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Coluna Vitor Vogas

Lorenzo Pablolini mergulha de cabeça na campanha de Muribeca na Serra

O que explica esse mergulho de cabeça do prefeito de Vitória na campanha na cidade vizinha e o que está realmente em jogo nesse grande “War Político”

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Agora não cabe a menor dúvida: Lorenzo Pazolini mergulhou de cabeça na campanha de Pablo Muribeca na Serra. Na noite dessa segunda-feira (21), com direito a fotos divulgadas pela assessoria de imprensa da campanha, o prefeito de Vitória participou de uma carreata ao lado de Muribeca e do presidente estadual do Republicanos, Erick Musso, no bairro Jardim Carapina.

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Pazolini assim se confirma como o principal apoiador de Muribeca, seu correligionário no Republicanos, no 2º turno na Serra contra Weverson Meireles (PDT), candidato apoiado pelo prefeito Sergio Vidigal (PDT) e pelo governador Renato Casagrande (PSB).

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O prefeito de Vitória e outras estrelas do Republicanos no Espírito Santo, como os deputados federais Amaro Neto e Messias Donato, são esperados em um grande evento da campanha de Muribeca marcado para esta terça-feira (22), às 19 horas: um comício batizado de “Virada 10”, no Centro Comunitário de Laranjeiras.

O prefeito de Vitória inaugurou sua participação pessoal na campanha de Muribeca na última sexta-feira (18). No fim da manhã, os dois tiraram fotos e fizeram um vídeo juntos no Viaduto de Carapina. O local escolhido foi simbólico, pois demarca a divisa entre as duas cidades da Região Metropolitana, logo após a Rodovia das Paneleiras. Desde então, a presença de Pazolini na campanha do aliado no município vizinho tem dado o que falar.

Na tarde de sábado (19), a assessoria de campanha de Weverson divulgou uma nota bombástica, afirmando que, pela manhã, Pazolini telefonara para o secretário-chefe da Casa Civil no governo Casagrande, Juninho Abreu, e teria deixado uma ameaça. Segundo a assessoria de Weverson, o prefeito teria dito ao secretário que não havia gostado nem um pouco do jeito como fora tratado na véspera por apoiadores de Weverson e que, quando voltasse à Serra, ele e seus assessores iriam armados.

Repito: isso foi divulgado, textualmente, na nota da assessoria do candidato do PDT à imprensa no sábado à tarde. Juninho Abreu é aliado de longa data de Vidigal, mas também tem ótima relação com Pazolini. Teria sido o elo, ou mensageiro, nesse caso.

Isso, entre outros motivos, teria levado Weverson e Vidigal, no sábado mesmo, a pedir reforço no policiamento ostensivo nas ruas da Serra, tanto à Polícia Federal como à Polícia Civil. Por volta das 16h30 de sábado, o próprio Vidigal, em conversa com a coluna, confirmou ter recebido de Juninho Abreu uma ligação naquele mesmo dia. Segundo o prefeito da Serra, o chefe da Casa Civil de Casagrande reportou a ele as declarações de Pazolini, registradas na nota da assessoria de campanha de Weverson.

Vidigal acrescentou que Pazolini estaria levando boa parte de sua militância de Vitória, como assessores e o ex-chefe da Central de Serviços Léo Formigão (Republicanos), para fazer campanha na Serra, o que estaria gerando animosidade e incitando a violência nas ruas.

Na manhã de domingo (20), a assessoria de imprensa da Prefeitura de Vitória desmentiu em um ponto o relato de Vidigal e da assessoria de Weverson: informou que Pazolini nem sequer participara de atividades de rua ao lado de Muribeca na sexta-feira ou de qualquer outra atividade de rua no 2º turno até aquele momento.

Na tarde de domingo, a assessoria de imprensa de Juninho Abreu confirmou, em nome do secretário, que ele recebeu mesmo uma ligação de Pazolini no sábado. O teor da conversa, porém, não foi informado.

Cumpre frisar que, em momento algum deste enredo, houve qualquer desmentido, por parte de qualquer um dos personagens envolvidos, em relação àquele que na certa é o ponto mais sensível: a ameaça, ou suposta ameaça, atribuída a Pazolini pela campanha de Weverson, a qual teria sido feita por intermédio de Juninho Abreu.

Weverson cutuca Pazolini no debate da Rede Gazeta

De todo modo, em plena escalada de tensão nas ruas da Serra e nas redes sociais, a segunda-feira (20) foi marcada por um evento decisivo da campanha no 2º turno: o tão aguardado encontro entre Muribeca e Weverson, pela primeira vez cara a cara, literalmente, no debate realizado pelo site A Gazeta e pela rádio CBN.

Durante o debate, eivado de provocações de parte a parte, o nome de Pazolini foi citado mais de uma vez e ganhou inesperado protagonismo.

