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Coluna Vitor Vogas

Aberta a 3ª faixa do governo Casagrande com o Ministério da Saúde

Após quatro anos de desconexão com Bolsonaro, há fartura de evidências de que o novo governo Casagrande está em sintonia total com o de Lula na área

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No centro, Nésio Fernandes, Renato Casagrande e Nísia Trindade. Crédito: Hélio Filho/Secom

“Como é bom, ministra, ouvir palavras sensatas, equilibradas, que levem em consideração a ciência É muito bom a gente poder ter esse choque de realidade novamente na área de saúde. Estávamos precisando disso. Para nós é bom!”, disse Renato Casagrande (PSB) a Nísia Trindade após o pronunciamento da ministra, sob aplausos de uma plateia formada por autoridades públicas e médicos, na cerimônia de acolhimento dos 142 novos profissionais incorporados ao programa Mais Médicos no Espírito Santo, no Palácio Anchieta, na última segunda-feira (11).

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As palavras do governador, dedicadas em público à ministra da Saúde do governo Lula (PT) e presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de 2017 a 2022, dispensam maiores considerações. Evidenciam a sintonia que une o Governo do Espírito Santo ao Governo Federal, também na área da saúde, desde que Lula reassumiu a Presidência em janeiro deste ano, após quatro anos de disjunção em relação ao governo Bolsonaro (PL).

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Não que Casagrande e Bolsonaro batessem de frente o tempo todo. De 2019 a 2022, os dois e os respectivos governos mantiveram relação cordial e, na medida do possível, institucional. Mas as divergências, ocasionalmente externadas por Casagrande, eram flagrantes em relação a quase todas as principais políticas e visões sobre as áreas mais importantes, o que incluía educação, segurança pública, meio ambiente e, claro, saúde pública.

Durante a pandemia do novo coronavírus, o distanciamento ficou ainda mais patente: no momento mais crítico, enquanto Bolsonaro desdenhava e sabotava a vacinação, o governo Casagrande apostou na antecipação da aquisição de vacinas por conta própria; e, só para citar mais um de tantos exemplos possíveis, enquanto o Governo Estadual investiu na expansão da rede de leitos hospitalares para pacientes Covid, o então presidente chegou ao cúmulo de conclamar seguidores a invadir as alas hospitalares reservadas a pacientes Covid para comprovar se de fato eram ocupados por pacientes com essa enfermidade.

Agora, com Lula na Presidência, Nísia Trindade à frente do Ministério da Saúde – e, logicamente, o PSB de Casagrande como sócio do governo petista –, as duas esferas claramente estão falando a mesma língua no tema da saúde pública: a língua do SUS.

A convergência desponta, igualmente, das palavras com que a própria Nísia devolveu o afago público de Casagrande, lembrando-se de quando ela era presidente da Fiocruz no momento mais difícil da pandemia:

“O Espírito Santo era um dos estados que buscavam o cuidado com a população e sabendo que a ciência e a tecnologia poderiam ser, como foram, instrumentos para salvar vidas, indo na contracorrente do próprio Governo Federal. Em outras pandemias não se conseguiu isso, mas nessa pandemia havia esse recurso. Então eu queria, em seu nome, realmente prestar minha homenagem aqui a toda a comunidade do estado do Espírito Santo e à sua gestão como governador, que continua a trabalhar com esses desafios, mas agora, com certeza, de mãos dadas com o presidente da República, que leva muito a sério essa visão da união e da reconstrução.”

Nísia ainda endereçou “palavras de compromisso, de esperança ativa e de amizade ao governador e sua equipe”.

