Coluna Vitor Vogas
Guerrilha digital: Weverson e Muribeca fecham perfis no Instagram
Nesta sexta-feira, assessores de marketing digital dos dois candidatos tomaram rigorosamente a mesma medida, no auge de uma “Guerra Fria” travada na arena virtual
Uma espécie de “Guerra Fria” travada no campo de batalha digital entre as campanhas de Weverson Meireles (PDT) e Pablo Muribeca (Republicanos) levou ambas a tomar a mesma decisão nesta sexta-feira (25): fechar o perfil dos respectivos candidatos no Instagram.
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Na tarde desta sexta, tanto o perfil de Weverson como o de Muribeca se tornaram “privados”, por decisão dos respectivos assessores de marketing digital. Isso significa que somente seguidores poderiam acessar e visualizar o conteúdo postado pelos dois candidatos. Quem já era seguidor daquele perfil poderia acessar normalmente as postagens, sem sentir nenhuma diferença. Quem não era, precisou pedir para se tornar um seguidor, enviando uma solicitação aos administradores da conta.
A decisão das duas campanhas pode surpreender ou confundir quem não seja especialista na arena virtual: afinal, por que restringir o acesso do público aos posts do candidato, a menos de 48 horas do fim do período de campanha? A ideia, em princípio, não é fazer o conteúdo chegar ao maior número de pessoas?
Aí é que está. Os assessores das duas campanhas confirmaram ter tomado a medida, voluntariamente, nesta sexta-feira, pelos mesmos motivos e objetivos. Os dois lados alegam que vinham sendo vítimas de uma invasão de “seguidores comprados” que, na verdade, eram perfis falsos, por parte da campanha adversária. Assessores de ambos disseram que sofreram a investida adversária na manhã desta sexta e que isso já havia ocorrido anteriormente ao longo da campanha.
A prática afeta diretamente a lógica do algoritmo do Instagram, diminuindo o engajamento dos posts e produzindo o efeito inverso ao desejado.
“Fazer o conteúdo chegar ao maior número de pessoas”, como escrito acima, não depende necessariamente do número de pessoas que seguem determinado perfil. A distribuição dos posts no (e pelo) Instagram está condicionada, basicamente, à operação do algoritmo da plataforma, cujo funcionamento se baseia nas taxas de engajamento dos usuários.
Traduzindo da maneira mais simples possível: quanto maior o engajamento gerado pelos publicações de um perfil (curtidas, comentários, interações), mais o algoritmo do Instagram vai entender que aqueles posts interessam realmente àquele público; por via de consequência, mais vai colocá-los em destaque no feed daqueles usuários (postagens das contas que eles seguem, bem como publicações sugeridas).
Se o candidato X faz um post que gera alto grau de engajamento entre aqueles seguidores, o algoritmo do Instagram tende a colocar os futuros posts desse mesmo candidato em destaque no feed daqueles mesmos usuários. Se não gera engajamento orgânico, ocorre exatamente o contrário.
Pois bem, uma “invasão de seguidores fake” tende a gerar exatamente o efeito contrário. Com um grande volume de seguidores comprados que na verdade estão ali só para fazer número (não reagem, pois não são reais), o percentual de engajamento dos seguidores daquele candidato diminui a cada post.
O algoritmo do Instagram então “entende” (vale lembrar que, em essência, estamos tratando de inteligência artificial) que os conteúdos daquele perfil na verdade não interessam tanto assim aos seguidores que ali se encontram. Consequentemente, a plataforma dará destaque cada vez menor às futuras publicações daquele candidato no feed dos seus seguidores reais.
É assim que opera a lógica da rede social. E foi isso o que levou tanto a campanha de Muribeca como a de Weverson a adotar a medida radical nesta sexta-feira.
Deixando o perfil no modo “privado” e exclusivo a seguidores, quem não era seguidor tem que fazer a solicitação para passar a seguir a conta. A ferramenta permite aos respectivos assessores de marketing, administradores dos perfis, fazer uma triagem humana de quem será ou não aceito, reduzindo assim a “enxurrada” de seguidores comprados e os impactos dessa estratégia de guerrilha digital sobre o alcance dos posts do candidato.
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