Coluna Inovação
Trabalhar junto ainda importa para inovar
Embora cidadão do mundo digital, Steve Jobs era um entusiasta de encontros ao vivo e da sinergia do imenso parque tecnológico em volta da Universidade de Stanford: “Existe uma tentação em nossa era digital de pensar que as ideias podem ser desenvolvidas por email. Loucura. A criatividade vem de encontros espontâneos, de conversas aleatórias. A gente encontra alguém por acaso, pergunta o que anda fazendo, diz uau e logo começa a borbulhar todo tipo de ideia.”
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Esses lampejos de criatividade acontecem em ambientes de inovação como parques ou incubadoras, mas também dentro das empresas, no cafezinho, no happy hour ou mesmo na interação diária numa sala de trabalho.
A pandemia criou o ambiente favorável ao trabalho remoto em muitas áreas, mas principalmente no setor de tecnologia da informação onde o trabalho normalmente fica concentrado em uma tela de computador que, em tese, poderia estar em qualquer lugar.
Mas será que trabalho remoto é o mais eficaz para a produtividade e para a inovação?
Fala Mark Zuckerberg, da Meta: “Em nossa análise inicial, que vai demandar ainda mais estudos, percebemos que tanto engenheiros que começaram a trabalhar conosco de maneira presencial e depois foram para o modelo remoto quanto os que se mantiveram no escritório tiveram melhores performances em relação aos que iniciaram a jornada de maneira remota”.
Essa mudança para mais trabalho presencial, visando produtividade, não é peculiaridade só da Meta. Após concluir a compra do Twitter, Elon Musk aboliu o trabalho remoto, obrigando os funcionários – que restaram após a onda de demissões – a estarem presentes nas respectivas sedes – seja da rede social ou da Tesla . No comunicado aos funcionários, ele teria dito que o home office já não é mais aceitável.
Um reflexo desse movimento contrário ao home office pode ser visto nas vagas para trabalho remoto no mercado. Dados recentes do LinkedIn, mostram que as ofertas de emprego em home office estão sendo reduzidas. Em fevereiro de 2022, 40% dos anúncios publicados na plataforma eram na modalidade remota. No mesmo período deste ano, a proporção caiu para 25%.
O interesse dos profissionais, no entanto, não tem desacelerado na mesma medida, o que acaba provocando uma queda de braço entre empregador e empregado. Um levantamento da empresa de recrutamento Robert Half mostra que 57% dos profissionais empregados estão dispostos a procurar um novo trabalho caso a empresa opte pelo retorno 100% presencial.
Trabalhar em um escritório ajuda a impulsionar a inovação e a criatividade?
A pesquisa do professor de economia do MIT, David Atkin, indica que sim.
Usando dados de geolocalização de celulares, mapas de edifícios do Vale do Silício e registros de patentes, Atkin e seus coautores descobriram que as reuniões cara a cara aumentaram significativamente as citações de patentes entre empresas, que os pesquisadores usaram como “um proxy observável para fluxos de conhecimento. ”
Os autores foram capazes de prever que:
A eliminação de um quarto das reuniões presenciais no Vale do Silício reduziria o número de citações de patentes em aproximadamente 8,0%.
Se 25% dos funcionários de escritório da amostra trabalhassem em casa em vez de no escritório, as reuniões presenciais cairiam 17,0% e as citações de patentes cairiam 5,2%.
Se metade dos funcionários de escritório da amostra trabalhasse em casa, as reuniões presenciais cairiam 35,1% e as citações, 11,8%.
Falta convencer os profissionais que podem trabalhar contratados em dólar por empresas do exterior, ou os que melhoraram a relação entre vida pessoal e profissional, ou os que poupam muito tempo de transporte para o trabalho.
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