A ministra foi indagada pela coluna sobre a diferença fundamental de concepções do governo Lula, no confronto com o de Bolsonaro, na maneira de encarar o SUS e de conduzir o Ministério da Saúde. Sem titubear, ela respondeu, implicitamente, que a administração anterior não defendia e nem mesmo entendia o SUS:

“Este é um governo que claramente não só defende o SUS, mas que tem nos seus quadros pessoas que foram formadas pensando o SUS, ou com projetos para o seu fortalecimento, ou aprendendo com esses projetos. Então é um governo intrinsecamente ligado ao SUS, ao seu fortalecimento, e é um governo que entende o SUS como a grande inovação do Brasil do ponto de vista de levar cuidado e cidadania aos brasileiros.”

Entre esses profissionais forjados na defesa do SUS e agora integrados aos quadros do Ministério da Saúde, destacam-se dois médicos capixabas e um terceiro que, conquanto não seja capixaba, exerceu protagonismo na gestão da saúde pública estadual no governo passado de Casagrande.

Este último é o sanitarista Nésio Fernandes (PCdoB). Secretário de Estado da Saúde de 2019 a 2022, ele participou da equipe de transição de Lula na área e, desde janeiro, é secretário nacional de Atenção Primária à Saúde, no segundo escalão do Ministério da Saúde.

Os outros dois são o enfermeiro Luiz Carlos Reblin (PT), braço direito de Nésio na Sesa no governo passado de Casagrande como subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, e a enfermeira e epidemiologista Ethel Maciel, que, não tendo ocupado cargo na administração passada, atuou como uma conselheira assídua do governo Casagrande ao longo da pandemia. Agora eles são, respectivamente, superintendente estadual do Ministério da Saúde no Espírito Santo e secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério.

Por sinal, o aproveitamento de quadros médicos do Estado na alta burocracia do Ministério da Saúde sob Nísia é mais uma prova inconteste da proximidade agora estabelecida entre o governo Casagrande e o governo Lula na área.

Citando justamente esses três quadros, o próprio Casagrande fez questão de dizer que, no governo Lula, as portas do Ministério da Saúde estão escancaradas para o Espírito Santo:

“Já estive no Ministério da Saúde duas vezes tratando com a equipe da ministra, e o Ministério está totalmente aberto para nós, totalmente aberto. Obrigada, ministra, por você e sua equipe. Você já tem dois secretários lá que são capixabas, e o Ministério está integralmente aberto para que possamos fazer as parcerias”.

Ou seja, a ponte está desinterditada nos dois sentidos. E a terceira faixa acaba de ser inaugurada.

Enaltecimento do SUS

Casagrande, Nísia e Nésio fizeram coro no enaltecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). “É o maior programa de saúde do mundo. E a saúde pública é muito eficiente”, exaltou o governador. Nésio, por sua vez, afirmou que “o Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes que possui um sistema universal, público e gratuito de saúde”.

Contarato: Medicina em São Mateus

Um dos congressistas capixabas presentes à solenidade, o senador Fabiano Contarato (PT) discursou. Afirmou que a bancada federal do Espírito Santo está lutando em Brasília para que o MEC autorize o funcionamento do curso de graduação em Medicina da Ufes no campus de São Mateus.

Hospital Geral de Cariacica

Nísia citou ações prioritárias planejadas pelo Ministério da Saúde para o Espírito Santo, com destaque para a conclusão do Hospital Geral de Cariacica, incluído no novo Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), anunciado pelo governo Lula no mês passado:

“Em atendimento à orientação do governo do presidente Lula e nossa visão no Ministério da Saúde, o PAC fez uma escuta a todos os governadores e governadoras de uma maneira republicana, sem distinção de partidos. No caso do Espírito Santo, o Hospital Geral de Cariacica vai compor o nosso plano do PAC na área de saúde, a partir da demanda apontada pelo governador.”

Ela listou, ainda, o fortalecimento da radioterapia no Hospital Geral São José em Colatina e também no Hospital Rio Doce, investimentos em unidades básicas de saúde e a ampliação da capacidade do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), “tão importante no enfrentamento à pandemia”.

Casagrande, por seu turno, destacou o hospital em construção em São Mateus.