Coluna Vitor Vogas
Marqueteiros de Casagrande são indicados ao Oscar da propaganda eleitoral nos EUA
Por case da campanha do governador à reeleição em 2022, argentino Diego Brandy e pernambucano Victor Carvalho concorrem em duas categorias. E mais: Daniel da Açaí decidiu para qual partido quer ir, mas pode ter complicações; os planos eleitorais (audaciosos) de Marcel Carone, agora no PSB
Não será a cerimônia do Oscar, marcada para o próximo domingo (12), tampouco ocorrerá em Los Angeles, Califórnia. Mas o prêmio também será entregue neste mês de março, logo ali, em Las Vegas (no estado vizinho de Nevada), e pode ser considerado o “Oscar do marketing eleitoral norte-americano”. Estou falando do tradicionalíssimo Reed Awards, a mais importante premiação da indústria da comunicação política e eleitoral dos Estados Unidos (e uma das mais importantes do mundo).
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Na edição deste ano, no próximo dia 28, ninguém menos que os dois marqueteiros da campanha de Casagrande (PSB) no ano passado estão entre os finalistas em duas categorias do prêmio. Em ambos os casos, justamente por conta da exitosa campanha do governador do Espírito Santo à reeleição.
O argentino Diego Brandy e o pernambucano Victor Carvalho foram indicados nas categorias Best International Campaign (Sub-National) – Political – em livre tradução, melhor campanha política internacional (subnacional, ou regional) – e Toughest Latin American TV Ad, que pode ser traduzido como a propaganda de TV mais “dura” na América Latina, no sentido de ir para o ataque contra o adversário eleitoral.
A peça em questão, que rendeu a indicação à dupla, chama-se “Greve”. Foi a inserção veiculada na reta final do 2º turno, associando o adversário de Casagrande, Carlos Manato (PL), à greve da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) em fevereiro de 2017, evento até hoje traumático para o povo capixaba.
A premiação reconhece os melhores profissionais e trabalhos de consultoria e marketing político do mundo em 2022.
Bem-sucedida, a campanha de Casagrande atravessou um céu de brigadeiro no 1º turno da eleição para governador. Todos, inclusive Brandy e Casagrande, esperavam a vitória em turno único, no dia 2 de outubro, com base em pesquisas internas e outras publicadas na imprensa local. Após o inesperado revés que foi o avanço de Manato ao 2º turno, a campanha precisou se reinventar, emergencialmente, e acabou se tornando um case no Brasil, por ter alcançado um feito único:
Das 14 unidades federativas em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) derrotou Lula (PT) na disputa presidencial (entre as quais o Espírito Santo), Casagrande foi o único governador eleito por um partido de esquerda, com perfil declaradamente progressista, apoiador declarado de Lula e com o PT em sua coligação. Ninguém mais conseguiu isso.
Dito de outro modo: foi o único candidato a governador do campo progressista eleito em um reduto bolsonarista. E derrotando o candidato de Bolsonaro.
Sem renegar suas origens nem esconder o apoio de petistas e de outros aliados de esquerda (muitos deles exibidos em destaque em sua propaganda eleitoral), Casagrande ao mesmo tempo incorporou o voto “Casanaro” e pôs em primeiro plano aliados bolsonaristas e de direita, como seu parceiro de chapa, o agora vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB).
Foi um mix improvável que demandou um equilíbrio delicado (ou malabarismo mesmo) e que de algum modo deu certo – em parte, possivelmente, graças à maneira como foi conduzida a comunicação política da campanha nas redes sociais e nos meios tradicionais de comunicação de massa. No dia 30 de outubro, Casagrande derrotou Manato com pouco mais de 53% dos votos e uma frente relativamente confortável de quase 170 mil votos.
Quem são esses caras?
Diego Brandy é um sociólogo de Buenos Aires radicado no Brasil e que atua no país como consultor político desde princípios dos anos 2000. Sua agência fica em Recife, onde ele construiu sua carreira como colaborador de Eduardo Campos e estrategista das campanhas do socialista.
Governador de Pernambuco por dois mandatos, de 2007 a 2014, Campos era o maior líder nacional do PSB de Casagrande, até morrer em acidente aéreo, em agosto de 2014, em pleno início de campanha à Presidência da República.
Através do PSB, Brandy e Casagrande se conheceram. O “mago” de Eduardo Campos participou das três campanhas vitoriosas de Casagrande a governador do Espírito Santo, em 2010, 2018 e 2022.
Já Victor Carvalho é jornalista e cursa mestrado em Gestão Política na George Washington University (EUA). Também esteve no time de Casagrande nas campanhas de 2018 e 2022.
Brandy e Carvalho trabalharam nas duas campanhas triunfantes de Campos a governador de Pernambuco (2006 e 2010) e estavam na equipe de marketing de sua campanha presidencial, prematuramente interrompida.
Mas o maior desafio ainda esperava a dupla, em solo capixaba, na eleição do ano passado:
“Vencemos uma eleição das mais complexas no Espírito Santo, derrotando um adversário bolsonarista, em um estado onde o ex-presidente ganhou com folga”, avalia Carvalho, escolhido por Casagrande como único assessor dentro do estúdio no debate final da TV Gazeta contra Manato (evento também decisivo no resultado eleitoral dias depois).
No Espírito Santo, Bolsonaro derrotou Lula com 58% dos votos válidos no 2º turno. No mesmo dia, para governador, Manato não chegou a 47%. “Conseguimos segurar a onda conservadora, apesar de sua força. Sem dúvida, esse já foi o nosso maior prêmio”, completa o jornalista pernambucano.
