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Coluna Vitor Vogas

Como explicar? Crimes contra mulheres seguem crescendo no ES

Na contramão do índice geral, número de homicídios de mulheres cresceu no ES, assim como o de feminicídios. Secretário de Segurança comenta as causas

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A violência doméstica pode se apresentar de diferentes formas, saiba identificar os sinais de violência. Foto: Freepik

A violência contra a mulher tem crescido no ES. Foto: Freepik

Os bons números apresentados nesta segunda-feira (1º) pelo Governo do Estado são manchados por uma nódoa daquelas que não dá para ignorar. No cômputo geral, os homicídios registrados no Espírito Santo no primeiro semestre deste ano caíram significativamente em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2024, houve 433 homicídios, contra 514 cometidos no primeiro semestre de 2023 – uma queda de 15,8%.

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Porém, na contramão dos indicadores gerais, a violência contra a mulher não só persiste como tem piorado. Se a lógica fosse matemática, o indicador “homicídios de mulheres” deveria ter caído na mesma proporção, mas, na verdade, cresceu. No primeiro semestre do ano passado, 43 mulheres foram assassinadas no Espírito Santo. No mesmo intervalo este ano, o número subiu para 46 – aumento de 7%.

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Pior: quando descemos a um recorte ainda mais específico, constatamos que o número de feminicídios também subiu. “Feminicídio” é como é classificado o assassinato de uma mulher por motivação de gênero (ela é assassinada por ser mulher, em crimes de ódio praticados por fatores ligados ao machismo como ciúme extremo, possessividade e não aceitação do fim de um relacionamento). No primeiro semestre de 2023, foram registrados 18 crimes dessa natureza no Espírito Santo; no primeiro semestre deste ano, 19.

Mais que um paradoxo a desafiar as autoridades, os números gritam “violência contra a mulher” como um problema específico, grave e persistente no Espírito Santo.

O secretário estadual de Segurança Pública, Eugênio Ricas, comenta os dados, separando-os como dois desafios com características singulares e que impõem medidas distintas de enfrentamento. Segundo ele, com relação à totalidade de homicídios de mulheres, as forças de segurança do Estado têm notado ultimamente uma inserção maior de mulheres na linha de frente de organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas, o que as coloca em vulnerabilidade bem maior.

“São dois desafios. No primeiro, que é o homicídio de mulheres, temos observado em alguns casos, inclusive em prisões realizadas pela Polícia Civil e a Polícia Militar, um aumento do número de mulheres participando de organizações criminosas. A mulher que está participando ativamente do tráfico de drogas tem uma chance maior de morrer. Não é pelo fato de ser mulher, mas por estar participando de uma organização criminosa”, afirma Ricas.

O segundo desafio, chamado por ele de “brutal”, é o desafio específico do combate aos feminicídios. Este envolve questões muito delicadas, que “invadem” o ambiente doméstico e se dão entre quatro paredes.

“Temos um desafio brutal nesse caso. São crimes geralmente praticados dentro de casa, locais a que a polícia não tem acesso. É preciso uma mudança de cultura. Temos que conscientizar os homens do nosso estado de que eles não podem resolver seus problemas afetivos por meio da violência”, ressalta o secretário.

Segundo ele, todos os 19 feminicídios praticados na primeira metade de 2024 no Espírito Santo foram solucionados. “Este é o ponto positivo, se é que podemos dizer isso.”

O número de feminicídios praticados especificamente em junho assusta e também cresceu em relação ao mesmo mês em 2023. Em junho do ano passado, houve três. Em junho deste ano, foram registrados cinco.


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