Coluna Vitor Vogas
Majeski troca cargo no governo Casagrande por “retorno à Assembleia”. E explica por quê
No último dia 3, ele assumiu o cargo de diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves, a convite do governador. Mas o novo sapato não estava lhe calçando bem…
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Ex-deputado Sergio Majeski vira coordenador da Escola do Legislativo. Foto: Ellen Campanharo
Em entrevista à coluna no fim de janeiro, quando estava prestes a encerrar seu mandato na Assembleia Legislativa e ainda não sabia o que faria profissionalmente, Sergio Majeski (PSDB) afirmou que gostaria de voltar para a escola (como doutorando e, principalmente, como professor). A partir desta quinta-feira (2), o que ele fará não é bem isso, mas se aproxima bastante. Após aceitar convite do presidente da Assembleia, Marcelo Santos (Podemos), Majeski assumirá o cargo de coordenador da Escola do Legislativo.
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Assinado por Marcelo, o ato de nomeação de Majeski no cargo comissionado foi publicado na edição desta quarta-feira (1º) do Diário do Poder Legislativo.
O que mais despertou surpresa não foi tanto a nomeação em si, mas a rápida “troca de emprego” realizada por Majeski. No dia 3 de fevereiro, a convite do governador Renato Casagrande (PSB), o agora ex-deputado assumiu outro cargo comissionado, mas no Poder Executivo estadual: desde o início do mês, vinha exercendo a função de diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves.
Portanto, em menos de um mês, Majeski trocou um cargo no governo Casagrande por outro na Assembleia Legislativa, agora sob a chefia de Marcelo Santos.
O ex-deputado explica as suas razões.
Pesou a maior identificação com o trabalho que ele passará a exercer na Assembleia (e com o próprio Poder Legislativo);
Pesou a sensação de que poderá ser mais útil na Escola do Legislativo do que no Instituto Jones;
Mas, ao lado de tais fatores, admite Majeski, pesou também a compreensão de que, atuando no governo Casagrande em cargo de livre indicação do próprio governador, ele jamais poderia ficar totalmente à vontade para seguir exercendo sua independência política e seu senso crítico.
O novo sapato não estava lhe calçando bem.
Vale lembrar que, em entrevista ao EStúdio 360 no início de fevereiro, logo após ser nomeado no Instituto Jones, Majeski chegou a declarar que não pensava em mudar o seu estilo mesmo tendo passado a fazer parte da gestão de Casagrande. Ou seja, pretendia continuar fazendo as críticas que julgasse pertinentes, inclusive ao próprio governo.
Era, obviamente, situação política para lá de delicada e que mais à frente, inevitavelmente, resultaria em constrangimentos para as duas partes.
“Sim, tem essa questão também”, reconhece o tucano. “Na Assembleia, me sinto mais confortável para manter minha independência. Por exemplo, tenho sido chamado para escrever artigos sobre a educação em veículos de imprensa. Tenho minhas críticas à educação brasileira em geral, e isso não deixa de fora a educação no Espírito Santo. Todo mundo sabe disso. Agora vou dizer que a política educacional está corretíssima? Não dá. Diante de certas coisas, não dá para eu dizer que não vou falar sobre isso, deixar de dar minha opinião.”
“Então, para debater determinadas coisas, ou eu ficaria numa saia justa ou criaria uma saia justa para o governo.”
Majeski também entende que pode dar uma contribuição maior como coordenador da Escola do Legislativo que como diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones. Avalia que, na Assembleia, por estar muito mais familiarizado com a estrutura e o modo de trabalho no Legislativo, já pode chegar jogando, enquanto no Executivo precisaria passar por toda uma fase de adaptação.
“Eu realmente estava muito satisfeito no Instituto Jones e muito encantado com a qualidade e a excelência do trabalho dos servidores lá. Mas não é um trabalho que você chega lá e já vai fazendo. Exige uma fase de aprendizagem e de adaptação. Como eu disse ao governador ao explicar minha decisão: eu sei da minha qualificação, só que esse cargo no instituto, se for assumido por um servidor de carreira, será melhor exercido”, relata Majeski.
“Já a Assembleia é um local cujo funcionamento eu conheço muito bem, por ter passado os últimos oito anos ali. Nesse aspecto me sinto mais à vontade ali, porque nunca trabalhei no governo propriamente dito”, compara.
O convite de Marcelo
Conforme relata Majeski, Marcelo lhe fez a primeira sondagem logo após o processo eleitoral de outubro. Na ocasião, o deputado do Podemos já confidenciou a Majeski sua intenção de se candidatar à sucessão de Erick Musso (Republicanos) na presidência e sua vontade de ter o colega como coordenador da Escola do Legislativo, se ele conseguisse chegar lá.
Sucedeu-se todo o desgastante processo de eleição da Mesa Diretora, que culminou com a vitória de Marcelo no dia 1º de fevereiro e só foi definida mesmo nos últimos dias. Nesse ínterim, com o quadro na Assembleia ainda indefinido, Majeski recebeu o convite de Casagrande e resolveu aceitar, até para se garantir.
“Como tinha uma indecisão de como ia ficar a eleição da Mesa e tal, aceitei o cargo no governo até porque precisava trabalhar”, narra o ex-deputado.
Aí deu Marcelo na cabeça e, pouco antes do carnaval, cerca de duas semanas após Majeski tomar posse no Instituto Jones, Marcelo tornou a procurá-lo, renovando o convite para ele assumir a coordenação da Escola do Legislativo. Tudo foi conversado por Marcelo com Casagrande, para ele não “passar por cima” do governador.
Passado o carnaval, eles acertaram tudo. Majeski chegou mesmo a dar expediente no Instituto Jones durante o mês de fevereiro e participou do Seminário de Planejamento Estratégico do novo governo Casagrande (2023-2026), no Centro de Convenções de Vitória, nas últimas segunda e terça-feira (seu último dia de expediente na curtíssima passagem pelo governo).
Salário
Como coordenador da Escola do Legislativo, Majeski vai receber R$ 7.812,92 por mês, em valores brutos, sem incluir benefícios como tíquete-alimentação.
O que é a Escola do Legislativo?
A Escola do Legislativo tem por prerrogativa a qualificação dos servidores da própria Assembleia. Pode promover cursos internos e externos de formação para os servidores.
O órgão é responsável por manter o programa de visitas guiadas de turmas escolares às dependências da Assembleia e o programa Jovem Parlamentar, no qual alunos passam o dia inteiro na Casa como se fossem deputados.
Segundo Majeski, ele e Marcelo também cogitam passar a oferecer cursos para a comunidade externa (estudantes e cidadãos em geral), inclusive sobre o funcionamento da Assembleia e dos outros Poderes. E também estão estudando como a Escola pode contribuir na formação dos profissionais das redes municipais.
“Pensamos em também usar a Escola do Legislativo como um espaço de aproximação com a sociedade, porque a Assembleia é um espaço desconhecido para o grande público. Nesse aspecto, Marcelo é uma pessoa com uma visão muito moderna e progressista”, elogia Majeski.
Em tempo
O ex-deputado estadual foi o maior crítico interno durante os seis anos de administração Erick Musso na Assembleia. Ao longo desses seis anos, totalizando três biênios na presidência, Erick teve Marcelo como 1º vice-presidente, articulador político, consigliere e capo di regime (para usar dois termos colhidos de “O Poderoso Chefão”).
Voltas que a política dá.
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