Coluna Vitor Vogas
Lorenzo Pazolini: consolida-se um novo líder no Espírito Santo
Não é de hoje que vêm saltando aos olhos os pontos de contato entre Hartung e Pazolini… algo que também apareceu no domingo e que pode culminar em 26
Consolida-se uma nova liderança no Espírito Santo. Quem o diz não somos nós. A frase que consta no título e com a qual abrimos este texto foi publicada em um story, logo após a proclamação da vitória matemática do prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), na noite do último domingo (6), por ninguém menos que Paulo Hartung (sem partido).
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E o ex-governador tem razão. Não há exagero na assertiva. Para qualquer um que acompanhe minimamente a cena política capixaba, é inegável: com a vitória maiúscula alcançada no último domingo (6), na capital do Espírito Santo, Pazolini realmente se estabelece como um novo líder político no Estado.
Esses mesmos observadores chegaram ao último domingo com algumas grandes interrogações, a serem respondidas pelas urnas, ou melhor, pelos eleitores capixabas, por intermédio das urnas. Uma das maiores dúvidas, acentuadas por pesquisas eleitorais publicadas na véspera: Vitória teria ou não 2º turno? O eleitor de Vitória respondeu. Mas a resposta também foi dada, de maneira contundente, pelo próprio Lorenzo Pazolini.
Com 56% dos votos válidos – margem relativamente folgada, maior do que apontavam as pesquisas da véspera –, Pazolini conseguiu se reeleger, deixando para trás João Coser (PT), com 15%, e Luiz Paulo (PSDB), 12%, além de Assumção (PL), Camila Valadão (PSol) e Du (Avante).
Diante de tal resultado, Pazolini de fato se consolida como novo líder político no Espírito Santo porque:
1) É ainda muito jovem: tem só 42 anos.
2) Ainda tem relativamente pouco tempo de experiência na vida pública: tendo debutado em fevereiro de 2019 como deputado estadual, não acumula nem seis anos no exercício de mandatos eletivos.
3) Não obstante a pouca idade e a relativamente baixa quilometragem como homem público, o delegado licenciado da Polícia Civil vem tendo, até agora, uma carreira meteórica na política, a qual, guardadas as devidas proporções e as diferenças entre personagens e contextos históricos, já permite alguma comparação com a do próprio Hartung – eleito, antes dos 40 anos, deputado estadual duas vezes (1982 e 1986), deputado federal (1990) e prefeito de Vitória (1992).
4) O delegado tem se mostrado inabalavelmente “bom de voto”. Até agora está invicto nas urnas, mas não é só isso: Pazolini, até este ponto, não apenas conseguiu sucesso em todas as eleições que disputou como se elegeu, nas três oportunidades, com votação excelente.
Em 2018, em sua primeira candidatura, por um partido minúsculo (o PRP, que já nem existe) e com estrutura mínima de campanha, foi o segundo candidato mais votado para a Assembleia Legislativa, atrás apenas do reeleito Sergio Majeski, então no auge político.
Dois anos depois, já no Republicanos, em sua primeira eleição para prefeito, foi o candidato mais votado no 1º turno, deixando para trás João Coser (PT) e o então candidato da situação, Fabrício Gandini (Cidadania). No 2º turno, derrotou Coser com tranquilidade.
Agora, em 2024, consegue a reeleição em turno único.
É bem verdade, por um lado, que os cidadãos de Vitória têm a tradição de reeleger os seus prefeitos que vão para a reeleição. Todos, sem exceção, que buscaram renovar o mandato pelo voto popular, conseguiram sucesso nas urnas. Nesta ordem: Luiz Paulo no ano 2000, João Coser em 2008, Luciano Rezende em 2016 e agora Pazolini em 2024.
Por outro lado, fazia 16 anos que um candidato a prefeito não vencia em Vitória no primeiro turno O último tinha sido João Coser em 2008. Não se pode ignorar esse feito.
Além disso, a vitória de Pazolini, com tamanha autoridade, reveste-se também de uma importância política muito grande para ele e para seu grupo, hoje concentrado no partido Republicanos. Ter derrotado João Coser e Luiz Paulo, de uma vez só, logo no 1º turno, é um triunfo politicamente muito significativo. Por quê? Porque assim ele impôs uma derrota, simplesmente, ao governo Casagrande.
Precisamos lembrar aqui que o Palácio Anchieta dessa vez tentou derrotar Pazolini em duas frentes: com as candidaturas de Luiz Paulo e de Coser.
Então, ao conseguir se reeleger no 1º turno, Pazolini deu uma demonstração de força política, derrotando nada menos que o Palácio Anchieta na cidade mais importante do Espírito Santo.
É isso que Hartung está dizendo… Mas a sensação que fica é a de que ex-governador não está só “dizendo”… Está também “participando”, mesmo que muito a distância.
A mensagem completa de Hartung nos stories foi:
“Parabéns, @lorenzopazolini! Alegria!! Se consolida uma nova liderança no Espírito Santo”.
De imediato, a assertiva do ex-governador é o que mais chama a atenção, ao contatar a consolidação de uma “nova liderança na política capixaba”, como que a dar lastro, com a sua autoridade política, a um futuro promissor para Pazolini.
Mas, num segundo momento, o que mais se destaca mesmo é uma palavrinha solta, lançada quase despretensiosamente ali no meio da mensagem, só que ainda mais prenhe de sentido: “Alegria”.
Hartung não dá lugar a dúvida: a vitória de Pazolini o alegra. Está pessoalmente contente com a reeleição do prefeito que é adversário do atual governador. Por quê? Só porque Pazolini, como ele, não joga no time de Casagrande? Não pode ser só isso. Tem mais caroço nesse angu.
Quem fica “alegre” quando um time vence um jogo duro, ou torce por esse time ou joga nesse mesmo time.
A eleição estadual de 2026 está aí, inteiramente em aberto, inclusive para quem eventualmente queira de algum modo retornar à política estadual. Em disputa, estarão três cargos majoritários de suma importância: governador do Estado, na sucessão de Casagrande, e dois senadores pelo Espírito Santo.
Não é de hoje que vêm saltando aos olhos a aproximação e os pontos de contato entre Hartung e Pazolini… As interseções começaram a aparecer já na campanha de 2020 (apoio de Lelo Coimbra e César Colnago, participação forte de Marcelo Oliveira nos bastidores) e na equipe de transição (a chegada de Regis Mattos e de Aridelmo Teixeira, além de Roberto Carneiro).
Ao lado de Ana Paula Vescovi, o economista Regis Mattos foi quem deu sustentação técnica à política fiscal do último governo de Hartung, de 2015 a 2018, como secretário estadual de Planejamento. Ocupando agora cargo equivalente na prefeitura, ele e Aridelmo Teixeira, outro antigo aliado de Hartung, são os grandes responsáveis pela política fiscal e financeira da atual gestão de Pazolini em Vitória.
Pazolini não vai surpreender ninguém, absolutamente ninguém, se for candidato ao Governo do Estado em 2026. Mas também não haverá grande surpresa se estiverem integrados a este mesmo movimento político-eleitoral nomes como Aridelmo Teixeira, Cris Samorini, Erick Musso e Roberto Carneiro. E, à frente de todos eles – ou mesmo na retaguarda –, Paulo César Hartung Gomes.
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