Coluna Vitor Vogas
Quatro pré-candidatos a prefeito de Vitória ensaiam união de forças
Gandini, Luiz Paulo, Mazinho e Tyago Hoffmann reuniram-se na última quinta-feira (21). Movimento pode evoluir para fusão de pré-candidaturas de centro

Mazinho dos Anjos, Tyago Hoffmann, Fabrício Gandini e Luiz Paulo Vellozo Lucas discutiram as eleições na última quinta (21/09/2023). Crédito: Reprodução Instagram
Só para não fazer mídia espontânea, vamos chamar pelo nome grego, Dionísio, o deus que dá nome ao restaurante que sediou o encontro em questão na última quinta-feira (21). Na Grécia Antiga, ele era cultuado como o deus do vinho, das festividades, da insânia, dos ciclos vitais, dos ritos religiosos e, vejam só, do teatro. Mas o encontro em si, ao que tudo indica, foi muito além de jogo de cena entre os quatro atores políticos reunidos à mesma mesa: Fabrício Gandini (Cidadania), Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), Mazinho dos Anjos (PSDB) e Tyago Hoffmann (PSB).
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A foto é aquele típico caso em que a imagem é a própria notícia: contém toda a mensagem que se pretende passar. Os quatro são possíveis candidatos a prefeito de Vitória em 2024. A partir desse almoço e da foto que fizeram divulgar, estão transmitindo visualmente, ao mercado político capixaba, o recado de que podem unir forças no processo eleitoral. Essa união de forças pode se concretizar no 2º turno. Mas está na mesa também a possibilidade de fusão de duas ou mais dessas pré-candidaturas já no 1º de turno.
De todo modo – e aqui a informação mais importante –, fica explícito que os quatro fazem parte do mesmo campo político e que entram nesse jogo jogando no mesmo campo: um campo demarcado da centro-direita à centro-esquerda, mais próximo do governador Renato Casagrande (PSB) e de oposição ao projeto liderado pelo atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos).
Ao redor da mesma mesa, sentaram-se quatro potenciais candidatos, mas, no máximo, três pré-candidaturas. Mazinho e Luiz Paulo pertencem ao mesmo partido. Hoje, Luiz Paulo desponta como favorito para representar o PSDB nessa disputa, não só por ser o presidente da sigla em Vitória – cargo para o qual foi eleito em 31 de agosto –, mas pelo que se depreende de sua própria movimentação. No último sábado (23), por exemplo, ele compareceu e discursou em seminário eleitoral realizado pela PSB, pelo PDT e pela Rede Sustentabilidade, na FDV.
Ainda filiado ao Cidadania, Gandini também pertence à federação formada por esse partido com o PSDB. Mas está em pleno movimento migratório. Já entregou a presidência estadual do Cidadania, recebeu carta de anuência para sair sem perder o mandato na Assembleia e entrou com ação de desfiliação por justa causa no TRE-ES. No momento, aguarda o julgamento.
Se obtiver a autorização legal, é altíssima a probabilidade de ele se filiar e concorrer à prefeitura pelo Partido Social Democrático (PSD), presidido no Estado pelo ex-deputado Renzo Vasconcelos, com quem tudo já está alinhavado.
Já Tyago Hoffmann é pré-candidato declarado. Dos quatro comensais, é o que trata a própria postulação de maneira mais aberta. Em agosto, lançou a pré-candidatura publicamente, em entrevistas. No PSB, também é assim que ele é tratado.
As conexões com Casagrande
Os quatro podem ser considerados aliados do governador Renato Casagrande. Mazinho é, na Assembleia, não só integrante da base como um dos votos mais seguros para o Executivo. Tem sido visto com frequência em eventos oficiais do Governo Estadual.
Luiz Paulo pertence ao governo, assim como o PSDB, partido do vice-governador Ricardo Ferraço. Desde janeiro, o presidente tucano em Vitória é subsecretário estadual de Desenvolvimento Regional, sob chefia direta de Ricardo, também secretário de Estado de Desenvolvimento.
