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Coluna Vitor Vogas

Ivan Carlini pode mesmo voltar a presidir a Câmara de Vila Velha

Numa disputa que está pegando fogo e que precisa ser resolvida até segunda, decisão dos vereadores e de Arnaldinho se afunilou para três nomes

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Após descer ao mundo de Hades, um velho conhecido dos cidadãos de Vila Velha pode voltar de repente ao Olimpo da política canela-verde. Tendo passado os últimos quatro anos sem mandato, Ivan Carlini (Podemos) voltou a se eleger vereador, com a ajuda do prefeito Arnaldinho Borgo (Podemos), nas eleições municipais de outubro. Agora, tem chances reais de voltar para a Câmara Municipal de Vila Velha na mesma posição que ocupava ao se despedir da Casa em dezembro de 2020: a de comando. Ivan é seriamente cotado para voltar à presidência, na eleição da nova Mesa Diretora, no dia 1º de janeiro.

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Numa disputa que está pegando fogo e que precisa ser definida até a próxima segunda-feira (23), data final para registro da(s) chapa(s), a decisão dos vereadores – e, principalmente, de Arnaldinho – afunilou-se para um destes três nomes: Ivan, Osvaldo Maturano (PRD) ou Rogério Cardoso (Podemos). Chances maiores para os dois primeiros, enquanto Rogério corre por fora. Ivan é o preferido da maioria dos 21 vereadores eleitos, que serão diplomados nesta quarta-feira (18) e tomarão posse no dia 1º. Essa é a “média ponderada” de informações passadas à coluna, sob anonimato, por alguns dos vereadores eleitos envolvidos nas intensas conversas. Só Ivan falou abertamente.

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Hoje, se dependesse só do próximo plenário, Ivan seria o favorito para a presidência. Não depende. O principal eleitor, regente desse processo, é Arnaldinho – como o próprio Ivan tem consciência e admite. O indicativo do prefeito será determinante. Se, nos próximos dias, ele der uma palavra em favor do veterano ex-presidente, não faltará mais nada, e Ivan voltará triunfante ao comando da Câmara. “Meu nome está à disposição do prefeito. Ele tem a maioria e quem vai decidir é ele”, assevera o ex-presidente, vereador por sete mandatos consecutivos, de 1993 a 2020, e prestes a iniciar o oitavo.

Por enquanto, segundo as fontes ouvidas nesta apuração, o prefeito ainda não se decidiu. Não sinalizou apoio nem orientou voto em nenhum nome para os membros de sua futura base majoritária (pelo menos 17 dos 21 eleitos). Arnaldinho, segundo relatos, ainda tem dúvidas, mas estaria entre estes dois: Ivan ou Maturano, também considerado por ele, embora enfrente maior rejeição entre colegas de plenário. Rogério é a carta surpresa, pois tem capacidade de diálogo e bom trânsito com os colegas. Todos aguardam a orientação do gabinete do prefeito. Mas isso não quer dizer que aguardem parados.

As movimentações estão frenéticas, com reuniões diárias entre os eleitos, o que inclui o próprio Ivan. Segundo a fênix da Grande Cobilândia, Arnaldinho deu a ele sinal verde para se articular com os pares e tentar se viabilizar (a ele e aos demais, aliás). E é isso que ele tem feito, ininterruptamente, desde o início deste processo. Maturano e Rogério, idem. Em momento algum eles pararam… Os três são aliados de Arnaldinho. Ivan é correligionário do prefeito: pelas mãos dele, filiou-se ao Podemos. Voltou à Câmara no partido e no palanque de Arnaldinho. Rogério é correligionário e ex-líder do prefeito no plenário. Maturano é o líder atual.

“O que o prefeito sempre falou para mim e para os outros é para trabalhar e procurar votos. E eu fiz meu papel. Conversei com todos os 20 futuros colegas. Se dependesse só deles, eu teria de 80% a 90% dos votos”, ratifica Ivan, que esteve com Arnaldinho na última segunda-feira (16), no gabinete do prefeito. “Ele disse ‘Ivan, faz o seu trabalho’.”

Joel Rangel: a saída de cena daquele que nunca entrou

Enquanto nos últimos dez dias Ivan se fortaleceu, Maturano recuperou fôlego e Rogério se manteve no jogo, um quarto aliado de Arnaldinho perdeu força e praticamente retirou-se do processo. Ex-líder do prefeito no Legislativo Municipal e eleito para voltar à Câmara também pelo Podemos, Joel Rangel foi considerado aqui, no dia 7 de dezembro, como um forte possível candidato à presidência, um passo à frente dos demais àquela altura. De fato, era o retrato daquele momento, dada a proximidade política e a relação de confiança desenvolvida entre ele e Arnaldinho.

Joel, porém, foi engolido pelo processo. Preferiu manter-se inerte, alheio às intensas movimentações dos potenciais concorrentes, esperando uma possível indicação do prefeito que lhe garantisse a chegada à presidência por aclamação. Essa indicação jamais veio. Como dito, Arnaldinho até agora não apontou o dedo mágico para ninguém. Por inércia, Joel acabou superado pela concorrência. Também para se preservar, preferiu não se envolver em uma disputa de poder que está sendo pesadíssima nos bastidores. Joel, enfim, não quis ir para a briga e se manteve silencioso. Assim, em poucos dias, foi de mais cotado a eliminado do jogo.

A união de Rogério com Ivan e o blocão de dez vereadores (do PL ao PT)

Enquanto isso, Rogério e Ivan, ambos do Podemos, resolveram unir forças. E não apenas entre si. Para se fortalecerem mutuamente, os dois passaram a discutir juntos a eleição da Mesa. A aliança deles, segundo relatos, é muito firme. Hoje, de acordo com informação confirmada pelo ex-presidente, Rogério está inclinado a abdicar em prol dele. “O Rogério falou que, se o prefeito quiser, ele fica comigo… que, se eu for o candidato, ele vota em mim. Falou isso para mim e para o prefeito também”, relata Ivan.

