Ficamos devendo a participação de Audifax, que não conseguimos acompanhar devido à gravação do EStúdio 360, nem recuperar. Ressalte-se, porém, que segurança pública tem sido justamente o principal mote da campanha do redista. Em sua estreia no horário eleitoral, ele chegou a dizer que estamos vivendo uma guerra. E tem destacado a redução dos índices de homicídio na Serra de 2010 para cá.

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Casagrande: “Nada a comemorar, mas estamos no caminho”

Em suas considerações finais, o atual governador reconheceu, perante os empresários, que o Espírito Santo ainda tem “desafios enormes” e, entre eles, destacou a área de segurança pública. Reconheceu que a marca atual, de pouco mais de 1 mil homicídios por ano (número registrado no estado em 2021), ainda é “assustadora”, mas também disse que é preciso assinalar que o governo está no caminho certo, visto que, de 2011 para cá, esse número foi reduzido à metade:

“Temos desafios enormes pela frente. A área de segurança pública é uma área que não foi perguntado aqui, não tive tempo de falar, mas é um desafio. Mas, mesmo na área de segurança pública, vocês vejam que, lá em 2011, quando assumi o governo pela primeira vez, este estado tinha perto de 2 mil homicídios por ano. Agora este estado tem 1 mil homicídios por ano, ainda um número assustador. Nós não temos nada a comemorar. Enquanto uma pessoa perder a vida, nós não temos nada a comemorar. Mas isso mostra que nós estamos no caminho, mostra que estamos avançando, mesmo que não tenha tido continuidade nessa área. Lá em 2011 nós éramos o segundo estado mais violento do país. Hoje nós somos o 13º mais violento.”

Como medida para evoluir na área, o governador ressaltou a entrega, no dia seguinte (30), da primeira parte do Cerco Inteligente, na Região Metropolitana, com 500 câmeras de videomonitoramento que vão fiscalizar a movimentação de carros roubados, clonados, usados por grupos criminosos etc. Por todo o território capixaba, serão instaladas 1.650 câmeras do tipo. “Vamos ter um controle de toda a movimentação de veículos no estado do Espírito Santo. Estamos migrando de uma base analógica para uma base digital.”

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Manato: “Vamos ter concurso todo ano”

Em meio à sua resposta sobre ranking de competitividade e ambiente de negócios, Manato entrou no tema específico da segurança pública: “Vou aproveitar e vou falar de segurança pública pra vocês. Eu tive 15 reuniões com o pessoal da segurança pública.”

O ex-deputado federal assumiu alguns compromissos. O primeiro deles foi o de nomear um secretário de Segurança Pública que seja do Espírito Santo (o primeiro do atual governo, Roberto Sá, era do Rio de Janeiro). Também falou em investir em inteligência e equipamentos para as polícias militar e civil, além de implantar o Cerco Eletrônico em todo o Estado.

Segundo Manato, os policiais militares capixabas têm hoje o 3º pior salário do país, e as tropas estão desmotivadas. Ele comprometeu-se a priorizar o reajuste para as categorias da segurança pública. Em entrevista após a sabatina, citou que há um “passado” de 40% a ser reposto para a categoria.

O candidato do PL criticou o governo Casagrande por ter anunciado agora (no último ano do mandato) a realização de concurso para provimento de mais de 1 mil vagas de soldados na PMES. “De tanto eu falar em concurso, desde o ano passado… eu não sou novela, mas o governador me segue: aí ele agora abriu 1.100 vagas para um concurso. Tudo bem.”

Além dessas novas vagas já previstas, Manato prometeu fazer concursos todo ano, na seguinte escala: 500 vagas no segundo ano de governo (2024), 500 no terceiro ano (2025) e mais 500 no quarto e último (2026). “O ideal são 500 por ano porque essa é a capacidade da Academia de Polícia.”

Manato ainda comprometeu-se a recriar a Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam), além de criar duas novas unidades da Polícia Militar.

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A primeira é a Polícia de Divisas. “Vai ter pedágio nas divisas. Se você quiser ir para o Rio ou para a Bahia, você vai, mas saia mais cedo, porque você vai passar num scanner e num cão farejador. Tem droga? Tem arma? Se não tem droga, não tem arma e o carro não é roubado, você passa. Senão, ‘créu’ em você. É simples assim.”

Aliada a essa medida, o candidato pretende instituir a Guarda Municipal Rural nos municípios com divisa, para patrulhar estradas secundárias. Sua meta, diz, é diminuir em 30% ou 40% a entrada de drogas e armas contrabandeadas no território capixaba.

A segunda unidade a ser criada é a Polícia Rural, com delegacias específicas para isso, nas regiões Norte, Noroeste, Serrana e Sul. “Nós somos um estado do agro, e hoje o campo está abandonado.”

A intenção de Manato é financiar essas duas novas unidades com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública e provê-las com policiais da reserva. “Poderão assumir esse papel, porque não é policiamento ostensivo.”

Guerino Zanon: “Políticas sociais têm que entrar na frente”

Como Manato, Guerino inseriu o tema segurança pública ao ser questionado sobre a posição do Espírito Santo no ranking de competitividade e o que fazer para melhorar o ambiente de negócios no Estado. Disse que o alto índice de mortes violentas é um gargalo no Espírito Santo. Opinou que violência urbana não se resolve armando as pessoas, mas provendo com políticas sociais as comunidades com piores indicadores nesse campo.

E, a partir de sua experiência como prefeito de Linhares, citou como exemplo o bairro Aviso, outrora um dos mais violentos da cidade. Segundo Guerino, os índices de homicídios ali caíram muito a partir do momento em que a prefeitura decidiu “invadir” o bairro com políticas sociais:

“Na segurança pública, nós temos um gargalo: o alto índice de mortes violentas. Mas isso é fruto de várias coisas, das políticas sociais que não funcionam. E onde o Estado não está presente o tráfico toma conta. Eu lembro, no bairro Aviso, quando recebi: 20 homicídios em um ano, sendo 17 jovens. Eu falei: temos que mudar essa realidade. Chamei a polícia, sim, mas chamei os secretários também, e falei com eles: ‘Vamos ‘invadir’ o bairro Aviso’. E ‘invadimos’ com políticas sociais. No ano seguinte, esse número caiu para três mortes. Então, segurança pública não se faz armando. Eu já falei que quero subir os morros e andar nas periferias sem colete. Mas, antes de eu entrar lá, as políticas sociais estarão na minha frente. É assim que a gente muda uma realidade. É investindo do zero aos seis anos que a gente muda uma realidade futura. E é assim que nós vamos fazer.”

Guerino defendeu a valorização salarial dos policiais, aproveitando para dar uma estocada em Casagrande. Nas entrelinhas, o ex-prefeito afirmou que o atual governador não cumpriu os acordos de reposição salarial firmados com as forças de segurança estaduais:

“Valorizar as polícias. As polícias têm que parar de ser tratadas como agentes que matam. Não. Polícia é igual a médico: salva. Mas, para isso, eles precisam ter cabeça. Têm que ter um bom salário. Têm que sair de casa com a certeza de que estão ali para defender a sociedade. Eles querem isso. E cumprir os acordos que são feitos, não só com as polícias, mas com todas as categorias, coisa que este estado não tem feito nos últimos anos.”


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Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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