Coluna Inovação
Coluna Inovação | O turismo inovador através dos tempos
De Bernard Sadow às IAs generativas, a inovação do turismo transformou malas em ‘carrinhos’, mapas em pixels e agentes de viagem em algoritmos

A inovação do turismo redefine como exploramos o mundo. Foto: gerado por IA
Mala sem alça é sinônimo de algo ou alguém chato para carregar. As malas de viagem, embora com alças, eram chatas para carregar até que, em 1970, Bernard D. Sadow mudou tudo. Ele voltava de férias na ilha caribenha de Aruba com a sua família e percebeu a dificuldade que carregar as malas gerava. Ao ver um empregado do aeroporto empurrando um carrinho sem maiores dificuldades, teve a ideia de aplicar o princípio às bagagens. O então vice-presidente de uma fábrica de malas e casacos de Massachusetts instalou quatro rodinhas de um armário em uma mala: nascia a mala de viagem com rodinhas. Sadow batizou seu invento de rolling luggage, pediu a patente em 1970 e a recebeu dois anos depois. Por mais que as rodinhas facilitassem o transporte das malas de viagem, até então elas contavam apenas com uma alça pequena. O piloto da Northwestern Airlines Roberth Plath foi quem fez o ajuste final que tornou a bagagem o que é hoje. Plath era um entusiasta de modificações e adaptações de objetos. Em 1987, ele adicionou duas rodas e uma haste em uma mala de viagem. Era o nascimento do artigo como conhecemos hoje, a mala estilo carrinho.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Não há dúvida que isso facilitou a nossa vida de viajantes, mas tirou o emprego dos carregadores de mala dos aeroportos. Até a década de 1980 a área de retirada de malas do aeroporto de NY tinha pinos de ferro impedindo que os próprios viajantes empurrassem seus carrinhos com as malas. Era necessário contratar um carregador e o sindicato impedia mudanças. Até que a inovação da mala de rodinhas implodiu o sindicato.
Inovações sucessivas mudaram o turismo (e os empregos do setor) ao longo dos anos. Até a década de 1980 as passagens aéreas eram emitidas à mão, os lugares não eram marcados nos aviões, eram usuais as corridas nas pistas dos aeroportos para ver quem chegava primeiro. O GPS e depois a grande transformação da internet mudou tudo. Todo o turismo foi para a rede. E Steve Jobs colocou tudo na nossa mão. A Google colocou como seu propósito organizar as informações do mundo e está entregando. O Google Maps aposentou os mapas em papel. Não precisamos mais parar nos postos de gasolina para pedir informações e podemos visualizar o local para onde vamos com o Street View. O Waze usa os próprios motoristas para avisar que tem engarrafamentos à frente. Todos os hoteis estão na rede e os usuários comentam se gostaram ou não nos avisando das encrencas. Os cardápios dos restaurantes estão no Instagram com a foto dos pratos. Reserva de hoteis, restaurantes, trens, bikes, shows e o que mais quisermos estão nas telas. O Uber virou opção familiar em qualquer(ou quase) lugar do mundo. O Airbnb permite se hospedar como um local aumentando as opções de experiência. Podemos colocar um chip rastreador nas malas e saber onde estão.
Ficam alguns perrengues. Assentos de aviões cada vez mais apertados e caros, as lautas refeições da Varig substituídas pelas barrinhas de cereais e depois por saquinhos de polvilho sem gosto, aplicativos de localização levando turistas incautos para lugares perigosos, muitos aeroportos entupidos de gente – e caros.
As novidades, porém, continuam a aparecer. Podemos pedir ao ChatGPT para montar um roteiro de viagem dizendo local, número de pessoas adultas e crianças, pedindo sugestões de passeios e tudo mais que couber em um prompt. Mas ainda falta uma inteligência que está chegando. Depois do roteiro pronto pelo ChatGPT você tem que reservar cada etapa, o que dá um trabalho danado. A IA agêntica vem resolver isso depois da IA generativa. Você poderá usar um agente de IA para executar e pagar as reservas em seu nome e não apenas para montar o roteiro. E lá se vão os empregos dos agentes de viagem.
Depois disso, só se um robô humanoide puxar a sua mala de rodinhas. Quem sabe?
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.