Tyago dispensa comentários. Não só é correligionário de Casagrande como se firmou, na última década, como um de seus mais leais aliados no contexto político estadual. Na Assembleia, desde fevereiro, é o vice-líder do Palácio Anchieta.
Já Gandini é o membro do quarteto sobre quem pode pairar um asterisco. Do quarteto, é o único que hoje não está tão próximo de Casagrande e que não se pode considerar 100% integrado ao bloco político liderado pelo governador… o que não quer dizer que esteja distante, muito menos que ambos estejam em lados opostos.
Aliado histórico de Casagrande, Gandini foi seu candidato a vice-governador em 2014 e o apoiou em todas as últimas eleições estaduais, nas quais PSB e Cidadania formaram uma parceria sólida. Mas, no início da atual legislatura, em fevereiro deste ano, o deputado fez uma inflexão, anunciando a sua saída da base e a adoção de uma postura independente em relação ao governo. De fato assumiu essa postura, votando contra o Executivo em algumas matérias. Nos últimos meses, contudo, surgiram sinais de reaproximação entre ele e o governador.
Mesmo hoje mais independente, Gandini definitivamente está muito mais perto de Casagrande – e de Luiz Paulo, Mazinho e Tyago – do que de Lorenzo Pazolini, à direita, e de outros possíveis concorrentes à esquerda, como os deputados estaduais João Coser (PT) e Camila Valadão (PSol).
Qual é o objetivo? A resposta de Luiz Paulo
Luiz Paulo comentou com a coluna os objetivos do movimento inciado por ele e os outros três no almoço da última quinta-feira:
“Temos que analisar isso com as lentes da política, de construção de convergências políticas. A convergência e as alianças se fazem no campo da política, não no campo ideológico nem no campo filosófico. É dentro de projetos de governo. Nós quatro nos conhecemos há muito tempo. A possibilidade de essa convergência evoluir é muito grande, pela identidade que temos em relação a Vitória e o que a cidade precisa.”
Luiz Paulo acredita que as conversas possam convergir para a unificação de candidaturas:
“Todos nós queremos isso. Esse é o meu objetivo final. Posso falar por mim e intuo que esse seja o objetivo comum. Ainda não dá para saber o formato. O que estou tentando fazer no PSDB é colocar ideias para a cidade de Vitória. Não estou polemizando com a atual administração. Contribuo com o processo eleitoral forçando a barra para que o debate eleitoral se dê em torno de ideias para a cidade. E esse debate pode evoluir para uma convergência política. Convergência política é projeto de governo.”
O ex-prefeito enfatiza que ele, Mazinho, Tyago e Gandini estão todos no mesmo campo, considerada a atual geopolítica estadual:
“Sem dúvida. Nós somos da base e apoiamos o governo Casagrande. Temos que ter um projeto para a cidade. Sentimos e concordamos que a cidade precisa de um novo ciclo de visão, ousada e transformadora. Tenho falado que Vitória precisa de um choque de liderança, governança e urbanismo moderno. Concordamos que o projeto que governa Vitória hoje não atende a população. Não é um projeto comprometido com a transformação da cidade e que mereça a reeleição. Nós não achamos que merece. Vitória não merece um projeto tão limitado como esse. Vitória merece algo melhor.”
Gandini: “busca de convergência”
Por meio de sua assessoria de imprensa, Fabrício Gandini declarou: “O projeto atual não representa o que queremos para o futuro da cidade. Por isso, buscamos essa convergência de pessoas que têm projetos para Vitória”.
A ideia, segundo o deputado, é formar um grupo que caminhe junto na eleição do ano que vem. “Não estamos discutindo nomes, mas ideias que possam convergir lá na frente, para chegarmos a um projeto que contemple a cidade de Vitória. Ela precisa avançar.”
Tyago Hoffmann: “criando laços”
Em seu Instagram, Tyago Hoffmann publicou apenas: “Almoço descontraído para criar laços e discutir planos futuros”.
