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Coluna Vitor Vogas

Cachoeiro: Victor pode apoiar deputado de direita… com uma condição

Prefeito está aberto a discutir a sucessão e até uma possível aliança com Dr. Bruno e/ou Allan Ferreira, desde que Diego Libardi seja deixado de fora

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No sentido da leitura: Bruno Resende (União), Victor Coelho (PSB) e Allan Ferreira (Podemos)

Os deputados estaduais Bruno Resende (União Brasil) e Allan Ferreira (Podemos) uniram-se ao secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, Diego Libardi (Republicanos), num movimento pré-eleitoral que, se der certo, pode ser determinante para o resultado da sucessão do prefeito Victor Coelho (PSB) em Cachoeiro de Itapemirim. Os três pré-candidatos formaram uma frente eleitoral baseada no compromisso de que só um deles será de fato candidato em agosto de 2024. O escolhido representará o trio na disputa, contando necessariamente com o apoio total dos outros dois.

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Além da estratégia eleitoral e do objetivo de chegar à Prefeitura da maior cidade do sul do Espírito Santo, os três são unidos pelo campo ideológico. Bruno e Allan se identificam como deputados de centro-direita. Libardi se define como um representante da direita. De todo modo, os três estão posicionados do centro para a direita – portanto, num campo diferente ao do PSB de Victor Coelho e do PT do ex-prefeito Carlos Casteglione, animado a voltar a concorrer.

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O movimento do trio parte da premissa de que juntos eles são mais fortes para enfrentar a situação no município e desbancar o candidato à sucessão a ser escolhido por Victor. Ou a candidata, no feminino, como hoje parece mais certo.

Em conversa com a coluna, o prefeito confirma algo assinalado pelos agentes políticos cachoeirenses em geral: está trabalhando a sua secretária de Obras e de Manutenção e Serviços, Lorena Vasques Silveira, como sua principal alternativa para ser sua candidata a sucessora. Para isso, tem buscado conferir maior visibilidade à secretária e às entregas das duas pastas comandadas por ela, a fim de lhe proporcionar maior capital político.

“Essa é uma possibilidade”, afirma Victor. Mas não é a única. E aqui o prefeito fornece uma informação nova que pode mudar profundamente o jogo eleitoral em Cachoeiro, bagunçando a atual posição das peças citadas. Segundo o prefeito, ele pode até apoiar um dos dois deputados hoje integrados à “tríade de direita”, tanto Allan quanto Bruno.

A hipótese é sinceramente cogitada por Victor, até porque seus partidos podem até não pertencer ao mesmo campo ideológico, mas ele mesmo, Allan e Bruno fazem parte do mesmo cosmo político no Espírito Santo: aquele que gira em torno do governador Renato Casagrande, principal aliado dos três.

Victor é não apenas aliado como correligionário de Casagrande no PSB. Allan e Bruno são fiéis integrantes da base aliada do governo na Assembleia. Seus respectivos partidos, Podemos e União Brasil, fazem parte do governo Casagrande, somando três secretarias de Estado.

É isto o que une os três: a liderança do governador. E o próprio Casagrande, neste caso, terá papel preponderante na evolução dessa possível aliança de Victor com Allan e/ou Bruno. Nos próximos meses, o governador conversará bastante com seus aliados em Cachoeiro, hoje em lados diferentes na cidade. Tais diálogos podem evoluir para a costura de uma aliança local, com Victor aceitando apoiar um dos dois deputados casagrandistas, em vez de lançar sua secretária municipal.

A condição do prefeito

Victor não descarta essa hipótese. Mas enfatiza que só topa discuti-la mediante uma condição: a não inclusão de Libardi em tais conversas. Com Bruno e Allan, o prefeito topa discutir e até, quem sabe, concretizar uma aliança lá na frente; com Libardi, não quer nem saber de conversa.

Em outras palavras, o que o prefeito está fazendo é passar a bola para Allan e Bruno e pôr diante dos deputados uma decisão a ser tomada: ou ele ou Diego Libardi. Com os dois ao mesmo tempo, não tem jogo.

“Existe essa possibilidade, sim, mas podemos nos enfrentar. Estamos numa conversa com o governador, que é o nosso maior aliado. E estamos em conversa com o governador sobre uma possível união com os dois deputados da base dele, que são o Bruno e o Allan. Estou conversando com o meu grupo e com o governador, para fazermos esses alinhamentos do que é melhor para Cachoeiro. Para isso, preciso de alguém que seja da minha confiança e que garanta a continuidade das nossas políticas públicas. Não posso apoiar alguém que não esteja no perfil que defendo para governar a cidade”, afirma o prefeito.