A eles se juntaram outros vereadores eleitos, dos mais diversos matizes político-ideológicos. Hoje, existe um grupo consistente, formado por dez parlamentares eleitos, que discute em bloco a eleição da Mesa e deseja convergir com o prefeito. Desse grupo fazem parte Ivan e Rogério, além de outros quatro vereadores da base de Arnaldinho reeleitos – Renzo Mendes (PP), Flávio Pires (Agir), Welber da Segurança (União) e Patrícia Crizanto (PSB) – e dos quatro vereadores propensos a fazer mandato de oposição ao prefeito, numa união pragmática de opostos: o do PT, Rafael Primo, e os três do PL (Devacir Rabello, Patrick da Guarda e Pastor Fabiano Oliveira).

Esse grupo tem se reunido diariamente. Na noite da última segunda-feira (16), a reunião foi no bairro Parque das Castanheiras, vizinho à Praia da Costa. Com 10 de 21, eles já têm quase a maioria para apresentar uma chapa e vencer. Mas, de novo: depende dos ditames de Arnaldinho. Um sopro do prefeito, e esse bloco pode ficar abalado. Mas, com nove vereadores fechadinhos com ele e o próprio Rogério convergindo, Ivan tem um argumento forte para apresentar ao chefe do Executivo: o de que conta com o apoio de um grande número de colegas.

Se o prefeito optar por ele, não terá que peitar muitos aliados nem vai descontentar muita gente… O custo político será baixo. Por incrível que pareça, Ivan realmente goza da simpatia de grande parte dos vereadores eleitos com ele. É um nome que “passa” com facilidade entre os pares e desperta bem menor rejeição, por exemplo, do que desperta o de Maturano ou despertava o de Joel Rangel.

Muitos consideram que, em seus incríveis 12 anos seguidos na presidência da Câmara, de 2009 a 2020, o eterno líder comunitário de Cobilândia foi um presidente bom para os outros vereadores, garantindo governabilidade aos três bem diversos prefeitos com quem conviveu (nesta ordem: Neucimar, Rodney e Max Filho), mas sem deixar de assegurar a autonomia no exercício dos mandatos parlamentares.

A prova maior disso é o próprio Arnaldinho: durante o último governo de Max (2017-2020), sob a presidência de Ivan, o atual prefeito estava em seu segundo mandato na Câmara. Como vereador, Arnaldinho exerceu oposição ferrenha ao então prefeito, de quem Ivan era aliado. Como presidente, Ivan jamais cerceou o mandato de Arnaldinho para blindar Max Filho.

O maior ponto que pesa contra Ivan é aquele que já se sabe e que já foi detalhado aqui. Trata-se, acima de tudo, de uma questão de imagem: por tudo (a idade, o estilo, o jeitão meio bronco, a aliança no passado com José Carlos Gratz e os sete mandatos acumulados), ele encarna precisamente a imagem contrária à que Arnaldinho tenta a todo instante imprimir, em sua ascendente trajetória que, como não é segredo para ninguém, pode conduzi-lo a uma candidatura ao Palácio Anchieta já em 2026.

Como transmitir ao eleitorado imagem e discurso de “renovação política” e, ao mesmo tempo, respaldar a volta do velho Ivan Carlini à presidência do Parlamento na cidade governada por ele?

Mas, perante esse argumento, os partidários de Ivan contra-argumentam que Maturano também tem os seus esqueletos no armário. Embora jamais tenha presidido a Câmara, também acumula mandatos. E, embora mais jovem que Ivan, não seria propriamente um símbolo da “nova política”.

Tudo considerado, se a decisão se resumir a um dos dois, qual deles oferece o maior grau de confiabilidade ao prefeito, garante-lhe governabilidade e estabilidade, um Parlamento autônomo, mas politicamente controlado? No fim do dia, mais do que considerações sobre a “velha política”, isso pode ser o mais importante para quem se senta na cadeira de chefe do Executivo.

Anadelso: a volta do que não foi e o fortalecimento de Maturano

Ivan Carlini e Rogério começaram fazendo os respectivos movimentos solos. Há menos de dez dias, convergiram. Num segundo momento, os dois atraíram Maturano para uma mesma composição. Mas o atual líder do prefeito logo se afastou dos dois e voltou a seu movimento solo. Um fato novo foi fundamental para isso: a volta do que não foi, Anadelso Pereira (Podemos).

O grande aliado de Arnaldinho já estava, literalmente, de mudança para a Assembleia Legislativa. Como 1º suplente do Podemos, herdaria o mandato do deputado Lucas Scaramussa, que, no dia 1º, tomará posse como novo prefeito de Linhares. Mas o reprocessamento de votos feito pelo TRE-ES, devido à cassação da chapa do Partido da Mulher Brasileira (PMB) em 2020, resultou numa dança das cadeiras na Assembleia. O deputado Allan Ferreira, do Podemos, perdeu o mandato, “descendo” para a posição de 1º suplente do partido – no lugar de Anadelso, rebaixado para a 2ª suplência.

Com a posse de Scaramussa, Allan recuperará o mandato na Assembleia, enquanto Anadelso ficará a ver, da Prainha, os navios que chegam à Baía de Vitória. Restará a ele contentar-se com um novo mandato de vereador, para o qual foi eleito em outubro, também na base de Arnaldinho.

Como Anadelso ficará na Câmara de Vila Velha, passou a se engajar ativamente nas articulações relativas à Mesa Diretora. E se tornou um dos principais partidários de Maturano, aumentando a força deste no processo.


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