Em duas oportunidades, Weverson ironizou o fato de Muribeca estar “se pendurando” no apoio do prefeito de Vitória:

“Ele está agora andando a cidade ao lado do prefeito da capital do Estado. Eu quero ainda entender como é que o prefeito da Capital vai ajudar a nossa cidade da Serra”, questionou o candidato de Vidigal, emendando uma crítica já veiculada na sua propaganda de rádio:

“Aliás, o prefeito da Capital muito ajudaria se pudesse atender os seus 10 mil pacientes que ele deixa ir pra nossa cidade, se atendesse na UPA de Vitória. Aliás, não tem UPA em Vitória…”

Não tem mesmo e, durante a campanha em Vitória, Pazolini anunciou o início da construção da primeira.

“Ele [Pazolini] vai limitar o crescimento de Vitória para que a Serra possa crescer? Se ele cuidasse da saúde de Vitória já nos ajudaria muito, desafogando nossa UPA”, voltou a ironizar Weverson. E aproveitou para reiterar: “O aliado dele [Muribeca] é Lorenzo Pazolini. O meu aliado é Renato Casagrande e Sergio Vidigal [sic]”.

Motivado ou não pelas provocações no debate, o fato é que, no mesmo dia, à noite, o próprio Pazolini tratou de cessar qualquer dúvida que pudesse persistir quanto ao seu grau de envolvimento na campanha do aliado e correligionário no município ao norte de Vitória. Provou estar, a partir de agora, mergulhado até o pescoço nesta última semana de campanha.

Casagrande/Vidigal/Weverson X Erick/Pazolini/Muribeca

Com essa entrada definitiva de Pazolini, o 2º turno na cidade mais populosa do Espírito Santo se estabelece como uma disputa à parte entre prefeitos (o da Serra e o de Vitória) e entre Pazolini, Casagrande e os respectivos grupos políticos em nível estadual.

De um lado, o grupo representado por Casagrande, tendo por aliado estratégico Vidigal, por sua vez representado por Weverson nessa disputa local.

Do outo, o grupo liderado por Erick Musso (e mais gente acima dele), do qual fazem parte Pazolini e Muribeca. É um grupo independente do Palácio Anchieta, um dos poucos que não reza pela cartilha de Casagrande, hoje, no Estado.

No tabuleiro de “War” da geopolítica capixaba, todas as atenções se voltam agora para a Serra, e toda a força política dos dois lados se concentra agora no município. Primeiro porque, no Espírito Santo, só há 2º turno na Serra (logo é até natural que seja assim). Segundo pela importância estratégica do município.

O maior colégio eleitoral do Espírito Santo tem mais de 10% da população estadual e é de vital importância para os planos de expansão política de qualquer grupo. Tanto o de Casagrande como o do Republicanos lutam pelo domínio desse território porque sabem que ele é fundamental para suas pretensões em 2026, nas próximas eleições estaduais.

No 1º turno, o Republicanos já cumpriu uma etapa importante nesse seu projeto de expansão, ocupando oito prefeituras, sendo duas na Grande Vitória: Guarapari e a Capital. Chegar ao governo na Serra deixará o partido em posição ainda mais privilegiada para a rodada de “War Político” a ser travada daqui a dois anos.

Nesse ponto, a participação ativa de Pazolini na campanha de Muribeca pode ser compreendida de dois modos: por uma parte, ele está sendo partidário; já tendo resolvido sua vida em Vitória, está dando sua cota de contribuição pessoal para o sucesso do partido no segundo município politicamente mais importante do Espírito Santo; por outra, ao ajudar o partido, Pazolini também se ajuda no médio prazo, ainda que hipoteticamente…

Como é sabido por todas, o prefeito de Vitória saiu das urnas consolidado como o nome mais forte e mais provável para ser o candidato do Republicanos ao Governo do Estado em 2026… O próprio Erick já mandou avisar, em entrevista à coluna publicada aqui ontem: “O Republicanos vai trabalhar para ter protagonismo em 2026”. Para isso, o presidente estadual do Republicanos idealiza e começa a arquitetar uma frente formada por partidos de direita e centro-direita como PP, Podemos, PSD e União Brasil…

Erick, Pazolini e companhia… ninguém ali está brincando em serviço. Se o Republicanos levar a Serra, o partido atingirá a façanha de governar praticamente 25% dos capixabas nos municípios a partir de janeiro (quebrando a banca na Grande Vitória). Quando vierem as eleições 2026, um em cada quatro habitantes do Estado estará sob o governo de um prefeito do Republicanos em sua cidade.

Eis o que está em jogo, para muito além de um duelo entre “o filho da Serra” e “o candidato do Vidigal”.

O papel de Erick

Erick Musso foi o principal articulador político da coligação e da campanha de Pazolini no 1º turno em Vitória. No dia 6 de outubro, o prefeito se reelegeu com 56% dos votos válidos, enquanto Muribeca passou ao 2º turno na Serra como o segundo candidato mais votado.

Desde então, as atenções de Erick têm se concentrado na campanha de Muribeca. Além de coordenar a campanha do deputado do Republicanos, Erick ainda faz as vezes de “animador” ou “puxador” das principais carreatas, ao lado do candidato. Ele é o dono do microfone. Este ninguém tira dele.