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Coluna Vitor Vogas

Falando em “recomeço”, Gandini oficializa desfiliação do Cidadania

Destino provável do deputado é o PSD. Com a mudança de partido, ele segue vivo na disputa pela Prefeitura de Vitória em 2024

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Fabrício Gandini, deputado estadual. Crédito: Assessoria

Autorizado pela Justiça Eleitoral para trocar de partido sem perder o mandato na Assembleia, o deputado estadual Fabrício Gandini desfiliou-se oficialmente do Cidadania, nesta quarta-feira (01), após mais de 18 anos de militância na sigla. Na iminência de se filiar ao Partido Social Democrático (PSD), Gandini anunciou a sua saída do Cidadania em uma carta intitulada “Um recomeço”.

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Na carta, em tom memorialista e de gratidão, o deputado relembra sua filiação ao Cidadania (então Partido Popular Socialista – PPS), em setembro de 2005, e a sua primeira reunião nacional, na qual a agremiação decidiu sair da base do primeiro governo Lula (PT), no contexto da eclosão do escândalo do mensalão.

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Na época, o hoje deputado era assessor parlamentar do então vereador Luciano Rezende, na Câmara Municipal de Vitória. Antes, fora assessor de César Colnago na Assembleia Legislativa. Foi quando começou sua trajetória política. De 2009 a 2018, Gandini foi vereador de Vitória. Desde 2019, é deputado estadual. Seus cinco mandatos parlamentares, incluindo o atual, foram exercidos pelo Cidadania.

Agora, como registra em sua carta, Gandini fala em “encerramento de um ciclo importante” e afirma estar em busca de um “recomeço”. Como já analisamos aqui, desde o início do ano, ele de fato tem buscado se reinventar politicamente – inclusive em termos ideológicos, assumindo uma postura mais de centro-direita e de maior independência em relação ao governo Casagrande.

“Hoje, encerro um ciclo importante na minha vida”, escreveu o deputado. “Sou e serei eternamente grato a todos que me concederam a oportunidade de crescer e aprender. A palavra que quero deixar para aqueles com quem troquei experiências no Cidadania é: OBRIGADO! Acredito que neste momento de grandes mudanças na política, eu preciso recomeçar, ir ao encontro de algo novo, diferente do que já vivi e com novas perspectivas. E, como escreveu Bráulio Bessa, no poema ‘Recomece’: ‘…É preciso de um final pra poder recomeçar… Recomece, se refaça, relembre o que foi bom, reconstrua cada sonho, redescubra algum dom…’”.

Essa “mudança de ciclo” de Gandini também responde a uma necessidade prática, não mencionada na carta: após 18 anos, ele troca agora de partido para se manter vivo no jogo pré-eleitoral de Vitória. Se ficasse no Cidadania, mesmo como dirigente estadual do partido, suas chances de viabilizar nova candidatura a prefeito da Capital, após a malsucedida tentativa em 2020, seria extremamente reduzida.

Afinal, o Cidadania não só tem o ex-prefeito Luciano Rezende como líder maior no Estado como está federado com um partido bem maior, o PSDB, que por sua vez tem outro potencial candidato de peso ao mesmo cargo: o também ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas.

O PSD se oferece a Gandini como uma válvula de escape e um canal para seu almejado “recomeço” também do ponto de vista eleitoral, sobre novas bases, num partido de centro-direita.

Leia abaixo a carta completa de Gandini:

UM RECOMEÇO

Lembro como se fosse hoje da minha primeira reunião nacional, no Rio de Janeiro, como filiado do partido Cidadania, naquele momento ainda chamado PPS. Em meio ao escândalo do mensalão, os filiados, numa reunião que durou aproximadamente 12h, decidiram, com o meu voto, não mais participar do governo que tinha um ministro como representante naquele momento.

Minha filiação aconteceu no dia 20 de setembro de 2005, na Assembleia Legislativa, com a ilustre presença do então presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, a convite do presidente estadual do Cidadania no Espírito Santo, Luciano Rezende.

Tive a honra de ser o presidente do Cidadania na minha cidade, Vitória, e presidente estadual por muitos anos, além de membro do Conselho de Ética Nacional do partido. Todos os meus mandatos, três de vereador em Vitória e dois de deputado estadual, foram pelo Cidadania.

Posso testemunhar, pelo que vivi em todo esse período de 18 anos, que o Cidadania é um partido de homens e mulheres honrados, pessoas decentes, que querem um país melhor e que lutam intensamente para que isso ocorra. Dei a minha contribuição! Como dirigente, levamos o partido a ter representantes em todas as esferas.

Hoje, encerro um ciclo importante na minha vida. Sou e serei eternamente grato a todos que me concederam a oportunidade de crescer e aprender. A palavra que quero deixar para aqueles com quem troquei experiências no Cidadania é: OBRIGADO!

Acredito que, neste momento de grandes mudanças na política, eu preciso recomeçar, ir ao encontro de algo novo, diferente do que já vivi e com novas perspectivas. E, como escreveu Bráulio Bessa, no poema ‘Recomece’:

…É preciso de um final pra poder recomeçar… Recomece, se refaça, relembre o que foi bom, reconstrua cada sonho, redescubra algum dom…”