Coluna Vitor Vogas
Entrevista – Lorenzo Pazolini: “Gestão e prefeito tiveram um amadurecimento”
Pazolini enfatiza que, para ele, a eleição é uma página virada “tem tempo”, assim como suas “divergências” com o governador e a própria vice. Ele reconhece a “relevância” do Governo do Estado e desfia elogios à Capitã Estéfane
Se ainda cabia alguma dúvida de que o prefeito de Vitória entrou no modo PPA (Pazolini Paz e Amor), a entrevista abaixo, concedida por ele à coluna, pode ser lida como a prova definitiva. Fazendo uma pequena autocrítica, ou o mais próximo possível disso, o prefeito chega a dizer que ele mesmo amadureceu pessoalmente, assim como a sua gestão, depois de um segundo ano de governo turbulento e marcado por crises políticas tornadas públicas com o governador Renato Casagrande (em maio) e com sua vice-prefeita, Capitã Estéfane (em novembro).
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Ao ser indagado se decidiu sair da “faixa de combate”, o prefeito é categórico:
“Não é ‘faixa de combate’. O território foi demarcado. Talvez naquele momento era mais necessário algum tipo de gesto, de atitude. Mas tudo é fruto de um amadurecimento. E esse amadurecimento é um amadurecimento da gestão, é um amadurecimento do prefeito, é um amadurecimento pessoal. Isso tudo contribui para o fortalecimento da gestão.”
Admitindo ter havido “diferenças de entendimento político, naturais da democracia” durante o período eleitoral, Pazolini enfatiza que, para ele, a eleição é uma página virada “tem tempo”, assim como suas “divergências” com o governador e a própria vice. Reconhece a “relevância” do Governo do Estado e desfia elogios a Estéfane.
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Confirmando a mudança radical de foco, o prefeito destaca que ele agora “trabalha pela paz”, por “tudo o que é diálogo” e por uma “construção de prosperidade” para Vitória. Na segunda metade do mandato, afirma, seu foco total é nas entregas e nos investimentos para os cidadãos. Sobre esse último ponto, ele estima que sua administração encerrará os quatro anos de mandato com R$ 2 bilhões investidos (quase tudo com recursos próprios), superando em muito a própria previsão inicial.
Quanto a ser ou não ser candidato à reeleição, Pazolini dá uma resposta significativa, que talvez nos ajude a entender todas as demais, bem como essa guinada do prefeito neste segundo tempo do seu mandato.
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Confira a entrevista completa do prefeito de Vitória:
O senhor parece ter entrado em 2023 como um outro Lorenzo Pazolini. Em 2022 o senhor se envolveu em alguns conflitos políticos de grande repercussão. Agora, parece bem mais focado em pautas positivas e em entregas da própria gestão. Nos últimos dias, a prefeitura fez algumas delas em série. Ao mesmo tempo, o senhor está fugindo de polêmicas, tem dado declarações diplomáticas sobre o governo Casagrande e, em recentes gestos públicos, vem nitidamente buscando melhorar o relacionamento institucional com o governo. Afinal, o senhor virou a chave?
Os dois primeiros anos da nossa administração foram muito difíceis, até porque a prefeitura não tinha capacidade de investimento. E a pandemia em 2021 gerou um fator agravante. Tínhamos a capacidade de investimento extremamente reduzida, quase zero, aproximadamente R$ 6,5 milhões. Então nós preparamos o terreno para que estes dois anos agora de fato sejam anos de entregas, e é o que estamos fazendo. Nós estruturamos o Plano Vitória, preparamos, planejamos. Trouxemos um secretariado extremamente técnico para nos dar condições de caminhar nestes dois anos. Hoje nós temos um plano de R$ 1 bilhão em investimentos, que já era um sonho, talvez inatingível num primeiro momento. E a nossa expectativa é chegarmos ao final dos quatro anos de mandato com R$ 2 bilhões investidos. A previsão inicial do Plano Vitória, lançado em setembro de 2021, era chegarmos a R$ 1 bilhão em investimentos nos quatro anos de governo. Nós hoje já estamos chegando a R$ 1 bilhão. Vamos finalizar o mandato, no fim do ano que vem, com R$ 2 bilhões em investimentos.
Isso só com recursos próprios?
Uma parte pequena de financiamento, mas quase tudo com recursos próprios. Eu não contraí nenhum financiamento. A minha gestão só pagou financiamentos. Não fizemos nenhuma operação de crédito. Só estamos pagando dívidas de gestões anteriores. Quase tudo o que está sendo feito é com recursos próprios, fruto da reorganização que fizemos lá atrás. Nós preparamos a cidade para receber investimentos: reduzimos o número de cargos comissionados, qualificamos os gastos públicos, fizemos o corte de despesas desnecessárias. E tudo isso gerou essa prosperidade que estamos vendo na cidade. Nós hoje temos investimentos robustos em todas as regiões da cidade.
Este ano é o de intensificar esses investimentos e entregas?
Exatamente. O que não foi lançado nós estamos lançando, mas a perspectiva é extremamente positiva.