Com base na declaração de Victor, se quiserem realmente tê-lo como aliado e avançar para um possível acordo com ele, os dois deputados da base de Casagrande terão de abandonar Libardi e romper o pré-compromisso firmado com o secretário de Cidadania de Vitória.

Terão de escolher entre ele e Libardi.

“Faço questão de manter o diálogo com os dois, até porque são parceiros. Mas a minha conversa é somente com os dois: com o Doutor Bruno e com o Allan. Não tenho nenhum interesse em participar de uma conjuntura lá na frente com uma pessoa que não tenha a mesma visão que tenho para a cidade.”

O prefeito se refere a Libardi. Filiado ao Republicanos, o atual secretário de Cidadania de Vitória não pertence ao grupo de Casagrande – nem ele nem seu partido –, diferentemente de Bruno e Allan.

Mas essa dissociação não encontra a principal explicação nem na conjuntura política estadual – Libardi tem feito elogios a Casagrande e garante que, se for prefeito, governará Cachoeiro com ele – nem tampouco em questões ideológicas – Libardi é de direita, mas o próprio Victor, embora “socialista”, é um gestor com perfil mais liberal de direita e até já votou em Bolsonaro. Não se trata disso.

O que “pega” mesmo, no caso, o que explica a posição do prefeito e sua recusa a se sentar à mesma mesa política que Libardi são questões da política local.

Com o apoio do deputado estadual e ex-prefeito cachoeirense Theodorico Ferraço, Libardi foi o principal adversário eleitoral de Victor na última disputa municipal. Concorrendo pelo DEM (então o partido de Ferraço), o advogado chegou em segundo lugar, atrás de Victor, reeleito com boa vantagem em 2020.

Desde então, Libardi consolidou-se como um dos principais adversários políticos de Victor no plano local, além de crítico assíduo e incômodo da atual administração.

Libardi: “Se eles forem para o lado do Victor, continuo firme”

Libardi foi questionado sobre o fato de ser do Republicanos e não pertencer ao movimento do governador, e acerca da resolução de Victor de só discutir eleições com Bruno e Allan se ele não estiver na discussão.

“Isso não passa de especulação de adversários bastante incomodados com essa aliança nossa. Acho que tem zero chance de a nossa aliança se desfazer, devido à palavra dada pelos dois, tanto o Allan como o Bruno. Confio na palavra dos dois. Mas, se houver alguma alteração, me mantenho à disposição da cidade independentemente da aliança. Se eles forem para o lado do Victor, eu continuo firme.”

O que dizem Bruno e Allan

Sem entrar no mérito das diferenças locais de Victor com Libardi – pois não foi questionado sobre isso –, Bruno Resende avalia que, no momento, o trio do qual ele faz parte não está com Victor Coelho. A determinação, reitera o deputado, é lançar um dos três como candidato a prefeito. Mas ele se mostra disposto a abrir diálogo com Victor.

“O prefeito e eu não compomos o mesmo grupo. Hoje estou de um lado e ele do outo. Mas nada impede que, lá na frente, a gente converse. Não há nenhuma rusga entre nós, nada que impeça esse contato.”

E uma aliança com o prefeito é possível?

“Impossível é quando há zero chance. Da minha parte, é possível que as duas partes possam chegar a um ajuste, mas estamos bem encaminhados para que o nosso grupo tenha candidato. O governador tem participado das conversas de maneira periférica. Ele com certeza vai participar mais à frente. Manteremos o diálogo aberto com todos os grupos. Mas o que temos hoje como alvo é a candidatura do nosso grupo.”

Por sua vez, Allan Ferreira acredita não haver nenhum problema no acordo dele mesmo e de Bruno com Libardi pelo fato de este, a princípio, não habitar o Planeta Casagrande.

“Nosso movimento não é de oposição a ninguém. Acredito que isso não atrapalhe em nada a relação com o governador. O próprio Diego Libardi sabe da dificuldade de investimentos com recursos próprios que temos em Cachoeiro. Em entrevista recente, Diego elogiou muito o Governo do Estado.”

Adendo

No sistema planetário capixaba, Libardi também se situa em outro campo gravitacional.

Não gravita na órbita de Casagrande, e sim na de Lorenzo Pazolini. Seu chefe na Prefeitura de Vitória e correligionário no Republicanos é adversário político-eleitoral do governador.

Pode ser outro complicador.


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