Mas um Reed Awards no currículo também não seria de todo ruim…
Façam suas apostas!
Além da premiação, o Reed Awards & Conference compreende um congresso de dois dias para profissionais do setor, com 40 palestras. De acordo com o site do evento, o ingresso para participar de tudo custa U$ 849,00 (quase R$ 4.400,00, pelo câmbio de hoje). O Reeds, como também é conhecido, ocorrerá no Aria Resort & Casino, localizado na Las Vegas Boulevard (not bad at all).
Há centenas de categorias, bem específicas (a noite deve ser longa). A título de exemplo, um dos trabalhos que venceu a edição do ano passado na categoria Melhor Campanha Política Internacional (Subnacional) foi a campanha da política canadense Jyoti Gondek a prefeita de Calgary, maior cidade da província de Alberta, no oeste do Canadá, em 2021.
Prefeito de São Mateus quer entrar no PP
O prefeito de São Mateus, Daniel da Açaí, elegeu-se em 2016 pelo PSDB e reelegeu-se em 2020 pela mesma sigla. Após passar por problemas com a Justiça Eleitoral (acusação de compra de votos), saiu do partido. Agora, está praticamente decidido a se filiar ao Progressistas (PP): “É a minha vontade”.
O prefeito contou à coluna que suas conversas estão “bem encaminhadas” com os dirigentes do PP. Em fevereiro, ele prestigiou a visita do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, um dos principais líderes nacionais do PP, à Vitória Stone Fair, no Pavilhão de Carapina.
O prefeito tem conversado com o presidente estadual da legenda, Marcus Vicente, e principalmente com o deputado federal Josias da Vitória, apoiado por ele na eleição do ano passado. Os dois são grandes aliados.
Segundo Açaí, uma das condições determinantes para ele realmente entrar no PP é o controle do partido no seu município, o maior do litoral norte capixaba. A Câmara de São Mateus tem 11 vereadores. “Isso está praticamente alinhado”, afirma.
O prefeito não pode disputar outro mandato no ano que vem, mas quer assumir a direção municipal do PP para abrigar seus aliados locais na sigla, eleger o maior número de vereadores e, de quebra, emplacar seu sucessor. Ainda não decidiu quem vai lançar.
As dificuldades (nacionais e locais)
Alguns entraves, porém, podem jogar água mineral (gratuita) nesse chopp que Daniel da Açaí quer compartilhar com o PP. O primeiro deles é a possibilidade, hoje forte, de criação de uma federação entre a sigla de Arthur Lira e o União Brasil, controlado no Espírito Santo pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Felipe Rigoni.
Com as negociações relativas à federação, todos os dirigentes regionais do PP estão em compasso de espera, inclusive no Espírito Santo. Sabem que, se a federação for mesmo materializada, o jogo eleitoral muda bastante: a sociedade forçada com o UB pode alterar os arranjos locais em algumas cidades em termos de direção municipal e definição de candidaturas.
A segunda ressalva é que o atual presidente da Câmara de São Mateus, Paulo Fundão, é filiado ao PP e tem se apresentado como opositor do prefeito Açaí.
Marcel Carone no PSB e a fim de disputar em Vila Velha
O empresário Marcel Carone foi assessor da Casa Civil, no governo passado de Casagrande, até junho de 2022. Então foi exonerado e passou a se dedicar integralmente à construção da candidatura do pastor Nelson Junior ao Senado, pelo Avante. Marcel presidia o partido nanico no Espírito Santo.
No 1º turno da eleição a governador, o Avante apoiou Audifax Barcelos (então na Rede). Deu tudo errado e, a poucos dias do 1º turno, em 2 de outubro, Marcel anunciou seu apoio a Casagrande, em cuja campanha mergulhou no 2º turno. Logo depois das eleições, foi reassentado em outro cargo no governo.
A novidade é que Marcel deixou o Avante, filiou-se ao PSB de Casagrande e virou assessor especial da Secretaria de Estado de Turismo, agora sob o comando do PDT. Diz que está voltando a fazer o que mais gosta, política, e mais: que está à disposição do PSB para ser candidato majoritário (vice-prefeito ou até prefeito!) em Vila Velha no ano que vem.
A conferir.
“Avante”, porém parado
Enquanto isso, de acordo com o sistema de consultas públicas da página oficial do TSE, o Avante está sem órgão de direção partidária no Espírito Santo desde o fim do ano passado. A Executiva provisória anterior vigeu até 31 de dezembro e depois não foi renovada nem substituída.
Contarato reage a Igor Elson
Na última terça-feira (7), o senador Fabiano Contarato (PT) subiu à tribuna do Senado para protestar contra o vereador da Serra Igor Elson. No último sábado (4), em evento do Partido Liberal (PL), o novo presidente do partido de Bolsonaro no município fez um discurso homofóbico diante de seus correligionários:
“Querem imperar a troca de valores! Querem pegar o que é normal e colocar como anormal, e pegar o anormal e colocar como normal!”, discursou Igor Elson, em alusão à população LGBTQIA+ e/ou a eventos da Prefeitura da Serra voltados para essa minoria social. Ele ainda usou palavras como “infame” e “ridicularidade” (sic).
A propósito…
Contarato assumiu a vice-presidência da Comissão de Meio Ambiente do Senado no biênio 2023-2024. A presidente é a senadora Leila do Vôlei (PDT-DF).
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