E, tornando àquela minha premissa, podemos mesmo falar em uma virada de página?
Acho que os desafios são outros. Passou o período eleitoral. Hoje os nossos desafios são levar de fato políticas públicas para as pessoas, levar obras, investimentos, assistência social, saúde, educação. O período eleitoral passou, ficou para a história. E hoje estamos focados em outro cenário.
Do ponto de vista da estratégia política, também há uma preocupação do senhor em sair daquela “zona de conflito”, daquela “faixa de combate”?
Não é “faixa de combate”. O território foi demarcado. Talvez naquele momento era mais necessário algum tipo de gesto, algum tipo de ação, de atitude. Mas tudo é fruto de um amadurecimento. E esse amadurecimento é um amadurecimento da gestão, é um amadurecimento do prefeito, é um amadurecimento pessoal. Isso tudo contribui para o fortalecimento da gestão.
A eleição ficou para trás?
A eleição tem tempo, já é uma página virada. Nós respeitamos muito a democracia. Meus movimentos são muito claros, sempre respeitando o Estado Democrático de Direito, respeitando a Constituição Federal, as leis. É o que nós acreditamos. Eu sempre me posiciono, às vezes de maneira mais incisiva, em outras oportunidades de maneira menos incisiva, mas sempre com uma linha muito clara.
O senhor está trabalhando pessoalmente para buscar uma reaproximação e melhorar o relacionamento institucional com o governo estadual?
Nós temos trabalhado pela paz. Tudo o que é de diálogo, nós temos construído. É importante destacar: os nossos secretários sempre dialogaram com os secretários estaduais. O diálogo nunca deixou de existir. De fato, houve algumas diferenças ou divergências de entendimento político, que são naturais da democracia. Isso existiu. Mas a gente trabalha hoje por uma construção de prosperidade. O Governo do Estado é extremamente relevante para nós, tem a sua importância reconhecida, tem o seu momento, e a prefeitura faz o seu trabalho. Nós estamos focados em entregar investimentos para as pessoas.
Na semana passada, o senhor “recontratou” Aridelmo Teixeira para a sua equipe de governo, mas numa nova posição. Ele já tinha sido secretário da Fazenda e agora volta para comandar a Secretaria de Governo, mais ligada à articulação política. O que o senhor espera dele e por que o escalou nessa posição?
Aridelmo pediu o desligamento da prefeitura em razão do cenário eleitoral, respeitando o prazo de desincompatibilização para se candidatar no ano passado. Ele foi cumprir o papel que estava no coração e no planejamento dele. Normal. Desde que ele saiu, o convite já tinha sido feito para ele retornar. E o nosso entendimento hoje é o seguinte: é muito mais fácil você ter um técnico político do que transformar um político em um técnico. Para você transformar um político em um técnico, isso requer formação acadêmica. Isso demora muito tempo. A pessoa tem que ir para os bancos das instituições de ensino superior, tem que ter uma formação sólida. Agora, um técnico bem formado para atuar na política é muito mais fácil, porque ele tem um bom manejo, já disputou duas eleições, tem perspicácia, tem astúcia, tem networking, então tem todas as condições de estar ali. Ele está escalado num cargo e num local em que tenho certeza que dará ótimas respostas.
Como está sua relação atualmente com a vice-prefeita, Capitã Estéfane? É outra página virada?
Sim, tranquilo. Tenho uma relação saudável com ela, converso e dialogo com ela. Acho que hoje nós temos que trabalhar muito pela aproximação e pelo bem da cidade, e é o que nós temos feito. Estéfane é uma querida, é uma pessoa por quem tenho muita estima. A história de vida dela é muito bonita. Tenho muito respeito por ela. As pessoas trabalham pelo distanciamento. Eu trabalho pela proximidade.
E a reeleição? Está no seu radar?
Ainda não. Este ano é muito intenso. É um ano muito difícil. Você vê: no domingo, nós estávamos na Corrida das Mulheres, depois na inauguração da ciclovia, depois em agenda pela cidade, hoje no Mercado da Capixaba. Na sexta-feira à noite tem Itararé; sábado, Jardim Camburi.
Quais serão as atividades?
Na sexta, vamos dar a ordem de serviço da cobertura da quadra da praça de Itararé, uma demanda antiga da comunidade. Será um investimento de cerca de R$ 1,8 milhão, com recursos da prefeitura. É uma obra bonita, que vai revitalizar a praça do bairro. E no sábado estaremos lá no CCTI de Jardim Camburi, o Centro de Convivência da Terceira Idade. Nós vamos dar a ordem de serviço ao lado da 12ª Companhia da PMES, perto do Shopping Norte Sul.
É aquele mesmo do fatídico episódio do microfone?
É, lá era a sede antiga. Aquele evento foi de apresentação do projeto. Agora vamos dar a ordem de serviço para já começar a obra na próxima segunda-feira. A previsão é que a gente entregue o novo espaço no final do ano que vem, se Deus quiser. É uma obra grande e emblemática, tem piscina, tem academia, é um centro mesmo de atendimento à melhor idade.
E no Republicanos? O senhor continua?
Cem por cento.
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